Departamentos de Transportes nos EUA adotam tecnologia como aliada

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Os Departamentos de Transportes norte-americanos (DOTs) vivem realidades diferentes, mas buscam a tecnologia da informação para avançar em seus projetos. Três profissionais que estiveram, a convite da Bentley, no II Workshop de Gestão de Obras, promovido mês passado (abril) pela revista O Empreiteiro, em São Paulo (SP), relataram experiências com TI em três desses órgãos. A prática pode ser bom exemplo aos Departamentos de Estradas de Rodagens (DER) estaduais do Brasil que atuam de forma semelhante aos DOTs.
 

O DOT de Michigan, um dos mais avançados em TI no País, usa largamente a metodologia BIM (Building Information Modeling) em suas iniciativas. De acordo com Daniel Belcher, gerente de projetos do órgão, a medida é essencial para se projetar, construir e operar as estradas com alta performance.

“O cidadão tem cobrado cada vez mais qualidade nas estradas. Usamos todos os sistemas possíveis, de GPS para acompanhar o tráfego até soluções tecnológicas de projetos, desde a concepção a operação da rodovia”, explica Daniel. “Trabalhar conosco requer alta compatibilidade tecnológica”. O orçamento anual do órgão ultrapassa US$ 2 bilhões.

Já o DOT de Montana, com orçamento bem mais enxuto, tem longo histórico em desenvolver seu próprio software. Mas isso se tornou um problema hoje. “Nós não temos expertise o suficiente para melhorar. Temos um robusto arquivo de documentos, por exemplo. Para atualizá-lo tem sido uma nova experiência”, conta Michael Dyrdahl, representante do órgão.

O orçamento anual do DOT de Montana é de US$ 360 milhões, dinheiro usado para fazer funcionar o departamento e tocar os projetos. Montana tem recursos baixos por três motivos: a população do estado é pequena (cerca de 1 milhão de pessoas); não há muitos congestionamentos locais; e a extensão da malha rodoviária é pequena em relação ao resto do País. Esses itens são determinantes para o governo federal fazer repasse de recursos – eles giram em torno de 90% do orçamento total do DOT.

Recentemente, o governo local colocou US$ 6 milhões para melhoria da infraestrutura tecnológica do departamento. O DOT de Montana ainda utiliza tecnologia 2D em seus projetos. “Queremos compartilhar mais informações e não apenas implementar 3D. O nosso grande desafio de implementação de TI no DOT é ainda a cultura do uso do papel. Temos um projeto de 5 anos que começou agora para mudar esse quadro”, explica.

A Highway Engineering Exchange Program (HEEP) é uma aliada na melhoria do desempenho dos DOTs nos Estados Unidos. Trata-se de uma organização internacional que promove troca de informação sobre engenharia de estradas e pontes entre seus membros.  A entidade tem foco na educação, principalmente de processos utilizando as ferramentas de TI, e realiza vários programas, principalmente para futuros e novos engenheiros, com objetivo de oferecer conhecimento aos profissionais.

“Tecnologia dá mais eficiência. É um desafio nosso preparar a mão de obra para os DOTs”, conta Denise Reis, vice-presidente da HEEP e que pertence aos quadros do DOT da Pensilvânia.

O grupo tenta trazer a associação para o Brasil. Em abril, eles mostraram a proposta a brasileiros na visita que fizeram ao País. “Há muitos softwares e procedimentos semelhantes entre ambos países”, afirma ela. Denise chegou a propor durante o II Workshop iniciativa de cooperação a Rubens Cahim, assessor de relações institucionais do DER-SP e ex-diretor de planejamento do órgão – o executivo é também diretor da associação brasileira que congrega os DERs.

A HEEP foi criada nos Estados Unidos em 1956. Até recentemente, já havia desenvolvido mais de 400 atividades. A entidade tem atuação nos Estados Unidos e Europa (principalmente no Leste Europeu).

De acordo com a especialista em tecnologia, “não somente queremos ajudar o Brasil nas dificuldades, mas também trocar experiências e informaçõesEssa via de duas mãos é importante”.

O DOT da Pensilvânia sofreu problema de atraso de infraestrutura de TI, como conta Denise. “Ficamos 10 anos estacionados e nos últimos 4 anos passamos a utilizar o Projectwise (suíte tecnológica da Bentley focada em colaboração de projetos). O resultado foi surpreendente”, relata. Nos Estados Unidos, 47 dos 51 DOTs utilizam soluções da Bentley.

Embora pouco conhecido na área governamental, o Projectwise é familiar para as grandes construtoras do País, como a Camargo Corrêa. Segundo Fábio Almeida, coordenador de sistemas da empresa, ele tem sido uma ferramenta importante de sustentação de processos.

A construtora aplica Projectwise em suas obras, como na hidrelétrica de Jirau, Refinaria Abreu Lima, Linha 4 do Metrô de São Paulo, ampliação do porto Ponta da Madeira, dentre outras. 

De acordo com João Ferreira, business developer para a América Latina da Bentley, 30% dos megaprojetos no mundo são um sucesso, mas 70% têm problemas que precisam de correção. “É dentro dessa premissa que trabalhamos para avançar com soluções tecnológicas”, afirma. “As falhas em integração de equipes são um dos maiores problemas e nisso a tecnologia já oferece soluções bastante adequadas”.

Fonte: Revista O Empreiteiro


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