Das 18 unidades geradoras da casa de força principal, quatro estão em funcionamento; e das seis unidades geradoras da casa de força complementar, no sítio Pimental, quatro já entraram em operação. Esse é o estágio atual das obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte com capacidade total de 11.233 MW (sendo 11 mil MW no sítio Belo Monte e 233 MW no sítio Pimental). Trata-se da terceira maior hidrelétrica do mundo em capacidade instalada, atrás apenas da chinesa Três Gargantas (20.300 MW) e de Itaipu Binacional Brasil-Paraguai (14.000 MW).
A construção do complexo hidrelétrico no rio Xingu, no Pará, teve início em 2011. No pico da obra, em meados de 2014, o número de trabalhadores no empreendimento chegou a 33 mil pessoas. A expectativa é que o complexo atinja sua capacidade nominal em 2019. A hidrelétrica opera a fio d’água. Depois de mudanças no projeto inicial, os estudos previram a construção de um reservatório relativamente modesto de 503 km², dos quais 228 km² correspondentes à calha do rio Xingu.
A construção do empreendimento – composto pela casa de força principal de Belo Monte, casa de força auxiliar do sítio Pimental, canal de derivação e um reservatório intermediário – se deu em uma região chamada Volta Grande do Rio Xingu, que tem 140 km de extensão e registra um desnível de 90 m, caracterizado por corredeiras.
Os trabalhos desenvolvidos em torno do canal de derivação de 20 km de extensão, com 300 m de largura e 25 m de profundidade, com 28 diques de contenção de variados tamanhos, com altura de até 68 m e extensão máxima de quase 2 mil m, foram um dos maiores desafios que a engenharia brasileira enfrentou em sua história. Com a necessidade de obras de proteção da extensa rede de igarapés para manter a integridade da bacia do Xingu naquele trecho, foram criados sistemas de drenagem independentes e com características próprias, exigindo o desenvolvimento de um projeto de engenharia hídrica rara no mundo — a cargo do consórcio projetista liderado pela Intertechne. Para formar os 20 km de extensão do canal, a movimentação de terra no conduto de derivação chegou a 126 milhões de m³, volume superior ao das escavações executadas na abertura original do Canal do Panamá, que foi da ordem de 95 milhões de m³.
O canal de derivação foi revestido com 4,4 milhões de m³ de rocha processada para o piso e 2,7 milhões de m³ de rocha nos taludes – as rochas atendiam milimetricamente as especificações para que o fluxo de água no canal tivesse a velocidade desejada rumo à casa de força principal. Todo o material usado foi obtido nas escavações na área da hidrelétrica.
A estrutura da casa de força de Belo Monte foi escavada em rocha (migmatitos), onde estão sendo instaladas as 18 turbinas tipo Francis da hidrelétrica. Os migmatitos são rochas da família dos gnaisses, apropriadas às fundações. A hidrelétrica clássica é construída no sítio Pimental, com o desvio do rio, composta de vertedouro e barragem. Esta casa de força auxiliar terá seis turbinas tipo bulbo e a energia
gerada se destina a abastecer Altamira e municípios vizinhos.
CONDICIONANTES ENVOLVEM 146 PROJETOS
O Projeto Básico Ambiental (PBA) e o Projeto Básico Ambiental-Componente Indígena (PBA-CI) de instalação e operação da usina hidrelétrica de Belo Monte se dividem em várias ações ambientais, educacionais, de saúde, habitacional, saneamento, infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento,
fomento ao trabalho e renda e inclusão social. O PBA tem 117 projetos e o PBA-CI, 29. Eles solidificam o extenso programa que materializa a contribuição para o desenvolvimento regional decorrente da construção do complexo hidrelétrico de Belo Monte.
O empreendimento aplicou cerca de R$ 4,2 bilhões, entre 2011 e 2016, em ações do Projeto Básico Ambiental (PBA) da hidrelétrica. Segundo a empresa concessionária Norte Energia, todas as obras que condicionam a licença de operação da usina estão concluídas.
Cerca de 90% das ações do PBA ocorrem em Altamira, e o restante em quatro municípios de influência direta da hidrelétrica(Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu) e seis de influência indireta (Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz e Uruará), todos no Pará. Na área de saúde, a Norte Energia financiou, por exemplo, a construção do novo Hospital Geral de Altamira, com 103 leitos.
O hospital tornou-se o principal da região. São 6 mil m² de área construída. A gestão é da prefeitura. Já em Anapu, a Norte Energia construiu um hospital com 32 leitos. No município de Vitória do Xingu, onde de fato o complexo hidrelétrico está instalado, a empresa entregou o novo Hospital Municipal com 34 leitos para atendimento de baixa e média complexidade. Além disso, a operadora de Belo Monte já construiu 30 unidades básicas de saúde (UBSs) nos municípios da região. As UBSs dispõem de consultórios médico, odontológico e de enfermagem, farmácia, auditório, salas de vacinação e de inalação, central de curativos e banheiros adaptados para pessoas com necessidades especiais, entre outras instalações.
No campo de saneamento, antes das obras de Belo Monte, não existia malha de esgoto instalada em Altamira, e a rede de água da empresa de saneamento do Pará (Cosanpa) alcançava apenas 14% das residências. Assim, a maioria das residências recorria à água de poço raso (típico da Amazônia), mas a proximidade com as fossas comprometia o sistema.
Em Altamira, foi construída uma estação de tratamento de esgoto (ETE) e ampliada a Primeira ETE de Altamira pode levar a cidade à universalização no saneamento estação de tratamento de água (ETA) existente. A ETE tem capacidade de 200 l/s e opera no sistema de fluxo por lodos ativados. Já a ETA tem capacidade para armazenamento de 8 milhões de l. Agora, está sendo feito um trabalho amplo de conscientização para conectar as residências à rede de esgoto.
HABITAÇÃO
Mais de 14 mil pessoas residem nos cinco novos bairros implantados em Altamira para atender a população reassentada e que vivia às margens dos igarapés e do rio Xingu, atingidas pelo reservatório criado pela usina.
Os bairros de Jatobá, São Joaquim, Água Azul, Casa Nova e Laranjeiras hoje estão integrados à área urbana de Altamira, com serviços e comércio próprios. Quadras poliesportivas foram construídas em todos os cinco bairros e possuem 470 m² de área construída coberta. Os espaços poderão ser usados pela comunidade também para eventos sociais e culturais.
Sete novas unidades de educação infantil e ensinos fundamental e médio foram instaladas nos novos bairros de Altamira e irão atender pelo menos 3.400 alunos. As unidades foram entregues para administração dos órgãos do município e do Estado. As escolas representam ampliação de 12% no número de vagas.
Do Projeto Básico Ambiental – Componente Indígena (PBACI) da Usina Hidrelétrica Belo Monte, a Norte Energia entregou oito unidades básicas de saúde em aldeias diversas. Ao todo, segundo a concessionária, serão entregues 34 novas unidades construídas e equipadas até dezembro de 2017, conforme o cronograma de execução do PBA-CI.
As ações de saúde indígena trouxe queda drástica no número de casos de malária nas aldeias da região do empreendimento, com redução de 98,89% dos casos entre 2011 e 2016. A Norte Energia já aplicou aproximadamente R$ 351 milhões nas ações previstas no PBA-CI, atingindo cerca de 3,5 mil indígenas. O projeto abrange ainda, além das ações de saúde, a construção de 34 escolas e projetos para garantia de segurança alimentar como as 39 casas de farinha e 69 aviários, já entregues, 16 pistas de pouso, 470 km de acessos terrestres, além das ações de programas educacionais, de manutenção da cultura e tradições e de fortalecimento institucional, que estão em execução nas comunidades indígenas do Médio Xingu.
A Norte Energia auxilia também os projetos do chamado Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS-X), que visa implementar políticas públicas e iniciativas da sociedade civil nos municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará, Vitória do Xingu e São Félix do Xingu. Ao longo de 20 anos, a Norte Energia deve disponibilizar R$
500 milhões para o Plano.
Fonte: Revista O Empreiteiro