Alan Fernandes, CEO da Haitong Banco de Investimento do Brasil, acredita que há enorme potencial à infraestrutura se desenvolver no País por meio de project finance. A modalidade tem como principal função acessar fontes de financiamento à iniciativa privada nas concessões e parcerias público-privadas (PPP).
O executivo vê os segmentos de portos, saneamento, gestão de resíduos e mobilidade urbana com oportunidade de buscarem esse tipo de operação para dar-lhes suporte aos negócios.
“O ano de 1996 foi marcado por prazos de financiamento curtos e mercado com capitais restritos. Vinte anos depois mudou muito aqui no Brasil. O modelo diferente de padrão internacional”, lembra Alan dos primeiros passos do Brasil nos leilões de concessão e a realidade hoje, com projetos desenhados para viabilizar a atuação nessa área em longo prazo.
“O modelo atual, de papel menor do BNDES, porém relevante, no financiamento, impulsiona o segmento de project finance”, diz. Ele cita o lançamento de debêntures de infraestrutura como proposta de arrecadação e financiamento de grandes projetos, como alternativa crescente de fonte de recursos.
O Haitong tem atuado na prestação de serviços de inteligência, estudo, análise, viabilidade, fonte de financiamento, parcerias, garantias, modelagem e estruturação financeira, dentro do âmbito do project finance, para diversas empresas, como CGGC (na aquisição da PPP Sistema Produtor São Lourenço), Sterlite Grid, EDP (assessoria nos leilões de transmissão de energia), Autopista Fernão Dias Arteris (debêntures de infraestrutura), Águas do Mirante (estruturação financeira), entre outros.
O Haitong, por pertencer a um grupo chinês, atua fortemente junto as empresas daquele país no Brasil na área de concessões públicas.
Em 2015, o banco havia concluído a aquisição do português Banco Espírito Santo de Investimentos, o que lhe deu capilaridade na Europa e América Latina.
“Há um déficit pesado na infraestrutura no Brasil e a base instalada está deteriorada. Não teve investimentos nos últimos dois anos. Isso tem impacto na produção, no Custo Brasil e nos transportes”, avalia. Porém, ele acha que o grande gargalo das concessões para a iniciativa privada é o risco regulatório. Isso faz com que empresas como a Haitong tenham atenção dobrada nesse item na hora de desenvolver projetos para as empresas.
Segundo ele, o cenário nos últimos quatro, cinco anos inibiu os grupos nacionais que faziam grandes investimentos em concessões. “Mas os estrangeiros viram oportunidade, por outro lado, buscando parceiros aqui nessa área”, analisa.
O CEO explica também que os empreendimentos existentes, mesmo aqueles que exigem investimentos, oferecem menor risco em concessão por que ele, independente das obras, já tem receita. “Aquele que, por exemplo, deve ainda ser construído, possui mais risco por que terá ainda a fase de projeto e obra”, diz.
Sobre a posição dos chineses sobre a infraestrutura no Brasil, Alan Fernandes explica que eles têm visão integrada na área. “Eles olham o caminho logístico, o entorno, a estocagem. Tudo tem que ser interligado para se fechar o negócio”, conta.