Integrante do Consórcio Atlântico-Pacífico de Panamá, um dos quatro pré-qualificados pela Autoridade do Canal do Panamá para participar da licitação para construir as novas eclusas – obra que deve durar pelo menos 7 anos e meio – a Construtora Queiroz Galvão já analisa os obstáculos que deve superar se o consórcio for vencedor. “Esta obra é considerada um marco da engenharia internacional, assim como o canal de Suez, Itaipu e o túnel sob o canal da Mancha, entre outras. O maior desafio da empresa nesta obra será compatibilizar as diversas culturas empresariais, já que companhias de países como França, Alemanha, Estados Unidos, China, Holanda e Panamá integram o grupo”, afirma Malthus Soares, diretor da área internacional da Queiroz Galvão.
Na avaliação de Maurício Mariani e Aloísio Machado, respectivamente diretor e assessor comercial da área internacional, a logística adotada será outro obstáculo, uma vez que o Panamá é um país pequeno, e o montante de recursos envolvidos na construção das novas eclusas revela-se uma operação sem precedentes na região.
Mas, a Queiroz Galvão tem muita experiência internacional. Atualmente ela executa obras rodoviárias no programa da reconstrução da infra-estrutura angolana. Ela acredita que outros 130 km de novas estradas poderão ser conquistados em 2008, “o que deve proporcionar um crescimento no mínimo de 20% nessa área de atuação”, informa José Diniz Filho, diretor da empresa naquele país.
A Queiroz Galvão constrói a auto-estrada periférica de Luanda e a reabilitação da estrada Desvio da Munenga/Quibala – um trecho de 93,1 km em uma área que tem tudo para ser uma das principais atrações turísticas angolanas e que pertence à rodovia Nacional 120. A auto-estrada, a primeira com características internacionais no país, terá duas faixas de circulação em cada sentido, divididas por um canteiro central com 20 m de largura, ligando na fase inicial as cidades de Viana e Cacuaco. Ela cruzará a região denominada “cinturão da zona de desenvolvimento”, onde está sendo criado o pólo industrial de Luanda. Essas obras deverão ser concluídas no prazo de 12 meses.
No Peru, dois importantes trabalhos são desenvolvidos pela construtora brasileira. Um deles é a construção do trecho 4 da rodovia Interoceânica do Sul, que atravessará áreas do Peru na fronteira com o Brasil e até o Oceano Pacífico. Denominado de trecho Azángaro-Puente Inambari, teve as obras iniciadas em 2006 e deve estar concluído em quatro anos. São 306 km de extensão desde Azángaro, capital da província de mesmo nome, no altiplano andino, até Puente Inambari, na Amazônia peruana.
De acordo com Malthus Soares, cerca de 900 trabalhadores e uma experiente equipe de engenheiros brasileiros e peruanos trabalham no primeiro setor do trecho – Azángaro-Macusani. “Esta região é crucial para os ramais sul do corredor, já que une a Amazônia às altas montanhas andinas e o altiplano, três zonas que representam um grande desafio de engenharia”, explica. A rodovia faz parte do Eixo Viário Iñapari-Portos Marítimos do Sul, que está incluído no projeto Corredor Viário Interoceânico Sul. A Queiroz Galvão participa da obra como integrante do consórcio Intersur Concesiones S.A., que administrará a rodovia por 25 anos.
O segundo projeto em execução por ela no Peru refere-se ao contrato assinado em junho deste ano para a reabilitação e melhoramento da rodovia Tingo-Maria-Aguytia – trecho Puente Pumahuasi-Puente Chino – com 36,3 km de extensão, a serem executados em 18 meses, com financiamento do governo peruano.
Hidrelétrica e corredor oceânico
No Chile, a Queiroz Galvão participa do consórcio formado pelas empresas Pacific Hydro e SN Power para construção da Central Hidrelétrica La Higuera. A obra – no modelo EPC – é uma planta elétrica de 155 MW, com captação em três tomadas d´água, 18 km de túnel na Cordilheira, conduto forçado em aço com 700 m, casa de força, linha de transmissão, subestações, construções permanentes, instalações e equipamentos correlatos, para que a central hidrelétrica seja incorporada ao Sistema Interconectado Central. O projeto tem previsão de conclusão em 2009.
Na Bolívia, o grupo Queiroz Galvão coordena a construção da estrada Tarija-Potosí, que integra o corredor bioceânico, que permitirá à Bolívia ter ligação com o Oceano Pacífico. “Vales, desertos, ravinas e montanhas de até 6 mil m de altura formam a paisagem do trecho serpenteado pela estrada, que ligará o norte ao sul do país, com 433 km de extensão”, informa Petrônio Braz Júnior, diretor de Operações da área internacional. Segundo ele, o projeto foi viabilizado pelo Programa de Financiamento às Exportações (Proex), do governo brasileiro, e pela Corporação Andina de Fomento (CAF).
Fonte: Estadão