Diante do colapso do fornecimento de energia por conta de incêndio em subestação e desligamento de LTs que abastecem Macapá e o estado de Amapá — escancarando a fragilidade da infraestrutura local onde nem a rede de água potável da capital tinha gerador de emergência — é saudável conhecer Eneva, uma geradora privada que captou com sucesso R$ 835 milhões, na sexta emissão recente de debêntures, para financiar obras de geração elétrica que vão dar maior segurança aos estados de Amazonas, Roraima, Maranhão e Ceará.
A Eneva sustenta modelo integrado de negocio conhecido como “da reserva de gás à linha de transmissão”, integrando geração térmica de energia e produção de gás natural em terra, com 2,8 GW de capacidade instalada (78% operacional), 27,7 bcm de reservas certificadas de gás natural – com previsão de receita fixa de R$ 2,9 bilhões em 2020. É o maior produtor privado de gás natural do País.
As principais usinas termelétricas a gás natural estão no Maranhão – Parnaíba I, 676 MW; Parnaíba II, 519 MW; Parnaíba III, 178 MW; Parnaíba IV, 56 MW, esta atrelada ao mercado livre; Parnaíba V, 385 MW, em obras, a ser acionada em 2021; e a usina VI, de 92 MW, prevista para operar em 2024. São seis térmicas com capacidade instalada de 1,9 GW e apenas O,5 GW em construção. As duas usinas a concluir representam CAPEX de R$1,8 bilhão.
As térmicas a carvão em operação são Pecem II, no Ceará, 365 MW; e no Maranhão, a Itaqui, 360 W. É na Bacia de Parnaíba (CE), que Eneva opera 10 campos de gás, 203 km de gasodutos, capacidade de produção de 8,4 MMm³/dia, com infraestrutura própria e dedicada de abastecimento. As reservas existentes são de 24 bcm. Já está em curso o 2º ciclo de exploração geológica num raio de 100 km, buscando novas reservas de gás, incluindo a aquisição de 6 blocos em região próxima.
Outro polo de gás da Eneva está na Bacia do Amazonas, onde fica o campo de Azulão, com 3,6 bcm de reservas certificadas e plano de desenvolvimento aprovado pela ANP. Ele vai possibilitar replicar este modelo de geração para Roraima, com a nova térmica Jaguatirica II a gás natural em Boa Vista substituindo finalmente a geração elétrica a óleo combustível. Terá 140 MW, em ciclo combinado, e deve entrar em serviço ainda em 2021.
No campo de Azulão no Amazonas, o gás será liquefeito para transporte rodoviário em tanques criogênicos, por 1.100 km, de Itacoatiara a Manaus, passando por Presidente Figueiredo até a tancagem da termelétrica. Ali o gás natural será regaseificado.
A instalação toda tem CAPEX de R$ 1,8 bilhão, 100% financiado por Sudam, Fundo Amazônia e Banco da Amazônia. Esse primeiro projeto deve facilitar que seja replicado na região, inclusive em escala menor, para aproveitar o potencial do campo de Azulão, onde pesquisas sísmicas para ampliar as reservas estão em curso.