Fora isso, a primeira notícia que leio no ano sobre o acelerador vem permeada de “prenúncios apocalípticos”, algo como “o fim do mundo está chegando”, “cientistas vão criar buraco negro que pode destruir nosso planeta”. É fantástico como certos jornais gostam de publicar matérias deste tipo, que servem apenas para discriminar a ciência e fazer proliferar as paranóias supersticiosas, informar que é bom, nem pensar.
A sigla usada para identificar a máquina é LHC que significa Large Hadron Collider (Grande Colisor de Hádrons). Os hadróns do nome correspondem às partículas que possuem força nuclear forte, essa é a força que mantém prótons e nêutrons ligados, já a força nuclear fraca permite por exemplo que elétrons não permaneçam ligados a estrutura atômica. O mecanismo de funcionamento dos aceleradores é semelhante ao de sinais de rádio que chegam até nossas antenas. Essas ondas carregam elétrons que por sua vez geram um campo magnético, também chamado de campo eletromagnético. Quando atingem as antenas elas fazem movimentar os elétrons dos átomos das mesmas, que chegam até os aparelhos onde são decodificados e transformados em som e imagem. O mesmo acontece nos aceleradores, a diferença está no poder das ondas de rádio que são emitidas.
O LHC foi construído onde já existia um acelerador desde 1989, o LEP, que é um acelerador de léptons e pósitrons.
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Imagine um túnel a aproximadamente 100 metros abaixo do solo e que descreve uma circunferência de 27 quilômetros, cabe uma cidade dentro desse território. Esse é o espaço compreendido pelo LEP e que agora abarca também o LHC. Só que diferente do LEP, o LHC vai tentar reproduzir os presumíveis fenômenos desencadeados após o Big Bang. Isso será possível porque o acelerador conseguirá fazer com que partículas de prótons e antiprótons choquem-se a uma velocidade de aproximadamente 300.000 km por segundo. Com a colisão das partículas acontece a fragmentação das mesmas e a liberação de uma grande quantidade de energia. O que os cientistas pretendem ver são justamente as partículas que resultam dessa colisão, partículas que não existem mais em nosso universo mas que existiram nos instantes iniciais após o Big Bang.
Essas partículas que os cientistas procuram comprovar a existência são chamadas de partículas fundamentais, dentre elas existe o chamado bóson de Higgs, que também recebe o nome de “partícula de Deus”. Sua existência pode levar a física para mais perto de uma teoria unificada. Será possível também comprovar se no início existia apenas um tipo de força em lugar das quatro atuais que são a força gravitacional, força eletromagnética, a nuclear forte e nuclear fraca.
Alguém pode por fim perguntar para que serve tudo isso. E é uma pergunta muito justa. Na prática o LHC não terá serventia nenhuma, a máquina servirá a ciência pela ciência, é um equipamento de pesquisa, mas um equipamento bem caro, nada comparado ao que se gasta com tubos de ensaio. Mas se olharmos para o que se perde em dinheiro investido com armamento bélico por potências como os EUA, o valor do LHC é irrisório. E o alardear de que existem necessidades mais urgentes, como a fome nos vários cantos do mundo ou crises financeiras deste ou daquele país, não passa de abordagem pra lá de ingênua.
O dinheiro investido em pesquisa científica não desmorona a economia de grandes nações que ainda poderão ajudar os necessitados, se as nações não ajudam é simplesmente porque não se interessam por isso.
Se é preciso protestar (e acho que é), o caminho não é atacando a ciência, mas assumindo uma postura política mais atuante e lúcida, e saber questionar essas ideologias que fingem não ver os problemas sociais.
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Não se esqueçam de que na história da ciência, justamente de onde não se esperava grande coisa, foi que surgiram as maravilhas que hoje ninguém mais consegue viver sem. Descobertas que vão da penicilina ao micro-ondas, do telégrafo ao computador pessoal. As pesquisas no LHC por exemplo, podem (quem sabe) revelar uma forma fácil de produzir anti-matéria em grandes quantidades e de forma contínua e barata, se isso acontecer o problema de energia na Terra estará resolvido.
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Aí outra pessoa pode levantar a questão de que seja possível também descobrir uma nova “arma nuclear”, sim, também é possível, mas esse é um risco necessário, o bom e o mau uso da ciência estão no campo da ética. A mesma pedra lascada usada para a caça como meio de sobrevivência foi também usada para suplantar tribos rivais, isso é da natureza do homem, e para supera-la somente se dedicando a filosofia da moral, eis aí uma necessidade mais do que urgente, e que não custa caro, basta querer fazer.
Quanto ao fim do mundo, sinceramente acho que é uma questão com a qual ninguém tem que se preocupar. Se o LHC for de grande valia para a humanidade, ótimo, todos saem ganhando. Mas se o LHC for realmente a máquina do fim do mundo, então fica aqui o sábio conselho do poeta romano Horácio “Carpe diem quam minimum credula postero”, que significa “aproveite o dia, e confie o mínimo no amanhã”.
Fonte: Estadão