Em seis décadas, um portfólio de inovação tecnológica

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Tudo começou no fim da década de 40, no pós Segunda Guerra Mundial, quando o clima era de reconstrução urgente.

No Brasil, o prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubistchek apostava no desenvolvimento e construiria obras que foram mudando o perfil da capital mineira. Dois amigos do curso de engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, emprestaram um quartinho na casa da família e começaram a trabalhar. Gabriel Andrade e Flávio Gutierrez criaram, naquele pequeno espaço doméstico, em setembro de 1948,uma modesta construtora que, 62 anos depois, seria um dos maiores grupos privados da América Latina, presente em 15 países.

Na década de 1950, a companhia construiu a primeira obra interestadual (a rodovia Rio de Janeiro a Belo Horizonte), depois chegou a outros estados. Participou da construção da rodovia Castelo Branco, no estado de São Paulo, que se tornou referência de engenharia rodoviária. Nos anos 1960, as obras se multiplicaram. A estrada Manaus-Porto Velho, por exemplo, foi um desafio porque lá foram construídos 850 km de estrada em uma região de selva, com chuvas frequentes durante meses seguidos, e sem infraestrutura para os funcionários. Tudo teve que ser criado, desde o desenvolvimento da força de trabalho local até os estudos de equilíbrio ambiental.

Na década seguinte, ampliou a atuação indo para o ramo de hidrelétricas e obras de metrô. Construiu Itaipu-PR, em consórcio; Balbina-AM, Santo Antônio-RO, Simplicio-RJ e outras 24 usinas. Participou da edificação dos metrôs de São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, etc. O primeiro trabalho voltado para geração de energia foi a construção da barrragem de Ibirité(MG), para a Prefeitura do Município de mesmo nome.

A partir da década de 1980, a empresa chegou à Àfrica e Europa. Construiu trechos do metrô de Lisboa e ganhou a licitação para fazer o trecho da estrutura do TAV que ligará Madri a Lisboa, entre outras áreas e países de atuação. A empresa lidera também consórcios em Angola, na Líbia, Argélia, Mauritânia e Egito nas áreas de barragens, infraestrutura urbana, saneamento e obras viárias.

Nos anos 1990, a Andrade Gutierrez amplia seu perfil investidor e adquire participações nos setores de telecomunicações e concessões. Além da atuação em rodovias, aeroportos e saneamento, em 2006 entrou no segmento de energia elétrica. Comprou 30% das ações da Centrais Elétricas de Minas Gerais(Cemig) e tem outras participações societárias em empresas estaduais geradoras e distribuidoras de energia.

Acompanhando a trajetória da empresa nos últimos 35 anos está o presidente da Construtora Andrade Gutierrez, Rogério Nora de Sá, que dá continuidade ao trabalho dos fundadores, e lembra o caminho percorrido: “Comecei na Via Construção, passei pela CR Almeida,depois pela AG Ferrovia e quando comecei a me especializar em túneis já estava na Andrade Gutierrez. Lembro que na construção da Ferrovia do Aço, não existia vocação no Brasil para construir túneis mais extensos em obras de grande porte com prazos pequenos. Fomos atrás de novas tecnologias e vencemos o desafio”, recorda o executivo.

Na entrevista que concedeu à revista O Empreiteiro, Rogério Nora lembra as adversidades vencidas nas últimas três décadas e destaca duas que marcaram a vida da empresa. A primeira foi a construção de um gasoduto em plena selva amazônica: “Ano passado finalizamos para a Petrobras, o trecho Coari-Anamã, do gasoduto Urucu-Coari-Manaus(AM) que foi realizado em duas etapas nas quais entregamos 196 km de linha-tronco e 77 km de dutos de gás. Entre os trabalhos, estão dez travessias submersas de rios e lagos. A que fica sob o rio Solimões, por exemplo, tem 2km de extensão e 100m de profundidade, uma das maiores do mundo. A Andrade Gutierrez importou equipamentos de última geração da Alemanha para entregar a primeira fase do gasoduto, já concluída, que abastecerá Manaus com 5,5 milhões m3 de gás.

A segunda etapa, ainda em execução, aumentará a geração de energia para 7,5 milhões m3 por dia.Para realizar a tarefa foram utilizadas soluções inéditas como a construção de oito balsas em formato H para suportar as escavadeiras de 25t que foram usadas nas valas submersas. Nos desníveis de água utilizamos helicópteros importados da Rússia, França e Canadá que tinham capacidade para transportar cargas de até 10t entre a parte mais alta e a mais baixa do rio.Eles foram muito úteis no transporte de tubulações da linha tronco em locais de difícil acesso. Projetamos e construímos também flutuadores para as mais diferentes necessidades”, recorda.

Outro projeto que exigiu criatividade e busca de novas tecnologias foi a ampliação dos berços 1 e 2 do Terminal de Conteneires do Porto de Imbituba (SC). A região é santuário das baleias Franca que entre julho e novembro ali chegam para reprodução. Após a gestação, as mães aguardam que os filhotes ganhem peso antes de seguir rumo ao mar aberto.

A Andrade Gutierrez contratou um oceanógrafo que estudou como fazer a diminuição do ruído produzido pela cravação das estacas que poderiam prejudicar as baleias. Rogério conta: “A empresa empenhou-se em buscar tecnologias, como experimentos que estão sendo realizados em Hong Kong, que atenuam os ruídos produzidos pelo bate-estaca. Tudo ali foi inovador.

Toda obra traz um desafio, exige novas tecnologias e um constante aprendizado ao longo do tempo. Mas a alegria também é enorme com o êxito no fim do trabalho. Esta obra de Imbituba é um trabalho inédito no Brasil e recebeu o Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental 2010″, finaliza Rogério Nora de Sá.

Fonte: Estadão


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