Expansão ambiciosa no horizonte

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O projeto do aeroporto de Joinville prevê ampliação do terminal, na primeira fase, de 3,8 mil m² para 20,5 mil m²

 

Aeroportos de Joinville e Navegantes têm projetos para pistas mais extensas, novos terminais de passageiros, estruturas exclusivas para transporte de carga e até área destinada a operações de helicópteros das plataformas do pré-sal

 

Lúcio Mattos – Joinville (SC)

Localizados nas duas regiões economicamente mais dinâmicas de Santa Catarina, dois aeroportos têm planos arrojados de expansão delineados pela Infraero, a administradora dos dois complexos, incluindo três fases de ampliação, com objetivos para 2015, 2019 e 2029 (com vistas a necessidades futuras). Entre as melhorias projetadas pelo órgão estatal nos dois planos diretores dos campos de aviação de Joinville e Navegantes, incluem-se novos terminais de passageiros, pistas de pouso e decolagem mais longas para acomodar aviões de maior porte, prédios-garagem, novos terminais de carga e até espaço dedicado apenas a operações de helicópteros utilizados nas plataformas de exploração de petróleo off-shore (marítimas), com vistas à prospecção das reservas do pré-sal no litoral catarinense.

 

Os planos diretores estão sendo reavaliados pela Secretaria de Aviação Civil (SAC), depois que os dois aeródromos foram incluídos no Programa de Investimentos em Logística: Aeroportos, do Governo Federal. As prefeituras dos dois municípios, diretamente envolvidas nos projetos, mostram-se otimistas em relação aos investimentos. A primeira meta de prazos (2015), no entanto, não será cumprida, uma vez que desapropriações de terras ainda estão em andamento em ambos os casos.

 

O Aeroporto de Joinville/Lauro Carneiro de Loyola prepara-se para um crescimento acelerado do município e da região nos próximos anos. Maior e mais rica cidade do Estado, com 546 mil habitantes e um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 18,8 bilhões (2011), Joinville é o centro da região norte catarinense, a área com mais de 500 mil habitantes que mais vai crescer no Brasil até 2025, de acordo com um estudo da consultoria McKinsey.

 

A região tem recebido grandes investimentos de grupos empresariais de peso nos últimos anos, com a instalação de operações industriais como as da GM (motores e cabeçotes), LS Tractor (Tratores) e a chegada da primeira fábrica de automóveis da BMW na América Latina, que começa a produzir ainda neste ano.

 

Desapropriações

Para acompanhar o esperado aumento na demanda aérea puxada pelo fluxo de executivos das grandes empresas e fornecedores, a Infraero planeja mais que dobrar a área patrimonial do aeroporto, dos atuais 792 mil m² para cerca de 2 milhões de m². Do 1,2 milhão de m² adicional, que inclui 71 lotes de terra, a maior parte já foi desapropriada, restando cerca de 100 mil m², que devem estar à disposição da Infraero até o final de 2015, segundo o secretário de Integração e Desenvolvimento Econômico de Joinville, Jalmei Duarte.

 

Em Navegantes, um novo terminal de passageiros deverá ser construído, e o atual passará a atender operações de helicópteros

 

A pista de pouso e decolagem deve ser ampliada dos atuais 1.640 m de comprimento para 1.910 m, ganhando uma extensão extra de 270 m, o que permitirá receber aviões de maior porte. Atualmente a aeronave considerada crítica pela Infraero para o complexo é o Boeing 737-800, com capacidade para 180 passageiros. A partir de 2019, o avião apontado como crítico passa a ser o Boeing 767-200, que transporta até 255 pessoas.

 

Para a extensão da pista será necessária uma obra de retificação do Rio Cubatão, atrás da Cabeceira 15, para a qual a licença ambiental existente venceu em janeiro de 2012. Uma nova licença será pedida pela prefeitura de Joinville à Fatma (Fundação do Meio Ambiente, o órgão ambiental estadual), que deve levar pelo menos um ano para sair, tempo necessário para elaborar o estudo técnico do impacto ambiental. A prefeitura aguarda a readequação do acordo que tem com a Infraero para formalizar o pedido à Fatma, para ajustar a duração da autorização aos prazos das obras. Esse acordo deve estar assinado até o final de agosto, segundo Duarte. A obra de retificação havia sido orçada em R$ 3,6 milhões, quando a licença anterior ainda estava vigente, explica o secretário.

 

O terminal de passageiros deve multiplicar por cinco vezes os atuais 3,8 mil m², atingindo 20,5 mil m² já na primeira fase de ampliação, chegando a 29,4 mil m² na segunda (2019) e atingindo 51,1 mil m² em 2029.

 

Para facilitar as operações, foi projetada a ampliação do pátio de aeronaves de passageiros, para 22,1 mil m² na primeira fase, 52,3 mil m² até 2019, e 52,6 mil m² em 2029.

 

A Infraero projeta a instalação de uma área de estacionamento para os passageiros com 28,2 mil m² na primeira fase de expansão, expandida para 41,6 mil m² na segunda e transformada em um prédio-garagem até 2029, com área de 36,5 mil m².

 

Também de olho no movimento que as grandes empresas podem trazer ao aeroporto, está planejada a construção de um novo terminal de cargas, inicialmente com 5,3 mil m², depois triplicado para 18,4 mil m², até 2029. A estrutura será acompanhada de uma área exclusiva para as aeronaves do segmento, com um pátio de aeronaves cargueiras com 24,8 mil m², projetado para 2029.

 

Obras em 2016

Apesar da possibilidade de reavaliação de investimentos pela SAC, o secretário de Desenvolvimento de Joinville não vê razão para preocupação. A expectativa dele é que as obras de ampliação de fato tenham início em 2016.

 

Enquanto os trabalhos de expansão não começam, o Aeroporto de Joinville vai passando por um processo de modernização. A mais recente melhoria foi a entrada em funcionamento do ILS (Instrument Landing System) Categoria 1, em junho, um sistema de aproximação de aeronaves por instrumentos que reduz de 2.000 m para 1.200 m a distância de visão horizontal da pista necessária na hora do pouso. Na prática, o aparelho permite que o piloto pouse a aeronave se tiver visibilidade suficiente da altitude de 60 m
– só em caso de não conseguir enxergar a pista a partir daí o pouso será cancelado.

 

O ILS cria uma espécie de rampa virtual pela qual o avião pode descer, facilitando o pouso em situação de mau tempo ou neblina, situações corriqueiras em Joinville. Na Região Sul, apenas os aeroportos das três capitais têm o sistema.

 

A Infraero investiu R$ 6,2 milhões na infraestrutura necessária para a instalação. O sistema vai melhorar sensivelmente o desempenho do aeroporto. De cada 100 pousos impedidos pelo mau tempo em Joinville, 61 serão possíveis com o ILS. Antes disso, era comum o cancelamento de voos ou o desvio da rota para as vizinhas Curitiba (PR), Florianópolis (SC) ou Navegantes (SC).

 

Outra obra já em andamento é a instalação do Sistema Elo, uma espécie de finger terrestre que conecta o terminal de passageiros ao avião, climatizado e com acessibilidade. O investimento da Infraero na estrutura é de R$ 4 milhões, e a entrada em operação é prevista até março de 2015, segundo Duarte.

 

Um novo equipamento de pouso por satélite, o RNPAR, também será disponibilizado em Joinville, aguardando a homologação pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A ferramenta garante aproximações mais diretas e seguras dos aviões e permitirá o pouso após o pôr do sol na Cabeceira 15, algo não autorizado atualmente.

 

Navegantes, do porto ao petróleo

Se em Joinville o viés da demanda aérea é empresarial, em Navegantes o cenário é mais diversificado. A cidade que abriga o aeroporto ocupa a margem norte do Rio Itajaí-Açu, vizinha a Itajaí (a 25 km), o segundo maior PIB de Santa Catarina (R$ 18,6 bilhões em 2011) e sede do maior porto do Estado e segundo maior do País no transporte de contêineres. O complexo aeroportuário é também o mais próximo do Vale do Itajaí, região industrializada que concentra mais de 500 mil habitantes, com destaque para Blumenau, a 60 km de Navegantes.

 

Mas, além da demanda ordinária durante o ano, o aeroporto de Navegantes precisa lidar com um pico de movimento turístico nos meses de verão, direcionado às praias. A cidade está no meio do que a Santur (órgão estadual responsável pelo turismo) gosta de chamar de Costa Verde e Mar, a faixa litorânea que se estende de Piçarras a Bombinhas. A 35 km de Navegantes, só o Balneário Camboriú, por exemplo, recebe 1,5 milhão de visitantes no verão, sendo 100 mil estrangeiros, segundo a Santur.

 

Além do movimento já existente e crescente, o aeroporto de Navegantes deve planejar-se para uma atividade econômica que ainda nem começou, mas promete ter impacto significativo na região, a exploração das reservas de petróleo no pré-sal já descobertas no litoral norte de Santa Catarina – que virá acompanhada da movimentação das aeronaves que servem as plataformas marítimas.

 

Também em Navegantes a Infraero sinalizou à prefeitura que investimentos e projetos de expansão do plano diretor seguem previstos, afirma Antonio Carlos Carmona, secretário de Desenvolvimento e Receita do município.

 

Para acompanhar o crescimento, a Infraero planeja uma nova pista de pouso e decolagem com 2.100 m de comprimento e 45 m de largura já na primeira fase de expansão, expandida em 2029 para 2.600 m de extensão, enquanto a atual, de 1.700 m, continuará em operação.

 

O terminal existente, com 7.360 m², não será mais utilizado para embarque e desembarque de passageiros da aviação comercial já na primeira fase de ampliação, de acordo com o plano diretor da Infraero. Será destinado exclusivamente a atender as operações de helicópteros de apoio às atividades off-shore das plataformas de petróleo do pré-sal.

 

Para os passageiros, um novo terminal será construído, inicialmente com área cinco vezes maior que o atual (36,3 mil m²), depois expandido para 48,3 mil m² (2020) e 200 mil m² em 2029.

 

O pátio de aeronaves de passageiros terá mais espaço, passando dos atuais 20,3 mil m² para 29 mil m² na primeira fase, depois 59,4 mil m² (2020) e finalmente 103 mil m².

 

O aeroporto ganhará um edifício-garagem, com 52,8 mil m², já na primeira fase, projetado para crescer a 91,3 mil m² (2020) e depois a 210 mil m² (2029).

 

Assim como Joinville, Navegantes terá um complexo de carga com área de 69,5 mil m², previsto para a primeira expansão, mais adiante ampliado para 91,5 mil m² (2029). Para servir o terminal, um pátio para aeronaves cargueiras será criado, com 7.000 m², quadruplicado até 2029, para 26,3 mil m².

 

Também como o aeroporto mais ao norte, Navegantes não terá o prazo de 2015 previsto no plano diretor da Infraero cumprido. O entrave é semelhante, a necessidade de desapropriar 322 lotes que correspondem a 30% da área a ser utilizada para o plano de expansão, a um custo estimado de R$ 110 milhões, a serem pagos pela Infraero.

 

Em cerca de 5% da área a ser desapropriada há ainda a necessidade de um laudo ambiental, encomendado pela Fuman (Fundação Municipal do Meio Ambiente de Navegantes) a uma empresa privada, porque o espaço já foi um depósito de limpeza pública, para onde iam rejeitos de construção civil. “O laudo deve estar pronto em meados de agosto e será repassado à Fatma (a Fundação do Meio Ambiente estadual)”, explica Paulo Mafra, superintendente da Fuman. Se não se verificar contaminação do subsolo e da água, a Fatma deve autorizar o início da desapropriação.

 

Hangares adotam sistema especial de cobertura

O sistema de cobertura metálica Roll-on, fabricado pela Marko Sistemas Metálicos, é utilizado desde a década de 80 em hangares dos principais aeroportos brasileiros. Mais de 20 mil m² do produto já foram utilizados também por diversas empresas do ramo aeroviário.

 

 

A construção de hangares tem como prioridade estruturas com grandes vãos livres. O Roll-on se adapta a essas especificidades, eliminando emendas, sobreposições ou furos. Além disso, possibilita a implantação da iluminação zenital, que propicia ao ambiente luz natural durante o dia inteiro, gerando grande economia de energia elétrica.

 

Outras vantagens do sistema Roll-on é o seu caimento de 1%, que permite ganhos de pé-direito e uma altura máxima da cobertura comp
atíveis com as aeronaves. Além disso, conjugado com o MK90 torna-se uma opção para fechamentos laterais de hangares e terminais de carga, pois sua característica autoportante permite redução da necessidade de estruturação.

Fonte: GTA


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