Lula admite que petrobras poderá sair do equador

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em Angra dos Reis (RJ), que a Petrobras poderá sair do Equador se a empresa e o governo daquele país não chegarem a um acordo. E o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que a companhia não aceitará se tornar prestadora de serviço nas atividades onde detém atualmente direito de propriedade. Os problemas envolvem a exploração de dois campos de petróleo e um oleoduto da companhia brasileira no Equador, mas tanto Gabrielli quanto Lula avaliam que o conflito é menor do que aparenta."Nós estamos dizendo que não podemos aceitar esse contrato de prestação de serviços", afirmou Gabrielli. Segundo ele, a Petrobras, a estatal Petroequador e o governo daquele país discutem as condições e as "diferenças de interpretação" das atividades no bloco 18. No bloco 31 já houve um acordo, conforme revelou o executivo. Falta resolver ainda "a situação" do óleoduto de óleo pesado, no norte do Equador, no qual a Petrobras atua em parceria com outras empresas. "É uma negociação normal, com conflito de interesses. Mas são negociações que estão em andamento", disse o executivo.

Para Gabrielli, trata-se mais de uma questão de caráter político do que técnico, já que, segundo o executivo, a Petrobras não tem prazo de investimento a cumprir, como diz o governo de Rafael Correa. O presidente do Equador disse no fim de semana que a permanência da empresa brasileira naquele país corre riscos caso não colabore com a revisão das regras locais sobre remuneração de petróleo. O governo local pretende retirar dos atuais contratos de concessão o caráter de propriedade assegurado às empresas que lá atuam e remunerá-las apenas pelos serviços relativos às atividades de exploração.

"Estamos surpresos com as declarações (do governo do Equador). E não vamos comentá-las; nos parece que são declarações mais de caráter interno político do Equador, que não nos compete comentar sobre isso, porque na mesa de negociação não vemos grandes problemas nas negociações com a empresa do Equador", afirmou o presidente da Petrobras. Ao lado de Gabrielli, em entrevista a jornalistas, Lula também minimizou a ocorrência de divergências. "Eu estou convencido que muitas tensões que muitas vezes aparecem são menores do que aparentam". O presidente explicou que o governo brasileiro não vai intervir enquanto houver negociações entre Petrobras e estatal do Equador. "Enquanto estiver a negociação comercial entre duas empresas, é um problema das duas e portanto vão negociar até chegar a bom termo.

Na medida que tiver qualquer implicância política, o Ministério de Minas e Energia e o Ministério de Relações Exteriores vão conversar com o Equador", afirmou Lula. "Se tiver acordo, ótimo. Se não tiver acordo, a Petrobras vai procurar outro caminho e o Equador vai procurar outros parceiros. Estou convencido que na hora entrar na esfera político os problemas vão ser muito menores".

Fonte: Estadão

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