Arquitetos e engenheiros de braços dados no desenvolvimento urbano

A expansão das cidades brasileiras, em especial São Paulo e Rio de Janeiro, criando o que Jorge Wilheim chamaria anos depois de macrometrópoles, determinou, num primeiro momento, a evolução de técnicas construtivas e do emprego de materiais para as edificações. Arquitetura e engenharia entrelaçam-se em empreendimentos que vão definindo estilos e contribuindo para pesquisas nessas áreas. Em São Paulo, o escritório de Ramos de Azevedo, mais tarde Severo e Villares, contribuiu muito no desenho das edificações e nas mudanças da fisionomia urbana.

Com as soluções viárias para acomodar o trânsito em aumento contínuo, foram planejados novas avenidas e viadutos, impondo a necessidade de inovações do ponto de resistência dos materiais empregados. É a partir daí que o antigo Gabinete da Resistência dos Materiais da Politécnica transforma-se no laboratório de ensaios de materiais, nas mãos de Ary Frederico Torres, pontuando os primeiros passos para a criação do IPT. Mais tarde, nesse instituto, seriam criadas duas seções dirigidas para a construção civil: a de Verificação de Estruturas, dirigida por Telêmaco Hipólito de Macedo van Longendonk, e a de Solos e Fundações, sob a responsabilidade de Odair Grillo.

A Pauliceia muda de fisionomia. Já não é a mesma da época em que o prédio Martinelli constituía a sua atração principal, do ponto de vista da engenharia. O mesmo ocorria no Rio de Janeiro, onde o Edifício A Noite, na praça Mauá, projetado e calculado por Emílio Baumgart, passava a constituir apenas uma referência histórica. Outros vetores de desenvolvimento urbano e outras construções já predominavam nas duas metrópoles.

Em meados da década de 1950 veio o advento da construção de Brasília, que seria inaugurada em abril de 1960. Encravada no Planalto Central, ele passaria a constituir a referência maior, em termos de planejamento urbano e de arquitetura. O trabalho de Lúcio Costa e de Oscar Niemeyer, e do calculista Joaquim Cardoso, dando forma e cor ao sonho do presidente Juscelino Kubitschek.

No decorrer dos anos 1960 seria construído, em São Paulo, o Edifício Itália, com cálculo estrutural elaborado pelo escritório de Nelson de Barros Camargo e Waldemar Tietz. Mais tarde outros edifícios alterariam a face da área central. E a arquitetura das instituições bancárias, que vivia confinado no chamado Centro Velho, começou a migrar para o espigão da avenida Paulista, onde surgiriam depois os edifícios do Bamerindus, Citibank, Safra, Real e outros mais, expressando a influência das instituições financeiras. No conjunto de obras que se espalharia pela Paulista, o prédio do Museu de Arte de São Paulo (Masp), projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, ficaria como uma marca, sem retoque, de uma arquitetura que chegara para desafiar os tempos.

Outros ícones arquitetônicos ficariam também como referências pela cidade, expondo os trabalhos de Vilanova Artigas, Fábio Penteado, Paulo Mendes da Rocha, Eduardo Kneese de Mello e outros arquitetos.

No Rio de Janeiro, o antigo e o moderno, que vinham disputando espaço lado a lado, abririam uma clareira para a arquitetura e o urbanismo, com a construção dos edifícios que abrigariam o antigo BNH e a sede da Petrobras e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Nas duas cidades e em outras capitais, sobretudo em Belo Horizonte, as estruturas de concreto armado deixariam espaço também para as modernas edificações construídas com estruturas metálicas.

Fonte: Revista O Empreiteiro

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