Não dá para engolir essa história de que, para baixar os juros, os poupadores devam ser os primeiros sacrificados. Certamente haveria outras opções, mas estas poderiam mexer com o grande capital. Daí, a decisão de se forçar – e romper – o lado mais esgarçado da corda.
A sociedade sabe que quem mantém seu dinheirinho na poupança é a parte mais vulnerável da população. – Aqueles que procuram conservar algum recurso para eventualmente adquirir a casa própria, manter o carro, comprar remédios, socorrer os filhos e netos nas horas de sufoco, ou assegurar mínima independência em relação aos familiares, no limiar da velhice. Quem possui muito dinheiro vira as costas para a caderneta.
E, no entanto, são os poupadores pequenos os primeiros para os quais se voltam os mandatários. Fazem aquelas reuniões oficiais artificialmente austeras, douram a pílula, dizem que estão fazendo “o que precisa ser feito” e ainda são elogiados porque tiveram a “coragem da ousadia”. E, os poupadores, não tendo outra saída, nem poder de pressão política para virar a mesa, acabam assimilando os golpes que lhes foram desferidos no rim.
Não há uma ação efetiva contra os manipuladores do grande capital. Os balanços dos bancos mostram o alcance estratosférico da lucratividade que eles conseguem. As taxas de administração têm patamar lá em cima. E se imagina que os juros vão baixar reduzindo o rendimento da poupança pulverizada. Me poupem.
O que se pretende mesmo é fazer com que os poupadores desistam de poupar. Parem com essa história, ao menos por algum tempo, e procurem injetar o seu miúdo dinheiro, que somado tem efeito multiplicador, no consumo desenfreado, na aquisição de badulaques. Ora, estimular ou forçar o poupador a reduzir ou desistir da poupança, é um tiro no pé, no médio ou longo prazo.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira