Gaslub, antigo Comperj, terá obras retomadas

Após nove anos paradas, as obras do Polo Gaslub, anteriormente chamado de Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), localizado em Itaboraí (RJ), serão retomadas, anunciou a Petrobras. A empresa lançou em maio processo de licitação pública para contratação das empresas que vão realizar as obras de conclusão das unidades operacionais do complexo. A construção da planta para produzir lubrificantes e conclusão de unidade de produção de diesel e querosene de aviação.

A retomada do complexo, com redimensionamento do projeto, faz parte do Plano Estratégico 2024-2028 da companhia, que compreende US$ 102 bilhões de investimentos. De acordo com o plano, o setor de refino, que o Gaslub integra, receberá aportes de US$ 17 bilhões. É a segunda área que mais receberá recursos, perdendo apenas para exploração e produção, que terá US$ 73 bilhões.

O projeto do então Comperj foi lançado em 2006, mas as obras no empreendimento começariam apenas dois anos depois.

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Pelas previsões iniciais, o complexo entraria em operação em 2012, com capacidade para processar 150 mil barris diários de petróleo. Mas as obras se arrastaram e acabaram interrompidas em 2015. Nos anos seguintes, houve um encolhimento do projeto, com o descarte da construção da refinaria. Entre 2017 e 2018, a estatal optou por construir apenas uma unidade de processamento de gás natural e finalizar o Projeto Integrado Rota 3. Com as novas diretrizes do governo atual, a Petrobras retomou a ideia inicial de processamento de combustíveis, além de incluir uma planta de produção de lubrificantes. A companhia estuda também construir uma usina térmica em parceria com outros investidores no complexo.

A nova fase do Polo Gaslub está alinhada à estratégia da Petrobras de modernizar o seu parque de refino e oferecer ao mercado produtos com alto valor agregado, conforme salienta o diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França. “A decisão da companhia reforça a estratégia de manter sua atuação com ativos focados na proximidade entre a oferta de óleo e gás e o mercado consumidor.” Já o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Carlos Travassos, destaca que “a modernização do parque de refino, além de aumentar a produção de combustíveis e a qualidade dos lubrificantes, vai inserir a Petrobras nos mais modernos padrões internacionais de produção”.

Entre outros produtos, o polo irá produzir lubrificantes grupo II que utiliza como matéria-prima cargas de gasóleo da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), que serão movimentadas via duto.

A Reduc é uma das maiores do Brasil em capacidade instalada de refino de petróleo. Operando desde 1961, ela é responsável por 80% da produção de lubrificantes e pelo maior processamento de gás natural do Brasil.

Além de se posicionar entre os produtores de óleos básicos lubrificantes de Grupo II, mais avançados, com a implantação da nova planta no Polo Gaslub a Petrobras vai viabilizar o processamento de correntes intermediárias oriundas da Reduc e eliminar restrições operacionais, adequando grande parte das instalações e unidades do antigo Comperj, compatibilizando eficiência e rentabilidade.

O conjunto de unidades terá capacidade aproximada para produzir 12 mil barris por dia (bpd) de óleos lubrificantes de Grupo II, além de 75 mil bpd de diesel S-10 e 20 mil bpd de querosene de aviação (QAV-1), de baixo teor de enxofre.

Que é estratégico para a Petrobras, pois viabilizará o escoamento e processamento de até 21 milhões de m³/dia de gás natural produzido no polo pré-sal da Bacia de Santos e o incremento da oferta de gás natural para o mercado brasileiro, reduzindo a dependência às importações de GNL.

O gerente geral da Gaslub, Candido Luis Queiroz da Silva, destaca a importância do Polo Gaslub também para a região e para o Estado. “Nosso objetivo é produzir biocombustíveis, lubrificantes de Grupo II, diesel S-10, QAV, nafta, GLP e gás natural, além de avaliar outras oportunidades que agreguem valor para a Petrobras, incluindo a petroquímica. Tudo isso promoverá o desenvolvimento social e econômico da região e do Rio de Janeiro, em linha com a visão da Petrobras de diversificação em negócios de baixo carbono e geração de valor.” A estimativa da empresa é que sejam gerados até 10 mil empregos diretos e indiretos durante a fase de execução das obras do complexo.

Água de reuso

Apesar de a Petrobras informar que não há restrição de abastecimento de água para o Gaslub, sendo a demanda atual atendida por outorga vigente, as futuras necessidades serão atendidas por água de reuso, conforme os investimentos que serão feitos em tratamento interno de água e de efluentes.

De acordo com a estatal, esse será o maior projeto de reuso de água em área industrial no Brasil e irá gerar economia de água potável equivalente ao abastecimento de 600 mil moradores da região de São Gonçalo (RJ). A Petrobras assinou contrato para fornecimento de água de reuso com a Aegea, a partir do tratamento de efluentes da Estação de Tratamento de Esgoto de São Gonçalo (ETE-São Gonçalo).

A disponibilização da água de reuso para o Gaslub deve ocorrer no segundo semestre de 2026. A partir de então, a unidade deixará de consumir água potabilizável (água que pode se tornar potável, após tratamento convencional), que poderá ser direcionada para consumo humano. “A implantação do projeto permitirá que os ativos industriais do Gaslub sejam abastecidos por água produzida a partir do esgoto doméstico tratado. Dessa forma, a atividade industrial terá uma fonte inesgotável e sustentável de água”, esclareceu William França.

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Perfil do gerente geral do Gaslub

Candido Luis Queiroz da Silva ingressou na Petrobras em 1985. Antes de ser nomeado como gerente geral da Gaslub, ele exercia, desde 2019, o cargo de gerente geral no Refino. Na Petrobras, desenvolveu carreira gerencial desde 1994, atuando principalmente em áreas de operação e manutenção ligadas ao refino, utilidades e em segurança, meio ambiente e saúde.

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Silva é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Veiga de Almeida e Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
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Pela UFF também tem mestrado em Sistema de Gestão.

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