Alguns atribuem o baixo desempenho econômico à falta de infra-estrutura estatal. Outros grupos atribuem à política fiscal. O que existe, na realidade, é a falta de eficiência e de criatividade dos gestores.
O governo faz propaganda a cada nova grande central hidrelétrica construída, ao mesmo tempo que não desenvolve campanhas para economia de energia. Uma coisa que me parece óbvia em qualquer país civilizado. Mas aqui não. Aqui o governo comemora não precisar fazer campanhas de redução do consumo. Utilizando esse argumento como um indicativo, um parâmetro que representa nossa capacidade de crescimento e sucesso das políticas públicas de investimento em infra-estrutura.
Dados de 2007 apresentam o cenário da produção de energia hidrelétrica no país, sendo que existiam até a data, 158 centrais hidrelétricas em operação. Hoje existem mais de 13 grandes projetos hidrelétricos em construção nos rios e vales do país, além de uma dezena de projetos buscando licenciamento ambiental, sem colocar neste cálculo as pequenas centrais. E pretende-se retomar o projeto de energia nuclear, com tecnologias ultrapassadas, obsoletas, dos tempos da “cortina de ferro”.
O fato é que a hidroeletricidade, embora considerada energia limpa e renovável, gera um passivo social e ambiental enorme, alagando a vegetação, reduzindo áreas de vida dos animais, chegando à extinção de espécies endêmicas, que aquelas são exclusivas de determinadas áreas. Também desalojando famílias, causando o êxodo forçado do desenvolvimento.
A grande contradição é que temos um grande potencial dos ventos, mas a geração eólica corresponde por modestos 15 parques em todo país e somente um em construção. E uma centena de projetos para serem licenciados.
O lobby das grandes empreiteiras e operadoras do sistema nacional de energia, que fazem forte pressão para liberar seus empreendimentos, passam por cima da legislação vigente e fraudam estudos de impacto ambiental, não consideram a viabilidade ambiental e a biodiversidade local, suas peculiaridades culturais e as populações atingidas. Um mostra da omissão estatal com as populações é expressada nas audiências públicas, que na grande maioria dos casos, são “grandes circos” armados e conduzidos por grupos que têm interesse nos empreendimentos – empreiteiros, políticos locais e outros “canalhocratas de plantão”.
Até quando vamos considerar grandes projetos hidrelétricos como fonte de energia renovável? Até nossos rios não poderem mais correr livremente e esgotar sua capacidade de suporte? Até a inviabilidade de produção agrícola?
Até encher as periferias e zonas marginais das cidades com desabrigados atingidos por barragens? Até o ultimo bolsão de biodiversidade se afogar?
Enquanto construímos mais hidrelétricas, nosso parque produtivo energético opera com apenas 60% de sua capacidade de produção. O sistema de distribuição também tem perdas significativas, além de desperdiçarmos energia no uso doméstico. Hoje demandamos energia para atender exclusivamente a indústria pesada, que paga até 50% a menos o quilowatt-hora em relação nossas casas.
Não necessitamos de mais hidrelétricas.
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Necessitamos de eficiência energética. Necessitamos de Rios Livres de Barragens.
Fonte: Estadão