Empresários vêem com pessimismo 1° trimestre.

Os empresários que estiveram na quarta-feira com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, traçaram um cenário preocupante para o primeiro trimestre e defenderam, com ênfase, a necessidade, urgente, de redução de impostos sobre os investimentos. “O Brasil é o único país do mundo que taxa investimento, o crédito e exporta impostos”, afirmaram os empresários, segundo um dos participantes. Mantega queria sentir o pulso do setor produtivo e recebeu como resposta um quadro pessimista para o curto prazo.

O risco de o País entrar em recessão neste início de ano deu o tom das discussões, principalmente porque na véspera havia sido divulgada a queda de 5,2% na produção industrial em novembro. Reforçando a preocupação, ontem a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que a produção de carros continuou a cair dezembro, com uma retração de 47,1% em comparação com novembro.
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O governo, no entanto, considera que ainda é prematuro prever que ao final do primeiro trimestre o país estará em recessão e, como prometeu Mantega, continuará adotando medidas para estimular a economia.

O grupo de empresários vai reunir-se mensalmente com a equipe econômica. “Na prática, o objetivo é atenuar os efeitos da crise e fazer a travessia do primeiro trimestre da forma mais indolor possível”, resumiu um dos presentes.

Sem adiantar detalhes, o ministro disse que o governo vai cortar mais impostos. Os cortes, porém, serão seletivos, já que a arrecadação tende a cair reduzindo a margem para desonerações mais fortes como defendem os empresários. Uma medida em estudo é corte do imposto sobre produtos industrializados (IPI) incidente sobre material de construção e sobre a fabricação de máquinas. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), por exemplo, quer a suspensão, por seis meses, da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PIS/Cofins sobre a venda de máquinas e equipamentos, o que permitiria reduzir em 13% no preço final dos produtos. Os tributos seriam pagos posteriormente, em 24 meses, sem correção.

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Em troca, o setor se comprometeria a não demitir no período.

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Mantega não disse nem sim nem não.

O que está praticamente certo é a adoção de um pacote de estímulo à construção civil.

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“Mas não acredito que seja para já.

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” Está pronto um plano para construir e financiar moradias para famílias com renda de até cinco salários mínimos. Mas esse plano está sendo redimensionado, segundo uma fonte da área econômica, pois foi desenhado antes do agravamento da crise.

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Crédito

O maior problema, neste momento, é a questão do spread bancário, a taxa que os bancos embutem nos financiamentos que encarem o crédito. O BC quer enfrentá-lo por meio da concessão de linha de crédito que poderá ser tomada por qualquer banco autorizado a operar com no mercado de câmbio, seja instituição oficial ou privada. O BC aposta que o spread cairá no momento em que as empresas conseguirem financiar seus compromissos no exterior, reduzindo fortemente a pressão que hoje exercem na busca de recursos no mercado interno. Como os bancos oficiais participarão dessa operação, a expectativa é que no momento seguinte promovam uma nova rodada de redução do spread.

A reação do presidente do Bradesco e diretor da federação dos bancos (Febraban), Márcio Cypriano, que defendeu a queda da Selic, foi considerada por fontes do governo como uma tentativa de desviar o foco da discussão: a necessidade de os bancos reduzirem os spreads. Meirelles, durante a reunião, reagiu exibindo um gráfico que mostra o descolamento entre os spreads e juros de 360 dias. Ou seja, enquanto a Selic se manteve inalterada em 13,75% o spread aumentou.

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Fonte: Estadão

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