Não, ela não anda. Eventualmente vai aos tropeços, capengando, acaso movida pela força da inércia. Falta-lhe um planejamento unificado e, mais do que isso, falta-lhe o incentivo de uma gestão competente.
Há, naturalmente, as exceções. Mas estas, no raciocínio do velho Machado, apenas confirmam as regras. E dizem respeito àquelas providências que têm chegado com décadas de atraso. Veja-se o exemplo dos aeroportos e dos portos. As distorções são muitas e, as correções, tardiamente insatisfatórias. O que explica a acumulação dos transtornos de toda ordem.
Quem recentemente explicou ou procurou explicar porque isso acontece, foi o coordenador de infraestrutura econômica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Álvares da Silva Campos, durante o evento InfraBrasil, realizado aqui em São Paulo.
Indagado sobre o porquê dos entraves que vêm obstaculizando o crescimento de nossa infraestrutura, ele não se fez de rogado, para dar uma resposta curta e grossa. Disse que, hoje, esses entraves não podem mais ser atribuídos à carência de recursos financeiros. Há dinheiro, sim, rondando por aí. Mas, se há dinheiro, onde é que a coisa pega?
Pega em outras áreas. E ele enumerou: o problema está nos projetos mal ajambrados, nos contratos mal feitos, na burocracia que retarda a liberação das licenças ambientais e na frequência com que acontecem as mudanças regulatórias. Contudo, a questão posta pelo coordenador não pode ser observada apenas pelo ângulo simplista da superficialidade. Há outras coisas que ele não disse, mas que merecem análise cuidadosa.
Por que há projetos mal elaborados? Acaso os contratantes mobilizam os projetistas num horizonte de tempo suficiente para que eles desenvolvam os seus trabalhos? Alguns projetistas sequer têm tempo de sair da prancheta ou da mesa do computador para observações in loco dos sítios onde as obras, objeto dos projetos, deverão ser realizadas. E, se os contratos são mal feitos, isso invariavelmente se deve aos editais redigidos de afogadilho.
Quanto à burocracia para licenciamento, o problema tem sido apontado todos os anos, todos os dias, talvez a todo momento. Todas essas questões, incluindo as mudanças regulatórias frequentes, esbarram no terreno instável da incompetência da gestão. Seguindo por aí, não haverá rota de fuga.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira