
Nesse cenário, ninguém se saiu tão bem quanto a Tecnisa. Embalada pelo êxito do Jardim das Perdizes, a tradicional construtora e incorporadora paulista chegou ao topo do ranking da construção imobiliária feito pela Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). A companhia subiu dez posições em relação ao levantamento anterior, que reflete o ano-base de 2012.
“A Tecnisa conseguiu introduzir um produto com perfil mais de classe média e que tem encontrado boa demanda, que são os empreendimentos multiuso”, afirma Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp.
O grande trunfo da Tecnisa foi o lançamento do Jardim das Perdizes, projeto desenvolvido em parceria com a PDG Realty na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. Erguido em um antigo terreno adquirido da Telefônica e com o intuito de ser um bairro planejado, o empreendimento inclui torres residenciais, hotel, shopping e edifícios comerciais.
Esse mesmo conceito, segundo Luiz Paulo, tem encontrado boa demanda em vários bairros e municípios da Grande São Paulo.
Paralelamente a esses megaprojetos, destacaram-se no ano passado os lançamentos de unidades residenciais de área pequena, mas de alto padrão. São unidades em geral com um ou, no máximo, dois dormitórios, algumas com pouco mais de 30 m2, mas localizadas bairros nobres e em edifícios com lazer e serviços. Essa tendência ajudou companhias como Even, Atua e Tibério a se destacar no ranking da Embraesp.
A busca por produtos de maior valor agregado teve reflexos positivos para o setor. O Valor Geral de Vendas (VGVL) subiu para R$ 21 bilhões no ano passado, bem acima dos R$ 15,5 bilhões alcançados em 2012. “O valor médio das unidades aumentou bem acima da inflação”, destacou Luiz Paulo, lembrando que isso já vinha acontecendo em anos anteriores. “Em alguns casos, os preços subiram mais que o dobro da inflação.”
De acordo com o levantamento da Embraesp, foram lançadas na região metropolitana de São Paulo 70.582 unidades no ano passado, acima das 67.523 colocadas no mercado em 2012. As dez primeiras colocadas do ranking, entretanto, reduziram o ritmo de lançamentos: foram 22.490 unidades no ano passado, contra 23.726 no exercício fiscal anterior.
No que diz respeito à oferta de produtos, quem mais colocou novas opções no mercado foi a Even, com 19 lançamentos. A construtora já havia liderado essa lista em 2012, quando lançou 20 empreendimentos. A própria Tecnisa ficou em segundo lugar no ano passado, seguida pela Tibério e pela Atua.
Depois de um 2012 de acomodação para as construtoras, o último ano mostrou que, para se destacar, foi preciso inovar.
Opinião
MCMV: o que aperfeiçoar
*Sergio Watanabe
O Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) efetivamente alavancou a produção habitacional no Brasil. Possibilitou a contratação de 1 milhão de unidades habitacionais em sua primeira fase, de 2009 a 2010, e deverá atingir a meta de 2,75 milhões de 2011 a 2014.
Todos os principais candidatos à Presidência da República para o mandato de 2015 a 2018 comprometeram-se com a continuidade do programa. Entretanto, algumas correções de rumo se fazem necessárias, para o alcance efetivo da meta principal de erradicar o déficit habitacional brasileiro.
A primeira e mais importante destas mudanças é transformar este programa de governo em uma política de Estado. Por sua importância, o MCMV precisa ter assegurados recursos permanentes dos Orçamentos da União, dos Estados e dos Municípios.
Uma proposta de emenda constitucional neste sentido, a PEC da Habitação, já havia sido aprovada em comissão mista da Câmara dos Deputados e do Senado, mas requer a vontade política dos próximos governantes do País para ser homologada em plenário e sancionada pela Presidência da República.
A arquitetura financeira que até o momento assegurou o sucesso do programa deve continuar se alicerçando sobre o tripé formado por subsídios, recursos próprios das famílias interessadas e financiamento imobiliário. Entretanto, é preciso tomar alguns cuidados.
O primeiro deles é atentar para a queda de atratividade da faixa 1, que beneficia famílias com renda mensal de até R$ 1.600, especialmente nos grandes centros urbanos. Um número cada vez menor de construtoras tem se interessado em empreender nesta faixa do programa, justamente a que concentra a maior parcela do déficit habitacional brasileiro.
Os preços que o governo se dispõe a pagar pela contratação das unidades habitacionais nesta faixa são crescentemente insuficientes nas grandes regiões metropolitanas, mesmo com as complementações que governos estaduais e municipais oferecem para viabilizar o programa.
Estes valores não acompanharam a evolução real dos custos dos empreendimentos, que incluem valor dos terrenos, preços de materiais, serviços e mão de obra, mas também encareceram por conta de novas exigências.
Uma dessas exigências é a adequação dos projetos aos requisitos da Norma de Desempenho de Edificações, que incluem segurança e conforto térmico, acústico e lumínico. Outra é o patamar de qualidade no acabamento da moradia, inexistente na primeira fase do programa, incluindo pisos cerâmicos e azulejos.
Ainda dentro do problema da queda da atratividade, destaque-se a relutância do governo em reajustar mais periodicamente os valores. Hoje, boa parte dos e
mpreendedores que antes investiam na construção de moradias na faixa 1 não apresenta novos projetos por não ter a segurança da manutenção da viabilidade financeira por ocasião da construção dos conjuntos habitacionais.
Outro cuidado a tomar é em relação às parcerias entre União, governos estaduais e municipais, e agentes financeiros. Mesmo com a boa vontade de todos, ainda restam questões a superar que entravam a liberação dos recursos até para projetos já aprovados. Isto precisa ser bem cuidado para que não acabe sendo mais um fator de desmotivação para os empreendedores.
Fica, portanto, lançado o desafio aos candidatos para que, em seus programas de governo, aperfeiçoem o Minha Casa, Minha Vida, para que ele efetivamente acabe com o crônico déficit habitacional brasileiro.
*Sergio Watanabe é vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ex-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon SP)
TI avança no canteiro
Em meio ao crescimento da tecnologia móvel no canteiro de obras, a brasileira Teclógica tem se destacado no mercado com oferta de soluções mais amigáveis à construção civil. Em 2010, a empresa de mais de 20 anos e instalada em Blumenau (SC), passou a oferecer o software Mobuss Construção depois de identificar uma necessidade no setor.
“A solução no canteiro não poderia estar presa ao cabo. Pensamos então em uma solução inserida no dispositivo móvel. A tecnologia sem cabo amplia a capacidade do gestor na obra”, destaca Luiz Carlos Mesquita Scheid, diretor da empresa.
O pacote da solução da Teclógica inclui os módulos de apontamento (registro de atividades e controle de produtividade), qualidade (inspeção regular de acordo com programas de qualidade), vistoria e entrega (acompanhamento visual da entrega de obra), segurança (controle de uso por colaboradores, treinamentos e registros trabalhistas) e assistência técnica (controle pós-venda) – a empresa prepara o lançamento no início do ano que vem do módulo de materiais (dados detalhados do material a ser usado na construção).
Os softwares rodam em tablet e smartphone. “A solução é nativa, o que é o nosso grande diferencial”, conta Luiz Carlos. No mercado de TI, soluções nativas são aquelas que se utilizam de linguagens do sistema operacional do aparelho móvel para rodar, representando mais estabilidade, performance e recursos no seu uso. A plataforma que gerencia o Mobbus fica na nuvem (cloud computing) e a solução é capaz de se integrar a qualquer tipo de ERP (sistema de gestão integrada).
Ele explica que o software “melhora a produtividade com a troca de informação, reduz prazo de entrega e custos e aumenta o retorno de investimentos”. O desafio maior, de acordo com ele, tem sido fazer com que a engenharia de produção das construtoras entenda esse benefício. “Trata-se de uma cultura a superar”, diz.
A Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) implementou solução Teclógica em catracas eletrônicas que garante a identificação dos profissionais. De acordo com Wellington Longo, gerente de Construção da OR, a medida controla de forma mais precisa colaboradores diretos e terceirizados, evitando o acesso indevido de pessoas no canteiro, reduzindo a possibilidade de acidentes e outras situações indesejadas.
Com a solução é possível também acompanhar o andamento efetivo da obra, filtrando a informação por dados como cargo, empreiteira, entre outras, o que auxilia no planejamento e na medição da produção. Wellington explica que antes o controle era feito manualmente e a demora para localização de documentos era constante.
Foi também introduzida a solução de TV Corporativa, que representou a instalação de 10 monitores em áreas comuns do canteiro com informações sobre o planejamento da obra, incluindo a entrega de materiais, os prazos e etapas.
Outras empresas que têm utilizado soluções da Teclógica, incluem a Construcap, OAS, Engeco, Pernambuco e Tecla. (Augusto Diniz)
Condomínio verde
A Grande Belo Horizonte (MG) ganhará um condomínio verde, a ser construído no Vale do Sereno, no município de Nova Lima. Com atenção especial à utilização dos recursos naturais, o empreendimento terá garagens com tomadas especiais para o abastecimento de carros elétricos e uma jardineira para o cultivo de hortaliças na cozinha de cada apartamento.
Batizado de Residencial Sol, o condomínio terá uma área bruta de aproximadamente 19 mil m² e fará parte de um complexo de edifícios circulares independentes, planejados para respeitar a declividade natural do terreno e oferecer uma vista sem barreiras entre as janelas e a área verde. O empreendimento, lançado pela construtora EPO Engenharia, terá 20 pavimentos com um apartamento por andar e um com apartamento duplex.
Fonte: Revista O Empreiteiro