Admirável, esse livro de memórias do pintor Cícero Dias, publicado pela Cosac Naify, este ano. Admirável do ponto de vista de estilo, equilíbrio, base histórica, humanismo e visão política e social do mundo, que começou muito pequeno, no começo do século passado, no engenho Jundiá, Pernambuco, e foi se ampliando até alcançar a universalidade de Paris, onde ele faleceu em 2003.
A obra dá a dimensão do pintor e de sua convivência com algumas personalidades também universais: Pablo Picasso, Lúcio Costa, Carlos Leão, Guimarães Rosa, Paul Éluard, Souza Dantas, embaixador do Brasil na França na época da 2ª Guerra Mundial, Le Corbusier, Frank Lloyd Wryght, Gregori Warchavchik, imortalizado por várias obras, dentre elas, a casa Modernista, em São Paulo, e várias outras pessoas que conquistaram o mundo das artes plásticas, da arquitetura e da engenharia, em tempos cruéis.
Vários fatos vão ilustrando e conferindo um toque de beleza em "Eu vi o mundo". Lembra o pintor que foi Le Corobusier quem, na década de 1950, construiu a Casa do Brasil, na Cidade Universitária de Paris. Lembra também o nome do engenheiro Antônio Baltar, célebre no Recife pela construção de uma escada original, infensa à possibilidade de acidentes e cujo modelo foi copiado por arquitetos e engenheiros dos Estados Unidos.
Homem de visão libertária, foi preso pelos alemães que invadiram a França, até ser remetido para Lisboa. Mas, solto, não voltou de imediato ao Brasil. Preferiu permanecer na Europa para ver o fim do conflito bélico. Deplorou a inclinação de Getúlio pelo fascismo, de que o Brasil se livraria a bordo de uma política em que a presença brasileira contra o Eixo (Alemanha e seus aliados), se dava na base de contrapartidas negociadas junto ao governo norte-americano, em favor do nascimento da indústria siderúrgica nacional.
O importante é que a alma brasileira de Cícero ficou espelhada em cada obra, em cada quadro, em cada mural. Ele soube ver o mundo.
Aposentadorias vergonhosas
A OAB continua a questionar as vergonhosas aposentadorias reivindicadas pelos ex-governadores do Acre, Amazonas, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Piauí, Sergipe, Paraná e Pará. O jornal FSP informa que, segundo um levantamento que ele realizou, os Estados que aceitaram pagar essas aposentadorias vergonhosas, gastam pelo menos R$ 31,5 milhões por ano com isso, beneficiando 135 pessoas, entre ex-governadores e suas viúvas.
Fonte: Estadão