O Hospital Municipal de Parelheiros, em São Paulo (SP), com cerca de 34 mil m² de área construída e todo moldado in loco, exigiu das duas principais envolvidas na obra – a contratada pelas obras civis, a construtora Planova, e a responsável pelas instalações elétricas, hidráulicas e especiais, a Engemon –, um esforço conjunto, com as instalações sendo montadas no fim de cada execução de laje, para entregar a obra no prazo.
Obra da prefeitura de São Paulo, em um investimento próximo de R$ 200 milhões, o estabelecimento hospitalar irá atender uma das regiões mais carentes de serviço público de saúde da capital paulista, no extremo sul do município. Com entrega prevista para outubro, a obra já ultrapassou 75% de avanço – ressalta-se que a prefeitura é responsável pela instalação da aparelhagem eletromédica em todo o hospital, o que ainda não ocorreu. Em fase inicial de acabamento, a obra está hoje no pico, chegando a reunir 750 trabalhadores – há mais de 150 deles somente envolvidos na montagem.
Os trabalhos começaram em fevereiro de 2015, quando a Planova deu início aos serviços de terraplenagem no terreno de 110 mil m² onde se ergueu o hospital público. Porém, durante a tarefa, a construtora encontrou rocha fraturada no centro da área, não identificada no projeto de terraplenagem, o que fez com que fosse reprogramada a ordem de execução das edificações do complexo.
O hospital localiza-se em terreno acidentado – o bota-fora foi grande, alcançando aproximadamente 200 mil m³ -, e a construção dos seis blocos se dividiu em três níveis de terreno – o local ainda possui um último nível no topo, que será usado como estacionamento de funcionários. Por conta disso, há várias contenções na área, com taludes de 6 m em média, feitos com estaca prancha, placa de concreto e parede atirantada.
Foi no nível intermediário que se encontrou rocha no solo, fazendo com que a construtora tivesse que realizar o desmonte, para executar um novo tipo de fundação diferente do previsto. A fundação dos blocos seria com tubulação, com profundidade média de 7 m, mas nos locais onde se encontrou rocha, foram feitas sapatas.
Para não atrasar o cronograma, a construtora optou por fazer as fundações na medida em que os trechos eram liberados pela terraplenagem (que durou até junho de 2015), e não na ordem antes programada. As obras dos taludes se estenderam até setembro do ano passado, com quatro meses de trabalho, com a estrutura sendo erguida a partir de agosto (a obra da estrutura terminou em fevereiro deste ano).
“A progressão da obra deveria ser de baixo para cima, segundo o planejamento da construtora, mas acabou sendo mudada. A ideia de fazer de baixo para cima era porque o bloco maior (o de número 5) fica embaixo e, daí, seria construído antes, porque o material usado e excedente poderia ser utilizado no restante da execução dos outros blocos. Mas precisou-se fazer tudo quase ao mesmo tempo”, relata o engenheiro Mauro Cunha Fatureto, gestor de empreendimento da Planova.
Assim, na medida em que terminava a laje de qualquer um dos blocos, após a retirada dos escoramentos, entrava a equipe de montagem, lembra a engenheira Josimery Nascimento, responsável pelos sistemas especiais e gerente de obras da Engemon – a empresa ingressou no canteiro em julho do ano passado com a incumbência de fazer as instalações elétricas e hidráulicas, de automação, de rede de gases medicinais, das centrais e de outros mobiliários fixos no complexo.
Obras
Com a edificação toda moldada in loco, as execuções da laje exigiram mobilização logística, já que a usina de concreto ficava em Santo Amaro, há cerca de 20 km. O acesso é difícil a Parelheiros, com ruas estreitas e bastante movimentadas, com 25 caminhões-betoneira fazendo duas viagens ao dia para entrega do concreto, no período de execução das lajes, lembra Mauro. “A concretagem de uma laje começava cedo e ia até a noite”, cita.
O aço chegava cortado, e armaduras eram feitas no canteiro. Pelo menos 150 carpinteiros foram mobilizados para produção das fôrmas para concretagem. Embora no projeto original as divisórias dos banheiros fossem de drywall, a Planova optou em fazê-las de alvenaria, por conta de melhor facilidade de manutenção. Já a divisão dos apartamentos e outras salas foram mantidas em divisórias de drywall.
A Engemon começa o comissionamento das instalações em agosto. Há ainda uma área externa de 26 mil m² a ser pavimentada no empreendimento.
Características
Os seis blocos do hospital têm três pavimentos cada, em média. Os blocos 1 e 2 atenderão internações. O 3 será um prédio administrativo. No bloco 4 funcionará a UTI. Já no bloco 5 ficará o pronto-socorro e centro cirúrgico, com projeto de abrir uma faculdade no subsolo; ele é o maior de todos, com extensa área técnica na sua cobertura. O bloco 6 é o de serviços, com docas de carga, vestiário, restaurante, área técnica geral e necrotério.
O estabelecimento de saúde foi projetado para atender 200 mil pessoas e terá 255 leitos, sendo 38 para obstetrícia; 31 de terapia intensiva (UTI), neonatal, infantil e adulto; nove leitos para ginecologia; 11 salas cirúrgicas, além de leitos psiquiátricos com área de ambulação ao ar livre. Haverá ainda um centro de diagnóstico que oferecerá exames de mamografia, endoscopia, raio X, tomografia, ultrassom e ressonância magnética.
O terreno onde se localiza o hospital é cercado parte por vegetação e a outra por casas muito simples. A prefeitura de São Paulo deverá fazer ainda um amplo trabalho de pavimentação e construção de acessos ao hospital, o que envolve desapropriações.
Foram previstas para o edifício placas solares para aquecimento de água, além de reservatórios para água de reúso da chuva que será utilizada em sanitários e irrigação da área externa. A edificação contará também com um sistema de automação predial que possibilitará o uso racional de energia, água e climatização.
Nesta edificação, durante a montagem, Josimery explica a importância da verificação da classe de tubulação que está sendo usada, que, por norma, deve ser A, e também a qualidade da solda, que precisa ser prata, pois outros tipos de soldas em contato com o oxigênio criam gases nocivos à saúde. “Submetemos as instalações ao processo final de homologação, com oxímetro, garantindo que o ponto de consumo está sendo abastecido com o gás correto”, diz.
Josimery Nascimento avalia que o empreendimento atende diversas normas e padrões de infraestrutura hospitalar, o que tornará o Hospital de Parelheiros um dos mais modernos do País.
Principais volumes
2 mil t de aço
15 mil m³ de concreto
Ficha Técnica – Hospital de Parelheiros, em São Paulo (SP)
Projeto executivo e obras civis: Planova
Instalações eletromecânicas e especiais: Engemon
Sistema de ar-condicionado: Ecotherm