Escavações iniciadas.data-alvo: 2014

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Conjunto de intervenções, que inclui a construção de duas novas eclusas, permitirá o incremento do volume de carga que passa pelo Canal, dos atuais 240 milhões t/ano para 600 milhões t/ano, até 2014, data prevista para conclusão das obras.

Ícone da engenharia moderna, o Canal do Panamá já começa exibir os primeiros sinais do seu programa de ampliação, orçado em US$ 5,2 bilhões, que tem como principal destaque a construção de duas novas eclusas – uma na entrada do oceano Pacífico e no lado do Atlântico, dotada de três câmeras de 55 m de largura por 427 m de comprimento e 18,3 m de profundidade. Até agora foram assinados três contatos de construção. Dois deles fazem parte das obras de escavação do Canal de Acesso do Pacífico, que se conectará com as novas eclusas.

O primeiro contrato de escavação seca, chamado CAP, consiste na remoção de 7.4 milhões m³ de material não classificado até janeiro de 2010 e foi assinado com a empresa panamenha Constructora Urbana S.A. O segundo, o CAP-1, está sendo executado pelo consórcio mexicano CILSA Minera-María, que removerá 7.5 milhões m³ até outubro de 2009. Já o terceiro contrato, CAP-2, prevê a dragagem da entrada do Pacífico e foi assinado pela empresa belga Dredging Internacional. A empreiteira compromete-se a fazer o alargamento do canal de navegação, que terá extensão de 225 m e profundidade de 15,5 m.

“Para estas obras, estamos utilizando equipamentos nunca antes vistos no Panamá. A empresa contratada, por exemplo, para o CAP 1, conta com duas frentes principais de escavação que utilizam as escavadeiras Terex RH 120E com um peso operativo de 284 t, além de quatro caminhões Caterpillar 777F por escavadeira”, explica o vice-presidente executivo de engenharia e administração de Programas da Autoridade do Canal do Panamá (ACP), Jorge L. Quijano. Segundo ele, esses caminhões têm 90,9 t de capacidade. A ACP é a responsável pela administração do Canal.

Para comprovar os números do empreendimento, o diretor da ACP destaca que tanto essas escavadeiras quanto os caminhões são equipamentos muito maiores do que aqueles utilizados em outros projetos de escavacão da entidade. Ele cita que, no caso do contrato CAP1, a produção havia excedido os 650 mil m³ em um mês. “É um valor muito superior às produções de contratos de escavações da ACP em um passado recente”, observa.

Já a empresa contratada para o CAP2 conta com quatro frentes de escavação e utiliza um escavador Terex RH 120E e quatro caminhões Caterpillar 785. Esses últimos têm maior capacidade do que os utilizados no CAP1, de 136 t. A empresa contratada do CAP 2 iniciou as escavações recentemente e tem atingido produções de mais de 380 mil m³, com planos de atingir produções mensais maiores até chegar a um máximo de 600 mil m³, até a próxima estação.

“O primeiro contrato de escavação seca têm 50% de avanço, enquanto o segundo apresenta um avanço de 7%. A escavação da entrada do Pacífico está em sua fase inicial e a empresa contratada está realizando medições topográficas e hidrográficas”, diz Quijano.

Ao todo, serão escavados, aproximadamente, 133 milhões de m3 de rocha e terra e as obras globais do Canal irão gerar, no pico das construções, algo em torno de 7 mil empregos diretos e cerca de 30 mil empregos indiretos. “Por lei, somente 10% da mão-de-obra trabalhadora na ampliação do Canal poderá se estrangeira”, afirma o vice-presidente executivo.

O cronograma deste ano prevê a continuidade dos contratos de escavação seca. Essas obras representam algo em torno de US$ 1,8 bilhão. O restante dos investimentos irão para contrato de construção do terceiro conjunto de eclusas. Em novembro do ano passado, foram abertas as licitações para pré-qualificações das empresas interessadas e em dezembro foram anunciados os consórcios pré-qualificados (veja quadro das empresas). Em outubro próximo essas empresas entregarão suas propostas e, no primeiro trimestre de 2009, a vencedora assinará o contrato. “Também estamos trabalhando junto com nosso assessor financeiro, a empresa Mizuho Corporate Bank, para a estruturação do financiamento da obra”, diz Quijano.

Engenharia financeira

No plano de ampliação do Canal do Panamá, esse financiamento viria, a princípio, do próprio Canal, que aumentará os pedágios em 3,5% ao ano. O valor fruto desse aumento se transformaria nos recursos para cobrir mais de 50% da obra. O restante viria de financiamentos externos.

Atualmente a receita operacional do Canal do Panamá representa cerca de 7% do PIB do país. “Uma vez que o Canal ampliado entre em operação, espera-se que entre 2015-2025, suas operações contribuam com mais 2%, anualmente, para o PIB do país. Para o ano de 2015, os aportes totais do Canal ao Tesouro Nacional triplicarão e para 2025, a expectativa é de que serão mais de oito vezes em relação aos valores de 2005”, afirma o vice-presidente executivo da ACP.

As obras deverão permitir que o volume de carga passe dos atuais 240 milhões de t/ano para 600 milhões de t/ano, até 2014, data prevista para conclusão das obras.

As atividades no Canal do Panamá são consideradas prioritárias para a economia do País. O objetivo, com as obras de expansão, é aumentar a competitividade do Canal que receberia, em sua rota, navios pós-panamax, com 49 m de largura e 365 m de comprimento, além de aumentar sua capacidade máxima de carga por ano, para atender à demanda por transporte dos grandes centros de produção e consumo do Noroeste da Ásia e da costa leste dos EUA.

Quijano destaca ainda que o Canal do Panamá é um motor de um conglomerado de atividades, integrado pelos portos, a Zona Livre de Cólon, a via férrea, os serviços de logística, entre outros. Esse conjunto de atividades representa cerca de 35% do PIB do Panamá. “A ampliação seguirá impulsionando essas atividades, dando, assim, um maior valor à rota do Panamá e convertendo o país em um centro de logística e transporte da América”, observa.

Histórico

Fundado em agosto de 1914, o Canal do Panamá foi considerado na época uma das mais importantes obras da engenharia, por vencer inúmeros desafios tais como escavar a Cordilheira Continental, construir a maior represa do mundo à época, projetar e construir seu sistema de eclusas e as gigantescas comportas.

Ele conta com 82 km de comprimento e uma diferença de 26 m entre os dois oceanos. Para superar esse desnível entre o Atlântico e o Pacífico, os navios são elevados e baixados em três grandes conjuntos de eclusas. Um navio demora de 8 a 10 horas
para atravessar todo o Canal.

Fonte: Estadão


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