Augusto Diniz – Rio de Janeiro (RJ)
Omercado marítimo é visto como grande oportunidade para a empresa de locação de máquinas Locar. Por isso, a empresa faz um investimento de R$ 90 milhões na construção de uma embarcação lançadora de dutos em águas rasas, em profundidade de até 100 m.
O empenho na construção da plataforma flutuante, com 87,5 m de comprimento e 30 m de largura, visa principalmente atender à Petrobras na instalação de dutos de gás e óleo entre plataformas offshore e a costa.
A embarcação ficará pronta até o meio do ano. Há cerca de 300 homens trabalhando na sua montagem eletromecânica, no cais da Locar, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Ela terá três usos básicos: lançar e içar materiais (como os dutos) e alojar até 160 pessoas a bordo (são 5 andares de acomodação na popa).
A plataforma marítima teve o casco, o módulo de acomodação e a base do guindaste construídos em estaleiro no rio Maguari, no Pará.
“Assumir a montagem foi um desafio pois somos nós mesmos que estamos gerindo”, conta Ricardo Alves, diretor marítimo da Locar e idealizador do projeto da embarcação.
Foram utilizados 78 km de cabo elétrico na montagem da plataforma marítima. A embarcação, com 2.800 t, não tem propulsão (para se deslocar, precisa ser rebocada). Há cinco geradores Daihatsu a diesel com 950 KW cada para alimentar as máquinas embarcadas. O guindaste a ser instalado é um Manitowoc de 250 t de capacidade e lança de 47,7 m. Será ainda instalado um guindaste auxiliar com capacidade de 150 t e altura de 42,7 m.
A embarcação conta com extensa área de armazenamento de dutos no convés. Na seção dedicada a preparar as tubulações para serem lançadas em alto-mar, localizada a bombordo da embarcação, existem cabines automáticas de solda, inspeção e revestimento. Dois tensionadores Romacut garantem tensão segura da tubulação no lançamento.
Uma estrutura avançando sob o mar controla a colocação dos dutos na água. Poderão ser usadas na plataforma tubulações de 12 m de comprimento e entre 4 e 24 polegadas. Existe ainda um heliponto na embarcação.
Júlio Eduardo Simões e Ricardo Alves, da Locar
“A opção da Petrobras de processar em alto-mar o petróleo (o chamado FPSO – floating production, storage and offloading) impulsiona as empresas envolvidas em construção pesada a criar a divisão de óleo e gás. Há várias construtoras criando estaleiros e outros serviços para atender ao segmento na costa brasileira”, analisa Ricardo.
Embarcação lançadora de dutos está em fase final de montagem
Mercado
A Locar tem forte atuação em obras de infraestrutura no País. “Está havendo uma retomada gradual. Obras de infraestrutura de dois anos para cá quase pararam. É uma necessidade do País de voltar às obras, porque, senão, acontecerá um colapso”, avalia Julio Eduardo Simões, presidente da Locar.
Plataforma flutuante tem acomodação para até 160 pessoas
A Locar comprou recentemente 500 plataformas aéreas da JLG e Skyjack para atender ao mercado. “A indústria de máquinas (de construção) vendeu como nunca em 2008. Foi um crescimento desproporcional, com as empreiteiras e locadoras comprando máquinas e esperando atender ao mercado, que não avançou muito. Agora está havendo uma depuração. As empresas voltarão a comprar máquinas se tiverem certeza da necessidade”, analisa.
O executivo conta que o mercado de locação de máquinas deve reaquecer porque também está oferecendo preços mais baixos. “Reconhecemos que os preços de locação estavam altos. Resistimos a baixar os preços. Chegamos até a demorar a fazer isso”, revela.
Equipamentos garantem posicionamento correto das tubulações em alto-mar
A empresa calcula, de 2008 para cá, uma redução média de 25% no valor da locação. “O preço caiu com o preço das máquinas”, compara. Julio hoje reclama da concorrência desleal com empresas que importam máquinas usadas sob demanda e não possuem nem sequer um pátio de estacionamento para elas.
A Locar mantém hoje cerca de 2 mil equipamentos para locação, incluindo guindastes e veículos para transportes especiais. A divisão marítima da empresa, criada há cinco anos, tem atualmente 20 barcos em operação, incluindo de apoio, rebocadores, balsa de carga e balsa-guindaste. Seis estão em construção, incluindo a plataforma marítima de lançamento de dutos.
A locadora conta com 2.600 funcionários. O faturamento previsto para este ano é de R$ 630 milhões.
Fonte: Revista O Empreiteiro