Infraestrutura retraída

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BR-040, a principal rodovia que corta o Estado de Minas Gerais

Recentes dados divulgados pela Fundação João Pinheiro mostram uma realidade preocupante em Minas Gerais. O Estado apresentou uma queda de 4,9% no PIB no ano passado, desempenho abaixo da média nacional que, por sua vez, sofreu queda de 3,8%. A redução foi acentuada, principalmente, pela retração de 9,1% registrada na indústria. Este é o pior resultado desde 2002.

Em outro levantamento, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em 2014, num ranking de investimentos em infraestrutura em dez países, o Brasil ficou em último lugar, tendo em vista o montante de recursos públicos destinado a obras de saneamento, transporte, energia e telecomunicações. O Brasil alcançou irrisórios 1,47% do PIB, enquanto, empatados em primeiro lugar, Peru e Paraguai aplicaram 11%, seguidos por Índia (8,32%) e Portugal (7,23%).

É lamentável constatar que, historicamente, o Brasil investe pouco em infraestrutura, principalmente quando comparado a países emergentes e com aqueles de infraestrutura consolidada, como os Estados Unidos e Europa.

Paralelamente, estamos vivenciando um dos períodos mais difíceis da história da engenharia nacional, com efeitos perversos: o baixíssimo ritmo econômico e, também, pela atual crise política, elevando o índice de demissões a números assustadores e causando o fechamento de empresas, além de provocar redução histórica no faturamento das mesmas.

Os dados evidenciam a triste realidade e uma constatação de que investimentos em infraestrutura e crescimento do PIB caminham juntos. Quando se investe, o PIB cresce. Com a estagnação, o PIB retrai.

Reitero que Minas Gerais, com a maior malha rodoviária do País, com 31 mil km, merecia melhor atenção dos poderes públicos, com uma gestão voltada para sua preservação e ampliação. Deste modo, é importante afirmar que o principal gargalo logístico do Estado continua sendo as obras rodoviárias. Intervenções nas rodovias BR-381, BR-040 e BR-116 devem ser encaradas com máxima prioridade.

Em meio a esse cenário, em maio do ano passado, o Estado publicou o Procedimento de Manifestação de Interesse para exploração da Rede Rodoviária do Estado de Minas Gerais, incluindo rodovias federais, por meio de concessão comum, concessão patrocinada ou concessão administrativa. Dos mais de 28 mil km de rodovias mineiras ofertadas, o mercado apresentou interesse em explorar apenas 3,8 mil km, deixando em aberto ainda 25 mil km de rodovias, que não podem ser ignoradas.

O governo mineiro deve continuar, juntamente com as empresas da construção, o estudo para moldar e aperfeiçoar esses modelos de concessão e parceria público-privada (PPP) que passam, inevitavelmente, por fundos ou mecanismos garantidores e securitários acessíveis ao maior número de empresas, para ampliação da base econômica, geradora de renda e emprego.

O quadro recessivo instalado, a falta de confiança do empresariado, a inflação crescente, devido à redução da atividade econômica, resultam, consequentemente, em menos recursos para investimentos. Neste contexto, mais uma vez, é necessário lembrar que o que move a economia é a infraestrutura. O setor, assim como o restante do País, está estagnado. Dessa forma, precisamos reativar e investir em novas obras para aquecer a economia e fazer com que o País volte a crescer. Emir Cadar Filho é presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG)

Fonte: Revista O Empreiteiro


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