O evento, instalado com palestra de abertura de Paul Bonington, vice-presidente de mídia e publisher daquela publicação internacional, que mantém parceria com a revista O Empreiteiro, reuniu empresários dos principais mercados globais de infraestrutura e construção, discutiu e analisou tendências e oportunidades de crescimento setorial e compartilhamento de experiências vividas nos mais diversos países.
Os temas dos painéis incluíram a recuperação do mercado da construção nos Estados Unidos; a velocidade do crescimento do setor na China e em outras regiões do mundo; o uso das modernas tecnologias de gestão nos países desenvolvidos; o emprego dessa experiência nos países em fase de ascensão econômica e as formas de dirimir conflitos, a exemplo do que ocorreu recentemente no canteiro das obras de expansão do Canal do Panamá, motivado por reivindicações de reajustes contratuais.
Foi colocada também a questão dos projetos de construção inovadores para solucionar problemas do meio ambiente, do saneamento e do abastecimento de água potável e propor obras para remediar o impacto das mudanças climáticas na terra e no mar.
Participação brasileira
Cristiano Kok, que participou do painel moderado por Scott Kolbrenner, diretor-geral de engenharia e construção da Houlihan Lokey, uma instituição financeira global de investimentos, falou sobre os fundamentos da qualidade do projeto nas obras de engenharia. Em linhas gerais, disse que, sem um bom projeto, não se consegue fazer obra de qualidade. Foi então que lhe dirigiram a seguinte pergunta: “Por que, então, são apresentados projetos ruins?”
Ele aproveitou essa oportunidade para afirmar que isso acontece porque às vezes os projetos são mal contratados. Opta-se, nesses casos, pelos critérios do menor preço, o que leva a construções caras e a pleitos exagerados. Citou o caso do Canal do Panamá, objeto de debate no evento e cujos pleitos, segundo ele, elevaram-se a US$ 1,6 bilhão.
O engenheiro brasileiro mencionou as possibilidades de participação privada nos empreendimentos de infraestrutura no Brasil, mostrando o quanto ela se tornou necessária para a melhoria dos aeroportos brasileiros, o mesmo acontecendo em relação à malha rodoviária federal e às rodovias estaduais; os benefícios da participação privada na construção de hidrelétricas e em outras matrizes energéticas e a segurança que ela pode proporcionar ao futuro das ferrovias, aos portos e às redes de abastecimento de água e do saneamento.
Ele disse que o encontro contribuiu para o debate sobre modelos de empresas de engenharia pura; empresas e Epcistas e aqueles que incorporam os investidores. E mostrou os problemas que cada modelo pode apresentar.
“Além desses aspectos abordados”, apontou Cristiano Kok, “pudemos examinar as dificuldades de atuação das empresas de engenharia no campo internacional. Enfatizamos a necessidade de se manter forte presença local”.
Ele destacou a qualidade dos debates e das novidades técnicas setoriais, destacando os avanços do uso intensivo de 3D (maquete eletrônica nos projetos) e seu uso como 4D em programação de obras. Foram debatidos os aspectos técnicos da construção de uma torre de 1 mil m de altura na Arábia Saudita; a ligação Hong Kong-Macau por túnel submerso; a construção de uma ponte de 27 km de extensão e a construção do aeroporto de Abu Dhab com técnicas sumamente inovadoras. Ele disse que a boa organização do encontro contribuiu para a criação do ambiente propício às discussões e ao intercâmbio de ideias e experiências.
O painel em que Cristiano Kok participou na Global Construction Summit teve ainda palestras de John Murphy, presidente da Construction & Procurement – Black &Veatch Co, Pierre Schoiry, CEO e presidente da WSP Global, e Guilherme Aparicio Torres, diretor de Relações Institucionais da FCC Servicios Ciudadanos.
Projetos premiados
Durante a Global Construction Summit, a ENR – Engineering News-Record premiou mais uma vez construções e projetos globais que são exemplos de desafio e inovação no setor. Os premiados se distribuem em 20 categorias, assim relacionadas:
Melhor Projeto Global do Ano – Estação de pesquisa Halley VI na Antártica. O módulo de U$ 42 milhões foi projetado para que as condições climáticas da região atrapalhassem o menos possível o trabalho dos pesquisadores.
Menção Honrosa de Projeto de Túneis e Pontes – Nova ponte na Europa (Bulgária-Romênia). A estrutura ajudará a estimular a economia dos dois países.
Melhor Projeto Cultural – Museu de Direitos Humanos, em Winnipeg (Canadá). Poderosas ferramentas tecnológicas de desenho e construção auxiliaram no desenvolvimento do atípico museu.
Menção Honrosa de Projeto de Cultura – Centro de visitantes TsingTao Pearl, em Qingdao (China). Os projetistas criaram uma enorme fachada com madeira, o que a diferencia de outros empreendimentos desse tipo.
Melhor Projeto de Túneis e Pontes – Ponte Dragão, em Da Nang (Vietnã). A estrutura em forma de dragão, construída em uma parceria entre norte-americanos e vietnamitas, foi feita para se tornar o mais novo ícone do país.
Melhor Projeto de Edificação Governamental – Fórum Governador George Deukmejian, em Long Beach, na Califórnia (EUA). O projeto de US$ 490 milhões foi ousado, com arquitetura arrojada e que representou a revitalização da área onde está estabelecido.
Menção Honrosa de Projeto de Edificação Governamental – Complexo da Embaixada dos Estados Unidos, em Dakar (Senegal). O projeto previu a construção de uma estrutura para elevar o nível do terreno sujeito a inundações.
Melhor Projeto Verde – Centro de Paisagens Sustentáveis, em Pittsburgh, Pensilvânia (EUA). O projeto teve inigualáveis medidas que o fizeram alcançar alto grau de construção verde.
Menção Honrosa de Projeto Verde – Complexo da Embaixada dos Estados Unidos, em Helsinki (Finlândia). Restauração de prédio de mais de 100 anos usado pela embaixada, com o desafio de respeitar as características históricas da edificação e introduzir novas tecnologias, inclusive de segurança, atentando para a sustentabilidade.
Melhor Projeto de Uso Múltiplo – Torres Shams Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). As torres bateram recorde de altura e foram erguidas no auge da crise financeira internacional.
Melhor Projeto de Uso Múltiplo – The Star (Cingapura). Construção eficiente de estrutura geométrica complexa valorizando temas da cultura local.
Melhor Projeto de Manufatura – Planta de polímeros superabsorventes, em Jubail (Arábia Saudita). A fábrica de composto químico exigiu ainda na sua construção padrão de limpeza elevada já que se tratava de um empreendimento de um produto a ser aplicado em fraldas para bebês.
Menção Honrosa de Projeto de Manufatura – Fábrica de peças de automóvel Y-Tec Keylex em Salamanca (México). A obra teve índice zero de incidentes, surpreendendo pelo tipo de desafio que existia para erguer a fábrica de grandes dimensões.
Melhor Projeto de Prédio Comercial – The Place, em Londres (Inglaterra). A edificação foi erguida em complexo site, com estações de ônibus e trem no entorno.
Melhor Projeto Industrial – Novo gerador na planta de gás Al Khairat, em Karbala (Iraque). Projeto desenvolvido dentro da maior planta de gás do país, a nova turbina aumenta em 20% a capacidade da planta.
Menção Honrosa de Projeto Industrial – Fundidor de alumínio Ras Al Khair (Arábia Saudita). O projeto custou US$ 4,2 bilhões, envolveu 14 mil trabalhadores e foi entregue antes do prazo.
Melhor Projeto de Restauração – Reparo de 10 mil casas de terremoto, em Port-au-Prince (Haiti). O terremoto que devastou o país em 2010 comprometeu quase todas as construções do Haiti.
Melhor Projeto Habitacional – Revitalização da comunidade Curundu, na Cidade do Panamá (Panamá). O projeto de US$ 108,8 milhões envolveu a construção de mais 1 mil casas e ajudou a transformar esta comunidade pobre panamenha.
Menção Honrosa de Projeto Habitacional – THR350, em Hong Kong (China). Construção em montanhoso terreno exigiu desafios constantes aos construtores.
Melhor Projeto de Saneamento – Planta de Tratamento de Água na Cidade do Panamá (Panamá). Trata-se de uma das maiores ETAs da América Central.
Fonte: Revista O Empreiteiro