A Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa de economia mista que tem o Governo do Estado de São Paulo como seu principal acionista, dificilmente começará algum novo empreendimento no ano que vem. “Nossa prioridade será manter as atuais obras em curso e cumprir os cronogramas propostos”, pontua o diretor presidente da Dersa, Laurence Casagrande Lourenço.
Para este ano, Lourenço pretende entregar a primeira das três etapas previstas no projeto da rodovia dos Contornos na Tamoios. Em 2017, será a vez de a segunda etapa ser liberada e, em 2018, a rodovia que contornará as cidades de Caraguatatuba e São Sebastião estará completa. O presidente da Dersa também garante para 2017 a inauguração do último trecho de 43,9 km do Rodoanel Norte, que fechará, assim, os 176 km totais do anel viário que desviará o tráfego pesado das zonas urbanas do Município de São Paulo.
Lourenço avisa que, somente após a conclusão do Rodoanel, em 2017, a Dersa terá fôlego para assumir novos empreendimentos. Ele diz que os grandes projetos serão apenas os feitos por intermédio de concessões ou parcerias público-privadas. “Para o Estado empreendedor, 2016 não será um bom ano para iniciar grandes projetos; nem para a Dersa nem para outras esferas do poder público brasileiro”, sentencia.
O presidente da Dersa destaca ainda que, desde 2014, a empresa mudou seu objeto social e deixou de atuar exclusivamente no segmento rodoviário. “Passamos a ser uma empresa de infraestrutura latu sensu”, define. Ele conta que a Dersa começou a se aventurar por outras modalidades de transporte em que não estava presente, como a de aeroportos. “Temos hoje um contrato de ampliação do Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, junto com o Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo.
A Dersa, que há 25 anos é responsável no Estado de São Paulo pelas travessias litorâneas, também começa a atuar no setor ferroviário. O presidente conta que a empresa possui um termo de cooperação, firmado com o governo federal, para o projeto do futuro Ferroanel Norte, ramal ferroviário de 52 km que ligará a Estação de Manoel Feio, em Itaquaquecetuba, região metropolitana de São Paulo, até a Estação de Perus, na periferia da capital. “A Dersa era uma empresa do asfalto e do pneu. Agora também é da asa e do trilho”, define o presidente.
Impacto
A Operação Lava-Jato, da Polícia Federal trouxe impacto para todo o setor de construção e infraestrutura, afirma o diretor presidente da Dersa. O que era impensável até 2013, segundo Lourenço, aconteceu em 2014 e no ano passado. Construtoras passaram a enfrentar dificuldades para levantar capital de giro.
“Elas vinham de um momento de muita pujança, carregadas de contratos e com muitos investimentos em infraestrutura sendo realizados pelo governo”, lembra. A partir dos desdobramentos da operação que deflagrou a prisão de vários dirigentes de importantes construtoras, Lourenço conta que muitas empreiteiras perderam contratos, e o crédito passou a ficar mais restritivo, além da desconfiança dos seus fornecedores, que também reduziram prazos e crédito.
Lourenço disse que a Dersa enfrentou problemas no começo de 2015 no Lote 1 do Rodoanel Norte, por conta de empresas envolvidas nas investigações sobre a Petrobras. “A obra quase ficou paralisada entre o Natal (de 2014) e o Carnaval (de 2015)”, destacou. A Dersa iniciou até um processo de rescisão contratual com o consórcio Mendes Jr. – Isolux Corsan, que não foi adiante. “O consórcio se reorganizou e conseguiu reassumir a obra”, disse. Segundo ele, o prazo para entrega do Rodoanel Norte foi repactuado e está com o cronograma em dia.
Ele manifesta preocupação também com as obras dos Lotes 2 e 3 do Rodoanel Norte, que tem a OAS como uma das responsáveis pela construção desses trechos. A empreiteira está em processo de recuperação judicial e, segundo Lourenço, “em que pesem as obras daqueles trechos avançarem com relativo sucesso, não deixa de ser um motivo de preocupação”. No entanto, reconhece que a crise afeta todo o setor de construção, independentemente de envolvimento nas investigações.
DERSA – INVESTIMENTOS POR EMPREENDIMENTO |
||
Rodoanel |
R$ 6,9 bi |
Em andamento |
Tamoios Contornos |
R$ 3,1 bi |
Em andamento |
Tamoios Planalto |
R$ 1,05 bi |
Concluído |
Terminal Itaquera |
680 mi |
Concluído |
Fonte: Revista O Empreiteiro