Estádio do Pacaembu, o histórico da construção

Inaugurado pelo presidente Getúlio Vargas, no dia 27 de abril de 1940, o estádio é a história da pluralidade política e da força esportiva paulistana

Nildo Carlos Oliveira

 

Domício Pacheco, arquiteto da equipe do escritório Ramos de Azevedo, elaborou o projeto da obra, iniciada na gestão do então prefeito de São Paulo, Fábio da Silva Prado, em 1936. Mais tarde, já na administração Prestes Maia, ela recebeu algumas alterações. Coube à Companhia Severo & Villares tocar a construção, em terreno doado pela Companhia Urbanizadora City.
 

De origem inglesa e fundada na capital paulista, em 1912, com o nome de City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited, esta empresa vinha participando da urbanização da cidade, construindo bairros planejados, como o Jardim América, projetado pelos urbanistas ingleses Barry Parker e Raymund Unwin; o Pacaembu, Alto de Pinheiros e outros. Com a doação do terreno, ela pretendeu conquistar a simpatia do poder público municipal para os seus empreendimentos.

 

A história da construção do estádio municipal do Pacaembu é contada pelo professor de História João Fernando Ferreira, que também se dedica a pesquisas de temas ligados ao futebol e leciona na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).

 

O livro, A construção do Pacaembu, faz parte da coleção São Paulo no Bolso, uma iniciativa da Editora Paz e Terra, cuja ideia era apresentar flagrantes, trajetórias e experiências envolvendo personagens e obras realizadas, ao longo dos anos, na cidade de São Paulo.

 

Contudo, o autor não se restringe, nesse trabalho, a informações sobre o projeto e construção do estádio. Ele dá um quadro da época em que a obra foi concebida e segue além: mostra o processo da popularização do futebol na década de 1930; a inserção desse esporte de massa no ambiente urbano e no comportamento coletivo, além do papel do poder público, que o incentivou e adotou estratégias para apropriar-se de suas imensas possibilidades, a fim de explorá-las em favor dos seus interesses, sobretudo, políticos.

 

 

A obra, iniciada e inaugurada no apogeu do Estado Novo getulista, é um indicador de que o esporte, consolidando-se como atividade profissional, passava a ser encarado nas áreas oficiais, já naquela época, como instrumento de manipulação e de dominação.

 

O livro procura contrariar a tese de que o futebol fora introduzido em São Paulo por Charles Miller, na última década do século 19. Bate na tecla de que vários colégios paulistanos já vinham adotando esse esporte em seus currículos, muito antes disso, seguindo o exemplo de escolas da França, Inglaterra e Alemanha. E, nas terras de Piratininga, um dos sítios onde ele apressou a sua popularização foi na Várzea do Carmo, onde hoje se localiza o Parque Dom Pedro.

 

 O projeto do estádio, na administração Fábio Prado, previa a construção de duas arquibancadas laterais, portões, monumentos e muro ornamental. Essa concepção original foi alterada com a chegada de Prestes Maia à prefeitura, em 1938. Ele pediu que fossem adicionados no projeto o ginásio e a piscina e a urbanização do entorno, o que abrangia a construção de rampas laterais, onde hoje estão as ruas Desembargador Paulo Passaláqua e Itápolis. As arquibancadas foram projetadas em forma de U e a fachada principal foi construída com concreto e tijolos. Ao fundo do campo havia a concha acústica, depois demolida. Hoje, o estádio abriga também as instalações do Museu do Futebol.

 

Lições do Titanic

Ganhou nova edição o livro Lições do Titanic, do empresário Pedro C. Ribeiro. Editado pela Reino Editorial em 2011, com o apoio da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), a obra, que trata de riscos e crises, vem agora mais encorpada, trazendo fotos da época da construção e afundamento do navio, que o autor utiliza como metáfora. Ele mostra que, diferentemente do que aconteceu com o Titanic em 14 de abril de 1912, as crises (no caso, as crises brasileiras) tanto em projetos quanto em estratégias organizacionais podem ser evitadas. E explica como gerenciar, planejar, identificar, monitorar e controlar as possibilidades de naufrágio. Um livro que aponta os botes salva-vidas

 

Fonte: Revista O Empreiteiro

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