Na história da Terra, existem alguns momentos e eventos que aceleram a evolução e a seleção natural das espécies. Estamos vivendo um desses momentos no sentido econômico e empresarial, em especial no Brasil e na engenharia.
Desabastecimento de insumos, aumento imprevisível e extraordinário dos preços, elevação da inadimplência, insegurança jurídica, descumprimento de contratos e leis, entre outros elementos, formam um conjunto para as empresas de engenharia, comparável, mutatis mutandis, ao ELE (extinction level event – evento de extinção) do fim da era cretácea.
O ineditismo da crise nos faz traçar diversos cenários e trabalhar com muitas hipóteses. Não é uma matriz de riscos.
É um conjunto de incertezas.
A notícia boa é que o empresário brasileiro está acostumado a trabalhar gerindo o caos e o imponderável. Esse
aprendizado na prática, para quem consegue sobreviver às muitas adversidades, forja homens fortes e empreendedores versáteis. Pela teoria da evolução, quem sobrevive não são os maiores ou mais fortes, mas aqueles que mais rápido se adaptam às transformações do meio.
Nesse sentido, os insetos nos dão uma aula de persistência, adaptação e sobrevivência. Não são belos, grandes, fortes
e admirados como os dinossauros, mas sobreviveram, sobrevivem e, em quantidade e variedade, dominam o planeta.
A perspectiva é otimista para o setor se conseguirmos contornar rapidamente as adversidades momentâneas e quebrar alguns paradigmas antigos. Não podemos deixar de tentar e muito menos desistir.
A engenharia é o caminho principal para a saída da crise, porque movimentamos uma cadeia de abastecimento imensa, desde as padarias das esquinas até as grandes siderúrgicas, somos intensivos na utilização de mão de obra,
geramos empregos rapidamente e, mais importante ainda, empregamos a base da pirâmide social, as pessoas com menos oportunidades, que mais precisam e foram afetadas pela crise.
Além disso tudo, o capital externo está ávido por investimentos de longo prazo em saneamento e infraestrutura.
Esse conjunto é imbatível para posicionar o nosso setor como um dos mais relevantes na retomada econômica e no
desenvolvimento brasileiro nos próximos anos.
Precisamos, tão somente, de regras claras e imutáveis, de respeito às leis e aos contratos, de políticas de estado e não
de governo, de órgãos de fiscalização, de controle e de persecução que cumpram as suas funções com perícia e prudência, de sermos ouvidos nas mudanças estruturantes. O restante, engenharemos as soluções.
Somente com uma engenharia nacional empoderada construiremos uma nação forte e competitiva, com mais oportunidades e menos desigualdades, tal qual almejamos.
*Vinicius Benevides, diretor operacional da Dimensional Engenharia