Com a pandemia do novo coronavírus, uma série de projetos de hospitais, seja temporário (ou de campanha, como chamam) ou permanente, precisaram ser executados em tempo recorde para atender o número crescente de infectados, já que desde o começo do problema sabia-se que a rede hospital existente não seria suficiente para atender a demanda, pela experiência de outros países.
Construção hospitalar é uma especialidade da engenharia reconhecidamente complexa. Suas características impõem multidisciplinaridade na execução de uma estrutura desse tipo. As exigências de trabalho se sofisticam, dependendo da área do hospital, sendo estes os diferenciais com relação às obras de estruturas e ambientes que parecem em princípio padronizadas.
Numa edificação hospitalar, há sistemas e instalações diferentes para cada área, como unidades de terapia intensiva, centros de tratamento intensivo, centro cirúrgico, salas de exames (tomografia, raio x, sangue etc.), quartos de internação, consultórios, áreas comuns, cozinha, serviços e almoxarifado, tudo respeitando rigorosas normas de segurança e limpeza. Nesse aspecto, o comissionamento é etapa crítica.
Transposto esse trabalho para o hospital de campanha, ainda que tenham características construtivas mais simples, seja na parte civil, de montagem e de instalações, vê-se que a tarefa é tão árdua quanto a construção tradicional.
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A questão de prazo também impõe novos desafios.
Os estudos que envolvem o desenvolvimento de hospital de campanha envolvem diversos fatores técnicos e de logística, considerando o local onde serão erguidos.
Basicamente, projetos desse tipo envolvem além dos estudos técnicos de implantação, tendas estruturadas com perfis metálicos com cobertura na maioria das vezes em lona, fechamentos laterais em PVC e pisos elevados.
Leitos e salas são em divisórias modulares em estrutura de alumínio, além de forro, portas, acabamentos e mobiliários.
É preciso ainda a execução de sistema de energização para climatização, cabeamento, conexões, quadros, iluminação, entre outros. Um projeto desses
também deve contemplar a instalação de geradores.
O sistema hidráulico deve atender instalações, banheiros e sistemas de esgoto. Outro item essencial é a instalação de gases medicinais. Containers sanitários têm sido adotados amplamente.
Nessas estruturas, seus projetos contemplam prazos de garantia de quatro meses em diante, dependendo da utilidade do empreendimento póspandemia.
Fiocruz
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), referência internacional em epidemiologia, ergueu hospital para atender casos graves de infectados com coronavírus. A instalação de quase 10 mil m² foi construído em 50 dias e teve participação ativa da RAC Engenharia.
Foram disponibilizados 200 leitos, parte para tratamento intensivo e parte para tratamento semi-intensivo de pacientes com coronavírus.
No local, será também desenvolvido pesquisas para investigar a eficácia de tratamentos para o covid-19, em projeto conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS). A obra custou inicialmente R$ 140 milhões.
O centro hospitalar foi construído como uma expansão do Instituto Nacional de Infectologia, que fica em uma área onde se localiza o complexo da Fiocruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro (RJ). Os recursos são provenientes do Ministério da Saúde e também de doação de empresas, como o Itaú.
Nova Iguaçu
Uma parceria da Usiminas e a construtora Quick House ergueu hospital modular em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ). Foram entregues 300 leitos.
A Usiminas, fornecedora do aço, aprimorou seu sistema de atendimento just-in-time, adequando-o às necessidades da Quick House, responsável pela construção, proporcionando mais velocidade e permitindo a execução em tempo recorde.
Com capacidade para 300 leitos, 120 deles destinados para o atendimento em UTI, o hospital tem 12.800 m² e foi construído no espaço de um aeroclube. Com estruturas modulares, o método construtivo adotado para o hospital empregou paredes autoportantes em aço, com sistema de
construção a seco.
Porto Alegre
O novo Centro de Tratamento de combate ao novo coronavírus, construído de forma anexa ao Hospital Independência, em Porto Alegre (RS), foi entregue em maio após 30 dias de obras.
O hospital contou com um investimento total de R$ 10,4 milhões, sendo que a maior parte realizada por Gerdau e Ipiranga, com R$ 4,2 milhões cada, enquanto o Grupo Zaffari aportou R$ 2 milhões. A Unidade de 60 leitos tem a gestão feita pela Rede de Saúde Divina Providência, por meio do Hospital Independência.
A Gerdau coordenou tecnicamente o empreendimento, forneceu o aço e contribuiu com o seu amplo conhecimento em metodologias ágeis e montagem de estruturas metálicas.
Os leitos foram estruturados a partir da técnica de construção modular, criada pela construtech Brasil ao Cubo, que permite entregar obras em caráter definitivo e com velocidade quatro vezes maior que uma construção tradicional.
Essa técnica consiste na montagem sequencial de módulos individuais, produzidos em fábrica e, depois, instalados no local.
Após a pandemia, a unidade de saúde será entregue para administração da Prefeitura de Porto Alegre e passará a integrar a rede pública de saúde do município.
A Gerdau coordenou tecnicamente o empreendimento, forneceu o aço e contribuiu com o seu amplo conhecimento em metodologias ágeis e montagem de estruturas metálicas.
Os leitos foram estruturados a partir da técnica de construção modular, criada pela construtech Brasil ao Cubo, que permite entregar obras em caráter definitivo e com velocidade quatro vezes maior que uma construção tradicional.
Essa técnica consiste na montagem sequencial de módulos individuais, produzidos em fábrica e, depois, instalados no local.
Após a pandemia, a unidade de saúde será entregue para administração da Prefeitura de Porto Alegre e passará a integrar a rede pública de saúde do município.
São Paulo
A construtech Brasil ao Cubo também atuou na capital paulista. Em 33 dias foi erguido a estrutura para comportar 100 leitos, em área construída de 1.350 m² anexa ao Hospital Municipal M’Boi Mirim, na zona sul de São Paulo. Destina-se ao tratamento a pacientes do coronavírus.
O projeto foi uma integração de esforços entre a Gerdau, a Ambev, o Hospital Israelita Albert Einstein e a Prefeitura de São Paulo. As obras do hospital na capital paulista foram finalizadas no dia 25 de maio.
Além do investimento de R$ 10 milhões, os parceiros colaboraram de diferentes formas durante o projeto. A Gerdau forneceu 100 toneladas de aço, utilizados na estrutura do hospital.
Sistema modular
A Brasil ao Cubo é uma empresa de Tubarão (SC). Por meio de um sistema desenvolvido por ela, módulos são produzidos em seu parque fabril na cidade catarinense e depois interligados na obra onde será erguido o hospital.
Os módulos individuais, atendendo às normas, já saem da fábrica com a parte elétrica, hidrossanitária, tubulações de ar comprimido, revestimentos internos, bacias e louças, e todo aparato necessário para uso hospitalar.
Os apartamentos são entregues ainda pela empresa com aparelhos de ar condicionado, mobília (camas e mesas laterais de apoio), barras de acessibilidade nos banheiros para pessoas com necessidades especiais, lâmpadas de LED, piso vinílico hospitalar, aquecedor solar para a água dos chuveiros e pintura epóxi lavável.
De acordo com especialistas no setor da construção civil, uma obra convencional utiliza cerca de 80 horas de trabalho por cada metro quadrado construído. Já na construção modular adotado pela Brasil ao Cubo, esse índice pode cair para 10 horas por metro quadrado.
A Brasil ao Cubo informa que frentes de trabalho paralelos asseguram a velocidade de montagem das obras. Enquanto uma equipe prepara a infraestrutura (radiers) para receber os módulos no local do hospital, outras se empenham na montagem dos módulos no parque fabril da empresa, incluindo os chassis estruturais de aço, as paredes, teto, pisos, instalações elétricas, hidráulicas e tubulações.
Hospitais permanentes
A MPD Engenharia, especializada em construção hospitalar, concluiu nesse período de pandemia o Hospital de Urgência de São Bernardo do Campo, no Grande ABC, com 220 leitos e totalmente voltado ao tratamento do a covid-19. A empresa também estava executava em fase de finalização o novo Hospital Metropolitano de Salvador, com 320 leitos, que também seria, quando inaugurado, direcionado integralmente ao tratamento da pandemia.