Estradas reformadas, mas nem tanto

Estamos diante de fatos. A reportagem de um jornal percorreu algumas estradas vicinais, anteriormente auditadas pelo Tribunal de Contas do Estado (Estado de São Paulo), e constatou: elas haviam sido reformadas há um ano, talvez um pouco mais, e já estavam impraticáveis, para não dizer, imprestáveis.

E, no entanto, as empresas que realizaram as reformas, talvez atuando a exemplo daquelas que participaram da chamada Operação Tapa-Buracos desenvolvida, há algum tempo, pelo governo federal, embolsaram o dinheiro contratado e estão por aí, lépidas e opíparas, atrás de outras estradas para "recuperar".

É possível que a culpa não seja unicamente delas. Há vários componentes a serem examinados. A questão do gerenciamento das obras, por exemplo. A seleção inadequada dos materiais. A falta de fiscalização do excesso de peso dos caminhões que passam por elas e vão afundando o pavimento.

Ocorre que os defeitos identificados nas auditorias foram demais. Cerca de 70% das estradas analisadas apresentavam determinado tipo de deficiência. Seria deficiência para ninguém botar defeito. No fundo, vamos dizer com todas as letras: o que ocorreu com elas foi alguma coisa escandalosa. Não chegaria a dizer que houve falta de vergonha, porque não gostaria de incidir em palavras de mau gosto. Mas a Polícia deveria ser chamada.

Um pavimento precisa ter vida útil mínima de oito ou dez anos. Não pode virar pó do dia para a noite. Acontece com essas rodovias vicinais, o que acontece também nas ruas paulistanas. De repente, uma rua ou avenida está de pavimento novo. No dia seguinte, quem passa por lá levanta poeira. O asfalto se derrete e se evapora. Os milhões pagos bancam a vida boa de uma minoria que ridiculariza a maioria extenuada pela exploração e pelos impostos.

Fonte: Estadão

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