Metodologia engloba Lean Construction e gestão

Nos últimos anos o Brasil viu um crescimento significativo de usinas fotovoltaicas (UFV) e, consequentemente, a energia solar tornou-se a segunda maior fonte de energia no país em 2023, atrás apenas das hidrelétricas (ANEEL, 2023). Devido a grande quantidade de obras de usinas solares, a falta de experiência das construtoras nacionais nesse tipo de serviço e pela particularidade na execução das atividades de uma UFV, os processos executivos tradicionais de outras obras de infraestrutura não se aplicam com qualidade em obras de usinas solares. Deste modo, a Elastri Engenharia criou a METRIS – Metodologia Elastri Solar, com o objetivo de ser uma empresa referência na execução de obras de usinas fotovoltaicas no Brasil.

Como consequência disso, a METRIS foi pensada e dividida em quatro pilares principais: planejamento e execução, engenharia executiva de construção, logística e qualidade just in time. A METRIS é uma metodologia desenvolvida e marca registrada da Elastri Engenharia que foi criada a partir da experiência da empresa em execução de obras solares de grande porte no Brasil.

Esta metodologia visa adaptar conceitos de produção industrial com a indústria da construção tradicional de obras de infraestrutura, levando em consideração os aspectos técnicos, logísticos e geográficos dos projetos solares brasileiros. Nos últimos anos, o mercado de energia renovável mundial e principalmente o brasileiro, presenciou um aumento significativo da geração de energia solar. No início de 2023 a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) informou que a energia solar fotovoltaica ultrapassou a energia eólica e se tornou a segunda maior fonte de energia elétrica no Brasil.

Em um ano, esse crescimento representou cerca de 84% de aumento, passando de 13 GW para 23,9 GW, resultado surpreendente para uma fonte que praticamente não tinha representatividade alguma em 2010. A Elastri Engenharia atua na geração centralizada de usinas fotovoltaicas como construtora desde 2018 e já possui 1018 MWp em usinas fotovoltaicas construídas e 694 MWp em construção, até o final de 2022. Por se tratar de uma modalidade construtiva nova no Brasil e pela grande diferença deste tipo de obra em relação às outras de infraestrutura, a Elastri desenvolveu a METRIS com base nas lições aprendidas de obras anteriores, a fim de alavancar a eficiência da gestão deste tipo de projeto, inserir inovação e tecnologia nos processos construtivos e para treinamento e conhecimento dos colaboradores. Para isso, foram elencados quatro pilares essenciais para o bom andamento de uma obra fotovoltaica, expostos a seguir.

PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO

Devido a grande quantidade de atividades cíclicas, a execução de uma usina solar se assemelha a linha de produção de uma fábrica, diferentemente de outros tipos de obra de infraestrutura, onde a duração das atividades é maior e menos repetitiva. Sendo assim, um planejamento que acompanhe todas as fases do contrato, além de ferramentas que controlam a produção de maneira eficaz, com linguagem simples e assertiva, são essenciais para o engajamento da produção no cumprimento das metas. Para isso, a Elastri implantou metodologias já disseminadas na indústria, como LPS (Last Planner System) e Lean, para aplicação nas obras.

A seguir são apresentadas algumas dessas ferramentas que apresentaram resultado positivo no acompanhamento de obras de usina fotovoltaicas:

 • Cronograma Executivo (horizonte de longo prazo): determinação dos marcos principais e dos pacotes de construção.

• Full Planning (horizonte de médio prazo): detalhamento dos pacotes de construção para três meses, com foco no próximo marco principal a ser atingido.

 • Programação Semanal (horizonte de curto prazo): indicação das metas dos pacotes de trabalho sem restrições a serem executados na semana. Enviado aos Engenheiros de Produção (Civil, Mecânica e Elétrica) e aos Encarregados das frentes de serviço, bem como fixado no painel visual.

 • Reuniões Diárias de Desempenho – Check-in (horizonte de curto prazo): alinhamento realizado pelo engenheiro de produção com os encarregados sobre as metas diárias a serem atingidas e levantamento de possíveis restrições. A reunião ocorre diariamente nas frentes de serviço antes do início das atividades.

 • Reuniões Diárias de Desempenho – Check-out (horizonte de curto prazo): registro da produção diária pelos engenheiros no painel visual e indicação das interferências ocorridas no dia. A reunião ocorre diariamente na sala técnica após as atividades do dia.

• Ferramentas de Controles de Produção: atualizações diárias e semanais de gestões visuais na sala técnica e de dashboards online de acompanhamento da produção das obras. Essas ferramentas de controle têm o intuito de realizar o gerenciamento de atividades de forma colaborativa, acompanhamento de desvios e aderência ao planejamento e análise de indicadores de produtividade, visando compartilhar os resultados obtidos, impactando positivamente na performance dos times.

ENGENHARIA EXECUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Para atender as demandas de projeto e manter a qualidade executiva dos serviços prestados, a Elastri conta com o apoio técnico da Araxá Engenharia, parceiro permanente e estratégico, especialista em projetos de usinas fotovoltaicas. Através desta parceria, são realizadas rotinas de feedbacks entre o setor de Controladoria Técnica da Elastri, responsável pela qualidade e engenharia das obras, e o setor de Projetos da Araxá.

 Além disso, semanalmente ocorrem as reuniões de FAE (Ferramenta de Apoio a Engenharia), onde a obra, a Controladoria Técnica da Elastri, e o setor de Projetos da Araxá fazem um alinhamento sobre as melhores técnicas construtivas e compartilham entre si as lições aprendidas.

LOGÍSTICA

 Em razão da grande quantidade de peças e materiais que circulam no ciclo de montagem de uma usina solar e do elevado custo destes materiais, a Elastri viu a necessidade de aprimorar a metodologia de gerenciamento da logística, para garantir o controle dos materiais no campo e implantar novas tec nologias no canteiro. Desta forma, foi desenvolvido o ElastRIM, um aplicativo próprio para dispositivos móveis, que tem como foco principal a informatização dos processos de recebimento de materiais. Com uma interface simples e intuitiva, o aplicativo implementa melhorias significativas na agilidade, eficiência e diminuição de erros na produção do Registro de Inspeção de Materiais (RIM) pela equipe de logística e inspeção de carga pela equipe de Qualidade. Também foram projetadas áreas para pré-montagem e expedição das peças que compõem o tracker (estrutura onde os módulos são fixados e que ajusta o ângulo das placas de acordo com a posição solar), com a intuito de diminuir o risco de extravio de materiais antes de irem para campo. Além disso, com o interesse de reforçar as práticas ESG dentro da organização, 100% da equipe de pre-montagem de trackers é composta por mão de obra local e feminina.

 Essa prática tem um impacto positivo nas questões sociais da comunidade local onde as obras são executadas que, geralmente, são lugares distantes de grandes centros urbanos e com baixo desenvolvimento socioeconômico. A seguir são apresentados depoimentos de colaboradoras de uma de nossas obras que fazem parte da equipe de pré- -montagem:

QUALIDADE JUST IN TIME

A Qualidade do Produto da Elastri possui como princípios fundamentais a Calibração, Controle Tecnológico e Conformidade do Produto, com o propósito final de construir com controle de qualidade, assegurando nossos serviços e garantias. Para garantir que 100% das plantas solares construídas fossem inspecionadas, foi desenvolvido pelo corpo técnico da empresa o InspecionaFÁCIL, um aplicativo próprio para inspeção de obras solares que visa garantir que a execução esteja de acordo com os requisitos técnicos e normativos, os procedimentos executivos, as especificações técnicas e as instruções de trabalho. As inspeções através do InspecionaFÁCIL acontecem logo após a finalização da atividade. Desta forma, caso alguma execução esteja não conforme, a equipe de qualidade consegue identificar rapidamente e informar o responsável pela execução. As informações podem ser visualizadas em planilha online num formato pronto para fazer impressão.

CONCLUSÃO

 Em síntese, devido ao crescimento de obras de energia solar no Brasil e o interesse da Elastri em ser uma empresa referência nesse tipo de obra, a METRIS foi elaborada para implantar novas tecnologias e metodologias de produção e planejamento, focadas na execução de obras de usinas fotovoltaicas. Como resultado, foi observado:

 • Ganho no controle da obra;

 • Aumento da performance nos KPIs da produção;

 • Otimização nos processos das salas técnicas;

• Maior garantia na qualidade dos serviços executados em 100% da planta final;

• Aumento no poder de gerenciamento das equipes e atividades pelos engenheiros e coordenadores;

 • Maior assertividade no planejamento executivo;

• Otimização nos projetos executivos e aplicação de melhores práticas construtivas de engenharia;

 • Inserção de inovação e tecnologia nos processos. Além disso, a METRIS tem como premissa a melhoria continua e, consequentemente, depois da criação desta metodologia, notou-se que os colaboradores se sentiram incentivados e mais engajados a buscarem novas formas de melhorar processos para atingir as metas do planejamento, diminuir os custos e aumentar a eficiência operacional.

Autores: André Medina da Fonseca, Lenibergue de Melo, Larissa Moraes
Jose, Brendo Santos e Adnael Souza, todos da Andrade Gutierrez.

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