Leio que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) está empenhada em estudar sítios na Amazônia para futuras hidrelétricas. Os estudos não se limitariam a tangenciar áreas das chamadas florestas protegidas. Poderiam avançar por elas considerando critérios de respeito a diretrizes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama). Os estudos forneceriam elementos de avaliação para projeções sobre campos a serem explorados na área energética, nas próximas décadas.
Não se trata de invasão dessas áreas; apenas, de providências preventivas – e sobretudo estratégicas – do ponto de vista de estudos, tendo em conta os interesses do País, no campo energético.
A iniciativa é importante. E deveria ter sido tomada há mais tempo. O Brasil precisa conhecer o seu potencial em todas as áreas. E, não deve ser por causa das necessárias e compreensíveis restrições ambientais, que ele decida limitar os estudos para se conhecer e difundir esse conhecimento à sociedade.
Óbvio que, com inventários em mãos, o governo pode debater melhor as possibilidades de construir ou não uma hidrelétrica. Está claro que não se constrói uma usina hidrelétrica num piscar de olho. É um processe que exige maturação ao longo de todas as suas fases: o inventário, o projeto, a execução. Tudo isso mesclado com as exigências para que todas as partes envolvidas sejam ouvidas e atendidas, a fim de que nenhuma delas saia prejudicada. Além disso, as florestas e seu povo não podem ser vítimas de devastações a qualquer custo.
De outro lado, se hoje sabemos que 60% do potencial energético brasileiro concentram-se nos rios amazônicos, é justo reconhecer que tais estudos, por conta disso, se tornam ainda mais importantes. É necessário estudar, planejar, dialogar.
Hoje, a EPE lista oito hidrelétricas no Norte brasileiro que poderão entrar em funcionamento até 2022. Contudo, há vários outros possíveis empreendimentos na Amazônia que já deveriam estar com os seus estudos complementados; senão para que sejam construídos, ao menos para que sejam analisados diante das carências futuras do País.
Os estudos não significam que o Brasil deva negligenciar os trabalhos em favor da exploração de outras matrizes energéticas; estas devem e precisam ser analisadas e estimuladas. O que o País não pode fazer é se desconhecer, desconhecendo o seu potencial.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira