É uma boa notícia, que dispensa rapapés. O metrô de Salvador (BA) entrou em operação, numa fase experimental, no dia 11 último. A rigor, não haveria motivo para a divulgação do evento, com a presença da presidente da República, como se ali estivesse ocorrendo inauguração definitiva. Trata-se da colocação, em funcionamento, de um trecho de 7,3 km de extensão, da Linha 1, entre as estações Acesso Norte e Campo da Pólvora. A linha ainda está inconclusa.
Ora, o caso desse modal de transporte é lastimável. Está em obras há 14 anos. E, somente agora aquele trecho começa a funcionar. Ao longo desse período foram investidos nas obras nada menos que R$ 8,7 milhões. E, durante todo esse tempo, choveram promessas à população de que não demoraria muito para que ela pudesse contar com o esse sistema de mobilidade urbana.
As obras de infraestrutura, com estações pré-concluídas, travessias idem, e a aquisição dos trens realizada, mas com eles abandonadas às intempéries durante anos a fio, tornaram-se lugar comum nas críticas da população. Foi necessário abandonar tratativas anteriores e começar tudo de novo, com a CCR Metrô Bahia assumindo os trabalhos e a administração da linha, para que as coisas ganhassem corpo. Nada disso, no entanto, removerá da memória coletiva o fato de que este é o metrô iniciado e cuja conclusão, absolutamente parcial, só acontece quase década e meia depois. Sejam quais forem as desculpas oficiais, isso não deixa de ser um acinte ao povo baiano.
Tudo ali é inconcluso, senão vejamos. As estações do Bom Juá e Pirajá, que complementariam a Linha 1, só deverão ser entregues – se o for – em janeiro de 2015. E, estima-se que só a partir de abril de 2017, a população local poderá contar com o sistema funcionando por inteiro. Isso poderá significar que, até aquela data, a Linha 2, que seguirá até o aeroporto, estaria concluída.
Ao longo de todo esse período foram graves os prejuízos econômicos e sociais que os prejuízos provocaram na cidade. E, esses prejuízos, não podem ser mensurados apenas com a contabilização dos gastos com a obra física inacabada. Os administradores públicos, responsáveis pelos atrasos, deveriam evitar os rapapés, flexionarem-se e pedir desculpas à população.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira