Se a pesquisa do Ibope encomendada pela Secretaria dos Transportes do Rio de Janeiro estiver correta, o trem de alta velocidade não terá problemas de lotação: 86% das pessoas entrevistadas pelo instituto de pesquisa trocariam outros meios de transportes pela segurança, rapidez e o conforto deste modal. A pesquisa ouviu mais de duas mil pessoas no Rio e em São Paulo, e constatou que 95% delas acreditam que o trem rápido seria a melhor opção de viagem entre as duas cidades.
Segundo o Ibope, a principal mudança proporcionada pelo trem de alta velocidade será o aumento da freqüência das pessoas entre as duas cidades. O secretário de Transportes do Rio Júlio Lopes ficou chocado ao saber que 68% dos paulistas pesquisados ainda não tinham visitado o Estado do Rio, já que são regiões tão próximas. “Só mesmo uma crise de mobilidade pode explicar porque cidadãos que vivem tão perto nunca tenham vindo ao Rio. Certamente o TAV vai agregar demanda e ainda trazer mais desenvolvimento para as duas metrópoles, que concentram grande parte da economia do país”, avaliou Lopes.
Estimativas preliminares prevêem o valor de R$ 120 a R$ 130 na passagem do TAV expresso – sem escalas. No entanto, segundo o Ibope, 55% das pessoas preferem viagens com paradas. Mas o dado mais positivo para o marketing do trem de alta velocidade é que se o trem e o avião tivessem a mesma tarifa, 63% utilizariam a primeira opção, e apenas 35% fariam o percurso pelo ar.
A segurança é outro item relevante na decisão do viajante. Na opinião de 49% dos pesquisados, o TAV é mais seguro que os outros meios de transportes, até mesmo que os aviões, já que o funcionamento do trem não depende de condições climáticas favoráveis. Julio Lopes acrescenta que o trem possui uma das tecnologias mais desenvolvidas em termos de transporte, com raros casos de acidentes nos países em que foram adotados.
A pesquisa
Entre os dias 24 de novembro a 4 de dezembro do ano passado, os pesquisadores do instituto ouviram moradores do Rio e de São Paulo, com idades entre 18 e 65 anos. Pessoas de classes sociais e graus de escolaridade diferentes, e que fazem o percurso por motivos também diferentes. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra.
O cenário previsto pelo Geipot
Em 1998, o Geipot – Grupo Executivo de Integração de Política de Transportes, criado em 1965 com a incumbência de prestar apoio técnico, formular, orientar e executar estudos para o setor de transportes – realizou um estudo que já previa a inclusão de Campinas no corredor do trem-bala Rio-São Paulo.
A proposta, então apresentada, indicava a utilização de um sistema de trens de alta velocidade (TAV) baseado em tecnologia convencional de contato roda-trilho, utilização de linhas exclusivas, vedadas e com proteção contra ruídos; com características de desempenho do sistema (velocidade máxima de 330 km/h); concebido para atuar de forma integrada com metrôs, terminais de ônibus, aeroportos internacionais e terminais ferroviários; traçado em duas vias, em bitola de 1,60, com extensão total de 525 km.
Além disso, previa sistema em três regimes: inter-regional (Pinheiros – Tietê – Barão de Mauá, em 2h25min; somente Tietê – Barão de Mauá, em 2h10min); Serviço Regional (Campinas – Tietê – São José dos Campos, em 1h05min); e Serviço Especial (Barão de Mauá – Galeão, em 8min).
Na ligação Rio-São Paulo estavam previstas oito estações: São Paulo (Tietê), Guarulhos, São José, Taubaté, Resende, Barra Mansa/Volta Redonda, Galeão, Rio de Janeiro (Barão de Mauá). Os trens teriam oito vagões. A extensão seria de 430 quilômetros.
O carregamento de tráfego previa os seguintes valores de passageiros/ano, em 2022, em cada tramo, nos dois sentidos:
O intervalo entre partidas, no horário de pico, seria de 15 minutos e, nos demais horários, de 30 minutos.
Custo previsto para o empreendimento: US$ 7.286 x 106.
A demanda do TAV (60 milhões de passageiros em 2022) seria gerada da seguinte forma:
A taxa interna de retorno (TIR) anual do empreendimento, em 25 anos, foi estimada em 12,3%, na avaliação macro-econômica, e em 6,73% na avaliação micro-econômica.
Os benefícios estimados para a sociedade (em mil US$), decorrentes da implantação do trem de alta velocidade para passageiros, foram os seguintes:
Fonte: Estadão