Encontro em BH debate oportunidades da Copa 2014

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Continuidade da parceria da Totvs com a revista O Empreiteiro reuniu lideranças setoriais da engenharia em Belo Horizonte para a discussão da Copa 2014 como passo importante no esforço em favor da infraestrutura brasileira

Empresários da engenharia e da construção veem a Copa de 2014 como uma motivação significativa para os investimentos necessários e, em consequência, o desenvolvimento de projetos e obras que evento internacional dessa natureza coloca como primeira prioridade.

Reunidos dia 18 de março último no Casear Bussiness Hotel, naquela capital, empresários e representantes da imprensa ouviram palestras e, em seguida, participaram dos debates que o tema vem suscitando. A abertura dos trabalhos foi feita por Rubens Manino Júnior, diretor de estratégia de segmento da Totvs, que falou da importância da construção para o crescimento da empresa, e por Joseph Young, diretor editorial da revista O Empreiteiro, que chamou a atenção para o momento favorável vivido hoje pelo País.

Alberto José Salum, presidente do Sindicato da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), lembrou a importância que eventos esportivos, como a Copa e a Olimpiada, vêm produzindo nos países que os têm sediado. Referiu-se à Olimpíada de 1976, em Montreal, Canadá, que abriu um leque de oportunidades para o país, embora ainda haja quem reclame da forma como os investimentos foram ali aplicados.

Da mesma forma, mencionou os jogos olímpicos de Barcelona, em 1992. Disse que a Olimpíada provocou um amplo movimento em favor da revitalização urbana daquela cidade espanhola e destacou que o mesmo pode ocorrer em cidades brasileiras, em razão da Copa de 2014.

Segundo ele, os investimentos que deverão ser colocados para obras de infraestrutura, no País, somam R$ 800 bilhões, em cinco anos. Desse total, R$ 2 bilhões devem ser empregados na construção do Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Além disso, a Pampulha e a Praça da Liberdade – desativada com a transferência da sede do governo mineiro para a Cidade Administrativa "Tancredo Neves" – precisam passar por um processo cuidadoso de revitalização. E falou das obras essenciais que a Federação Internacional de Futebol (Fifa) vem exigindo para colocar, em dia, os estádios Mineirão e da Independência.

Luiz Fernando Pires, presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Minas Gerais (Sinduscon-MG), enfocou o tema das carências da rede hoteleira. Disse que o programa ProCopa Turismo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), visa preparar a rede hoteleira do País para o aumento da demanda que a Copa 2014 provocará. A ideia do Banco, segundo ele, é induzir o comprometimento ambiental do setor, oferecendo condições mais favoráveis aos projetos que levem em conta a preocupação com a eficiência energética e a sustentabilidade ambiental.

Pelos dados que Luiz Fernando apresentou, há amplas condições, no programa, favoráveis ao incremento da rede hoteleira. Por exemplo: os prazos máximos de amortização, "inéditos para o setor", poderão chegar a até 12 anos para modernização de unidades existentes e até 18 anos para a construção de novas unidades.

Poderão contar com o benefício de ampliação do prazo de financiamento, aqueles empreendimentos que obtiverem certificação por entidade acreditada pelo Inmetro, no que diz respeito aos quesitos eficiência energética e/ou construção sustentável. Caso apresentem certificação de eficiência energética, os projetos de reforma, modernização e ampliação poderão ter o prazo estendido para até 10 anos.

Para a construção de novas unidades, o prazo poderá chegar a 15 anos. Já para obtenção do benefício máximo de prazo (12 e 18 anos respectivamente), os proponentes devem apresentar certificação de construção sustentável. O programa permitirá outros benefícios, incluindo operações diretas a partir de R$ 3 milhões. No geral, operações de até R$ 10 milhões são realizadas por meio de agentes financeiros.

Hoje, segundo Luiz Fernando Pires, a situação de leitos na rede hoteleira na Região Metropolitana de BH está assim: num raio de 100 km, 30 mil leitos; na Região Metropolitana, 13 mil e, na cidade de BH, 8 mil leitos. Atualmente há projetos para a construção de mais 6 mil leitos na Grande BH até 2014. A cidade de BH terá mais 15 grandes hotéis nos próximos três anos com capacidade de 3 mil a 3.500 leitos.

Atualmente, a Concreto Empreendimentos desenvolve três projetos de hotéis: o Pampulha Inn, na av. Antônio Carlos; o Betim Inn, na cidade de Betim e um resort cinco estrelas na estrada para Ouro preto.

A Paranasa e a Maia Empreendimentos constroem, com a rede Accor, o Ibis Savassi. O mesmo grupo vai lançar mais dois hotéis este ano e dois em 2011. Já a Rede Promenade lança, agora em abril, o Promade All Suits, em Lagoa Santa.

A Copa não é tudo

Maurício de Lana, presidente regional do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), disse considerar que a Copa "não é a razão principal de nosso trabalho". E explicou: "É uma motivação". Resumindo: por conta do evento, a cidade sede, seja BH ou outra objeto da Copa, acaba se tornando vitrina e, como tal, as carências de infraestrutura ficam evidenciadas.

Em seu entendimento, como a questão da infraestrutura brasileira ficou relegada ao esquecimento durante décadas, houve graves prejuízos para o País e também para as empresas de engenharia. De cinco anos para cá, segundo ele, ocorreram melhorias, "mas ainda estamos na metade do caminho da restauração de nossas empresas no que diz respeito à montagem de recursos humanos".

Ele disse que as grandes cidades brasileiras e suas respectivas regiões metropolitanas se encontram sufocadas e carecendo de muita intervenção para se tornarem viáveis. "Hoje, por causa da falta de intervenção na área do transporte, o cidadão tratou de adquirir automóvel. Fica pensando que vai mais rápido com
seu carro particular, quando, na verdade, vai devagar, quase parando".

O engenheiro Yuso Sato, diretor do Sinaenco-MG, fez uma ampla explanação sobre a situação da infraestrutura em cidades-sedes da Copa, em especial BH e salientou que as obras previstas não podem se limitar apenas aos estádios. Elas devem abranger a reestruturação urbana; a melhoria de acessibilidade e mobilidade; a solução dos pontos considerados críticos da mobilidade; as carências e os projetos para a infraestrutura hoteleira e a prioridade do planejamento, do projeto de engenharia e do gerenciamento das obras

Sato acha que a Copa precisa e deve deixar importante legado: instalações esportivas de padrão multiuso, no caso do estádio Mineirçao; soluções para transporte, energia, saneamento, segurança pública e saúde; sistema hoteleiro de padrão internacional para distintos eventos econômicos; instalações para as delegações que possam se hospedar em cidades-polo mais distantes de BH e planejamento para aqueles investimentos que acenem com sustentabilidade.,

Dentre algumas obras viárias prioritárias, que a prefeitura de BH já definiu como tal, se encontram as seguintes, segundo Sato: construção do viaduto Antônio Abrahão Caran; duplicação da av. Dom Pedro I; execução da cobertura em trecho do Ribeirão Arrudas; implantação da via 210 (interligando Contorno ao Distrito Industrial) e via 710 (ligando a av, dos Andrades a av. Cristiano Machado) e outras obras.

O Sinaenco-MG defende a implantação da expansão futura do Aeroporto dos Confins; a construção do Contorno Norte da Lagoa Santa, ligando a MG-424 a Serra do Cipó e Resort Reserva Real; a implantação da av. Metropoolitana (atual Contorno); a construção do Novo Corredor Metropolitano, dentre outras obras.

Ao final, os empresários presentes ao evento, consideraram que ele resultou em oportuna contribuição a ser encaminhada ao poder público.

Fonte: Estadão


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