Família reunida

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JCB programa produzir manipuladores telescópicos, pás-carregadeiras, além de novo modelo de retroescavadeiras em nova unidade no País, inaugurada em Sorocaba (SP)
Guilherme Azevedo – Sorocaba (SP)

Aempresa de máquinas para construção JCB do Brasil agora tem endereço único no País: km 86 da rodovia Castello Branco (SP-280), no município de Sorocaba, a cerca de 90 km da capital paulista.

Aqui, num terreno de 200 mil m2 à beira da rodovia, com 33 mil m2 de área construída e investimento de US$ 100 milhões, a JCB concentrará todas as suas atividades no Brasil. Estavam, até a construção da nova fábrica, divididas em duas unidades produtivas menores na mesma Sorocaba e em um centro de distribuição de peças em Guarulhos, na Grande São Paulo. As instalações originais, alugadas, foram devolvidas aos proprietários, e a migração do centro de distribuição encontra-se em processo adiantado.

Nova fábrica concentra atividades da empresano País, com 260 funcionários diretos

A inauguração oficial da nova sede ocorreu no fim de setembro, com a presença do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, em sua primeira visita ao País, e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; e dos principais executivos da JCB, como o presidente mundial, sir Anthony Bamford; e o diretor-geral para a América Latina, Carlos Hernández.

A presença de Cameron se justifica. A JCB é um ícone britânico. Surgiu em 1945, numa garagem de Uttoxeter, condado de Staffordshire, na Inglaterra, pela iniciativa de Joseph Cyril Bamford (1916-2001), o JCB. Hoje, sob o comando do filho mais velho, Anthony, a empresa detém 22 plantas industriais no mundo, sendo 11 unidades na Inglaterra, 6 na Índia e outras 5, na China, Estados Unidos, Alemanha, França e Brasil (Sorocaba). É a terceira maior empresa do mundo de maquinário de construção. Seu nome tornou-se referência mundial de retroescavadeiras (backhoe loader, em inglês), usadas em construções variadas, de que é líder de mercado. Data de 1953 a produção inaugural da máquina por JCB. Foi a primeira companhia a pintar seu maquinário de amarelo, que se tornaria um padrão mundial do segmento. E orgulha-se, apesar do tamanho, de manter estrutura familiar, sem ações na bolsa de valores, sem acionistas.

Em família

Aplicada aos negócios, a noção de família, na voz das principais lideranças da JCB, significa independência de movimento. “Não precisamos nos preocupar a cada quadrimestre com os preços das ações, podemos investir no longo prazo”, valoriza David Bell, chief corporate development officer da JCB, responsável mundialmente pelo desenvolvimento de novos negócios. “Estou na companhia há 39 anos. Temos consistência e liderança. Essa é uma grande vantagem.” Carlos Hernández, diretor para a América Latina, confirma essa visão: “Ter capital aberto dá acesso a grandes quantidades de dinheiro, mas, em troca, você fica um pouco escravo do mercado. A estratégia é muitas vezes de curto prazo, os investidores querem receber lucros”.

Da esq. para a dir.: Carlos Hernández, David Cameron,Anthony Bamford e Geraldo Alckmin

Os executivos exemplificam a vantagem de a JCB pertencer a um único dono com a trajetória do próprio Brasil. Foi em 2001 que a empresa inaugurou sua primeira unidade fabril no País, nessa Sorocaba. De fato, o momento econômico brasileiro não era muito convidativo: o País ainda saldava sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a expansão industrial no ano fora de apenas 1,5% e a inflação chegara a 7,67% (IPCA). “Em 2001, diziam que éramos doidos por colocar uma fábrica no Brasil. Em dez anos, como se mostrou, deu certo”, recorda Hernández.

O Brasil responde hoje por 6%, 7% das vendas globais da JCB e a expectativa é de que essa participação aumente consistentemente, com o crescimento do mercado interno (em especial da classe média) e a consequente necessidade de mais infraestrutura. “Copa do Mundo vai gerar uma demanda, o PAC, outra. Mas há uma base mais forte do que isso. A gente, que antes aceitava não ter esgoto, hoje não aceita mais. É nessa base que acreditamos que vá fazer crescer nosso segmento”, projeta Hernández. “Nós não construímos uma fábrica apenas para hoje, mas para o futuro”, sublinha David Bell. “Ela é uma grande afirmação do nosso compromisso com o Brasil.”

Processo fabril

As novas instalações da JCB em Sorocaba seguem um projeto-padrão de arquitetura e engenharia, válido para todas as plantas. Isto significa um largo galpão horizontal, construído com pilares pré-moldados e cobertura metálica. Também este elemento não pode faltar ao conjunto: o lago na frente da sede.

Na unidade de produção de retroescavadeiras e de escavadeiras hidráulicas, um processo ganha destaque: os kits de montagem. São sempre três carrinhos que contêm, cada um deles, tudo de que uma máquina precisa para ser montada. São dispostos junto das linhas de montagem. Isso, segundo os funcionários, aumenta a produtividade e reduz o risco de acidentes, uma vez que as peças estão ali, disponíveis para uso imediato, e a circulação de empilhadeiras, por exemplo, fica muito reduzida.

A nova fábrica em Sorocaba (SP):instalações para o futuro

A produção desses kits é de responsabilidade da área de logística, porta de entrada dos parceiros e de seus produtos. “Fornecemos toda a matéria-prima, para todas as linhas de montagem”, situa Rogério Nakamura, seu gerente. Um segmento da fábrica é praticamente um negócio dentro do negócio: o centro de distribuição de peças. São 15 mil itens, distribuídos em prateleiras numa área de mais de 3 mil m2, destinados a abastecer os 33 pontos de venda Brasil afora, com fins de assistência técnica. “De Guarulhos para cá não foi só uma mudança de endereço, mas de modelo”, conta Renê Witzke, gerente de peças. A empresa adquiriu um sistema tecnológico específico para gerenciar estoques, denominado DLX, e já celebra resultados. “Aumentou a disponibilidade e a agilidade
do processo.” A remessa das peças aos revendedores se dá por meio de parceria com a empresa de entregas DHL, que mantém funcionários no local.

Na nova fábrica, ainda este mês (outubro), começa a produção de um novo modelo de retroescavadeira; a partir de janeiro do ano que vem, será a vez de manipuladores telescópicos; ao fim de março de 2013, de pás-carregadeiras; e, em junho, chegam rolos compactadores.

Outra complementação muito esperada é a da planta de pintura, que só deve estar pronta em junho do ano que vem, para fazer no próprio local um serviço que era delegado a terceiros.

Ficha técnica

Obra: Nova fábrica da JCB
Projetos e gerenciamento de obra: Minerbo-Fuchs
Terraplenagem e drenagem: Schunck
Fundações: Prohidro
Pilares pré-moldados: Premodisa
Cobertura metálica e vedações: Medabil
Pisos, alvenarias, lajes, portas e janelas, acabamentos, jardins, arruamentos: Construcione
Instalações elétricas, hidráulicas, ar-condicionado, facilities, combate a incêndio, automação predial: Qualieng

Fonte: Padrão


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