Hidrelétrica vai operar a fio d'água, com reservatório reduzido

Compartilhe esse conteúdo

Depois de quase duas décadas de estudos, o governo realizará, finalmente em 20 de abril, o leilão da usina de Belo Monte, no rio Xingu (PA). A usina deverá produzir 11,2 megawatts. Segundo o edital, o local da obra será designado apenas com "coordenadas de referência", evitando os questionamentos que aconteceram na hidrelétrica de Jirau, em que o consórcio vencedor alterou a localização da obra para 9 km de distância do ponto inicialmente previsto.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que a usina custará R$ 19 bilhões. O preço -teto estipulado para a venda da energia será de R$ 83 por MWh, e o vencedor será o que propuser a venda da energia pelo menor preço. Com início de suprimento em 2016, o prazo de contrato será de 30 anos.

O governo ainda não definiu como será a participação da Eletrobrás no leilão das usinas do rio Madeira: as subsidiárias da Eletrobrás se dividiriam e se associariam cada uma a um consórcio inscrito para participar da disputa; em outro modelo estudado, a Eletrobrás ficaria de fora do leilão e se associaria ao consórcio vencedor.

A hidrelétrica de Belo Monte foi projetada a fio d´agua, submetendo-se ao regime de vazão do rio Xingu, que oscila bastante durante o ano. Para reduzir o impacto ao meio ambiente, o reservatório será relativamente pequeno, com a usina funcionando a pleno carga só na época das cheias, principalmente no primeiro semestre do ano.

Segundo a Eletrobrás, considerando o histórico de vazões do rio Xingu desde a década de 30 até 2003, a futura produção mensal média de Belo Monte deverá variar de 10.361megawatts médios (MWmed) em abril, no pico das chuvas, para singelos 690 MWmed em setembro, no auge da seca.

Isso significa que, entre o teto e o piso, a geração de Belo Monte vai variar 93%. As vazões máximas do rio Xingu ocorrem entre abril e maio, enquanto as vazões máximas no Sudeste e no Nordeste acontecem em fevereiro e março. Assim, quando os reservatórios dessas regiões começam a decair, o do Xingu está subindo.

Com isso, será preferível gerar o máximo de energia no Xingu e guardar água nos outros reservatórios. "Ela permite que se acumule energia nos reservatórios de outras regiões. Esse descompasso é positivo, porque faz a complementação entre Belo Monte e a geração de outras regiões", disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

Fonte: Estadão


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário