Juriti: Megaprojeto de R$2,5 BI no coração da Amazônia

Em setembro, uma grande transformação acontecerá no coração da floresta amazônica, mais precisamente em Juruti, a 850 km de Belém (PA). A pacata cidade, com cerca de 35 mil habitantes, que em sua maioria retira o sustento do cultivo da mandioca, da pesca, do extrativismo e da pecuária de subsistência, se transformará na sede de uma das maiores minas de bauxita do mundo. Trata-se do Projeto Juruti, da multinacional Alcoa, que engloba investimentos superiores a R$ 2,5 bilhões em um complexo formado por mina, ferrovia e porto.
Com uma reserva de cerca de 700 milhões de toneladas métricas, Juruti possui um dos maiores depósitos de bauxita de alta qualidade do mundo, necessários para atender à crescente demanda e que também possibilitou a expansão da reinaria da Alumar Consórcio de Alumínio do Maranhão em São Luís-MA. A produção inicial da Mina de Juruti atingirá 2,6 milhões de toneladas métricas por ano.O projeto teve origem em 2000, quando a Alcoa adquiriu a Reynolds Metals e iniciou a prospecção mineral nos platôs Capiranga, Guaraná e Mauari. Na época, foram elaborados Estudos de Impacto Ambiental-EIA e o Relatório de Impacto Ambiental-RIMA. Somente cinco anos depois, em agosto de 2005, foram concedidas as Licenças Prévia e de Instalação, e em junho de 2006, tiveram início as atividades de construção do empreendimento.
Já em 13 de dezembro de 2007, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará concedeu a renovação das Licenças de Instalação de todas as estruturas da mina, abrangendo terminal portuário, rodovia e ferrovia, bem como infraestrutura para lavra e beneficiamento do minério de bauxita. As instalações industriais da área de beneficiamento de bauxita, situadas a cerca de 60 km da cidade, estão sendo erguidas nas proximidades do platô Capiranga, a primeira área a ser minerada.
O terminal portuário terá capacidade para acomodar navios de 75 mil t. O porto está localizado a dois quilômetros do centro do município e fica à margem do Rio Amazonas.
O ramal ferroviário terá aproximadamente 50 km de extensão e operará com 40 vagões, cada um com capacidade de 80 t. Vários trechos serão construídos paralelamente à Rodovia Estadual PA-257, que também ganhará melhorias como asfalto e ciclovias, nos trechos que atravessam áreas habitadas.

Minimizando impactos socioambientais

Desde o início das atividades do empreendimento, várias reuniões preliminares e audiências públicas foram realizadas com lideranças comunitárias, instituições públicas e privadas e outras partes interessadas, em Juruti, Santarém e Belém, das quais participaram até seis mil pessoas. Essas ações deram origem aos Planos de Controle Ambiental (PCAs) e à Agenda Positiva.
São 35 programas que integram os PCAs, abrangendo ações de monitoramentos do clima, ar, ruídos, águas, conservação da flora e fauna, produção de mudas, educação ambiental, atendimento médico-sanitário e educacional, segurança pública, valorização e resgate da cultura local e apoio à elaboração do Plano Diretor do Município de Juruti, entre outras.
A parceria com a comunidade local se estreitou em agosto de 2008 com a instalação do Conselho Juruti Sustentável, formado por três representantes da Alcoa, três do Poder Público e nove da sociedade civil. "O conselho, que tem maioria da sociedade civil, é um espaço de diálogo, de forma a construir soluções para os problemas e resolução de controvérsias. Nos momentos em que as pessoas sentem a ausência do Estado, é um espaço que ajuda a resolver impasses. Quanto mais diálogo, mais chance de o projeto seguir um caminho correto", diz Fabio Abdala, consultor de sustentabilidade da Alcoa.
Além do conselho, o projeto inclui uma parceria com a FGV para a elaboração de indicadores que possam medir o desenvolvimento local e a criação de um fundo financeiro. O objetivo é captar recursos para que a própria cidade, a longo prazo, possa administrá-los e estabelecer suas prioridades. "Os indicadores de sustentabilidade, que serão definidos no segundo semestre, permitirão à sociedade da região monitorar abertamente o desenvolvimento local e definir as suas prioridades de acordo com os resultados", afirma Abdala.
A inovação tecnológica também contribui para mitigar impactos ambientais. O mais competitivo produtor de etanol do mundo, o Brasil passa por uma revolução na área.
Pesquisa de opinião pública realizada pelo IBOPE- Instituto Brasileiro de Opiniões e Pesquisa em Juruti, de 19 de Janeiro a 1º de Fevereiro de 2008, demonstra que a quase totalidade (89%) da população do município encara de forma positiva o empreendimento de instalação da mina de bauxita da Alcoa no local. A maioria absoluta (54%) é expressamente favorável à iniciativa e outros 35% a aceitam e não manifestam restrições.
Além das questões ambientais a segurança no trabalho é outra preocupação constante no desenvolvimento do projeto. Em julho de 2008, os funcionários que trabalham na instalação da Mina de Juruti, em todas as frentes de obra, alcançaram a marca de 20 milhões de homens-horas trabalhadas sem incidentes com afastamento.O número reflete a política de gestão de segurança do empreendimento, superando parâmetros em segurança nacional e internacional.

Fonte: Estadão

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