Fábrica da Eldorado exportará 20% da celulose produzida no País

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Sinergia entre engenharia e construção civil foi fundamental para dar agilidade aos trabalhos

A empresa brasileira Eldorado Celulose e Papel, fruto do investimento dos grupos empresariais J&F, MJ Empreendimentos e FIP Florestal, inaugurou sua fábrica em Três Lagoas (MS) depois de dois anos de obras e aplicação de recursos na ordem de R$ 6,2 bilhões, segundo a empresa. A planta industrial de celulose será a maior do mundo em linha única, produzindo 1,5 milhão t/ano, respondendo já em 2013 por 20% das exportações do País deste produto. A receita anual da empresa está estimada em US$ 1 bilhão.

A implementação da fábrica, que envolveu 8 mil trabalhadores no pico, seguiu padrões modernos e cuidadosos de construção, atendendo prazo e qualidade. Alguns dados básicos dão a dimensão do que foi o trabalho de execução do projeto: a área construída da unidade alcançou 350 mil m² da área total, sendo preciso movimentar 9 milhões de m³ de terra. No total, 30 mil m³ de pré-moldados de concreto e 35 mil t de aço foram utilizados nas obras.

A Hochtief, Andritz e Metso foram as fornecedoras da tecnologia para a construção da fábrica. A Serpal (obras civis) e a Montecalm (instalação eletromecânica) foram subcontratadas pela Hochtief, e as empresas Forces (obras civis) e Irmãos Passaura (instalação eletromecânica), pela Metso. Foram ainda contratadas diretamente pela Eldorado para a execução das obras as empresas Paranasa, Mutual, Engepar, Conterm e Azevedo Travassos. O projeto de engenharia é da Andritz e OTZ Engenharia.

Atuação integrada

A área industrial da Eldorado é composta de pátio de madeira, processo de cozimento, processos de lavagem e deslignificação, branqueamento, extração de celulose, recuperação química (caldeiras, forno de cal e calcificação), planta de evaporação, utilidades (estações de tratamento de água, de efluentes e de água de caldeira) e energia (dois turbogeradores, cada um com 110 MW, produzem energia utilizando biomassa). Há ainda áreas complementares, como torres de resfriamento, compressores e chillers.

Para cumprimento dos prazos estabelecidos de desenvolvimento da fábrica, as áreas de engenharia e de construção civil tiveram que atuar de forma bastante integrada, desde a fase de conceituação do empreendimento até o fim das obras, segundo as empresas envolvidas no projeto da planta. Com antecedência, foram acertadas a logística e as metodologias construtivas a ser adotadas, possibilitando assegurar as etapas dos trabalhos e o progresso permanente do complexo industrial.

Os métodos construtivos adotados nas diversas áreas industriais incluem fundações em hélice contínua, paredes-diafragma e estacas-raiz; superestruturas executadas em pré-moldados produzidos no canteiro e também concretadas in loco; lajes pré-moldadas, alveolares fornecidas por terceiros e pré-fabricadas em canteiro; coberturas de estruturas metálicas com telhas trapezoidais e telhas zipadas; e fechamentos laterais feitos com painéis pré-moldados de concreto, alvenaria armada e estruturas metálicas.

Foram ainda empregadas técnicas diversas de construção, tais como escavação em taludes especiais com proteção de solo, permitindo assim execução de obras adjacentes à escavação; utilização em grande escala de estruturas pré-moldadas, inclusive de lajes maciças pré-moldadas ou de lajes alveolares protendidas, que permitiram dispensar o uso de cimbramento em algumas edificações, viabilizando a execução simultânea de obras no térreo e em pavimentos elevados; e utilização de estruturas pré-moldadas complementadas por estruturas metálicas, sempre com o objetivo de liberar frentes de trabalho na obra buscando soluções construtivas mais racionais.

Pré-moldados de porte

As peças pré-moldadas de grandes dimensões tiveram que ser produzidas no próprio canteiro de obras. O município onde se localiza a planta, Três Lagoas, embora com acesso privilegiado às rodovias BR-158 e outras estaduais, ferrovias tanto em Mato Grosso do Sul como em São Paulo, e a hidrovia Tietê-Paraná, ainda é um núcleo urbano com tímido índice de desenvolvimento industrial. Assim, foram necessárias a implementação de três usinas de concreto das empresas Concrelongo, Engemix e MCC dentro do canteiro de obras.

No período das execuções das obras civis da planta, uma das práticas adotadas foi a substituição, em algumas instalações produtivas, da lama bentonítica por polímero biodegradável, para a estabilização das escavações de paredes-diafragma, representando menos risco ao meio ambiente.

O solo variável na área representou dificuldades. Nas obras da área de secagem, nos serviços de fundações diretas (sapatas e bases), a presença de lençol freático exigiu atenção redobrada. Outra dificuldade encontrada na planta foi a execução de parede-diafragma com a presença de solo muito rígido. O problema provocou por vezes a quebra de equipamento, demandando a mobilização de outro para a realização das escavações. Isso também determinou a diminuição da chamada “ficha” da parede (trecho da parede-diafragma que fica embutido no terreno após escavação) e a utilização de estroncamento provisório no local de escavação contida pela parede-diafragma, até a concretagem da laje de fundo.

Na linha de fibras, que envolve as áreas de lavagem, depuração e branqueamento, as dificuldades se concentraram na execução de várias canaletas de piso em área com expressiva quantidade de tanques de grandes diâmetros, o que exigiu planejamento detalhado para conciliar ambos os trabalhos.

Florestas próprias

A fábrica Eldorado prevê o plantio de cerca de 160 mil ha de eucaliptos em áreas próprias e de terceiros, para posterior transformação em celulose na planta em Três Lagoas. As mudas de eucalipto são cultivadas em um viveiro localizado no município de Andradina (SP) – cerca de 30 km de Três Lagoas -, com uma capacidade de produção de 35 milhões de mudas/ano.


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