Coluna do MND: Limpar para inspecionar, ou inspecionar para limpar

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Inúmeras obras estão sendo contratadas para renovação de coletores e interceptores de esgotos, na Região Metropolitana de São Paulo. Me envolvi com o tema na metade da primeira década deste século, exatamente nos interceptores da região do MERCADÃO, da cidade São Paulo, para quem não conhece, a região mais antiga da cidade, a algumas centenas de metros do marco zero da cidade, e da famosa catedral da Sé.

Na época a empreiteira responsável pela limpeza de um desses coletores, após algumas noitadas tentando desassorear, me chama para averiguar. Eu proponho o cancelamento do contrato, o menor prejuízo seria o que a parada e o gasto até ali poderiam representar.  A primeira e grande desassoreado foi o equipamento deixado pelo empreiteiro anterior que abandonou o trecho. As imagens a seguir só não são chocantes porque os problemas encontrados na época e alertados pela grande empresa CH2M Hill, a maior empresa de projetos em MND no Mundo (hoje pertencente ao grupo JACOBS), não foram ainda resolvidos. Será que não deveríamos ir com calma agora, e nos planejarmos como o alfaiate (o alfaiate mede três vezes antes de cortar uma, ou seja, planeja 75% do tempo e executa em 25% dele). Alguns coletores depois de 20 anos (vinte anos) das fotos abaixo continuam da mesma forma, ou até colapsaram

Muito bem, agora vem a primeira dúvida:

VAMOS INSPECIONAR PARA LIMPAR ou VAMOS LIMPAR PARA INSPECIONAR?

Em se tratando de Coletores Tronco ou Interceptores, (principalmente de grande diâmetro onde há em função da velocidade, uma possibilidade de um maior assoreamento) que tenham atingido o nível 5 na classificação na NASSCO, com a iminência de colapso, ou ainda que façam parte de projetos de interligação a serem construídos, como é o caso agora, não tenho duvidas de que a ordem é VAMOS INSPECIONAR PARA LIMPAR.

Assim, a forma de inspecionar uma tubulação para avaliar suas condições pode ser otimizada com a inspeção com CAMERA PERISCOPICA onde o profissional, inspeciona já visualmente ao retirar a tampa do PV, e em seguida complementa sua avaliação com a câmera que desce ao nível da tubulação e com potente capacidade de iluminação avança muito em relação ao próximo PV, 70 a 80 m de extensão digamos. A operação ainda pode ser e certamente será ampliada aplicando-se tanto de jusante para montante como ao inverso. As imagens obtidas, darão ao operador do sistema uma ideia bastante melhor dos procedimentos de limpeza que serão requeridos para então após a limpeza inspecionar. Ainda nessa fase, e dependendo do nível de assoreamento, o SONAR é outra ferramenta que o profissional deve utilizar, pois ele permite avaliar a integridade da tubulação e o mais importante, abaixo da lâmina d´água. Neste caso, se completam as informações inclusive com a geometria do coletor, e inúmeras patologias. Mais, ainda poderá ser utilizada a CCTV que pode produzir closes de alta qualidade dessas patologias.

Com esses recursos é possível afirmar: Não entre numa renovação ou interligação sem uma criteriosa avaliação do coletor ou interceptor.

Sérgio A. Palazzo, é engenheiro mecânico, de produção e em fase final de conclusão da Pós Graduação de Saneamento Básico e Ambiental. Diretor da ABRATT da qual foi fundador e é Past Presidente, tendo também atuado por sete anos no Board da ISTT Associação Internacional de Métodos não Destrutivos.


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