A insuficiência de armazéns é um dos maiores gargalos na produção agrícola. Segundo os especialistas do setor, o Brasil tem apenas 15% dos silos dentro das fazendas, o que prejudica o retorno dos produtores. O Plano Safra 2023/24 aumentou recursos para construção de armazéns, mas a dificuldade com garantias trava o crédito, afirmam produtores rurais.
Maior produtor de grãos do País, o Mato Grosso enfrenta outra safra com falta de armazéns. Segundo os agricultores, o Estado tem estrutura para armazenar menos da metade das 95,4 milhões de toneladas previstas para serem colhidas na safra 2022/23.
Os produtores convivem com outro problema nesta temporada, que é a queda de preços internacionais da soja e do milho. Assim, as notícias de ganhos de produtividade e safras recordes não devem garantir a eles os lucros esperados. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), o preço de venda da saca do milho caiu 39% nos últimos cinco meses, chegando a R$ 26 por saca, contra um custo de produção médio de quase R$ 40.
O início da colheita da segunda safra de milho e o ritmo mais lento de comercialização da soja colhida no verão, devido à queda nas cotações do grão, poderão piorar o quadro. Sem armazéns e silos suficientes, os produtores precisam vender a mercadoria logo após a colheita para abrir o espaço para a safra seguinte.
Quando a cotação dos produtos no mercado fica abaixo do custo da produção, o produtor segura o quanto pode a venda ou fica no prejuízo.
Mas nesse caso não tem onde colocar os grãos.
A estrutura de armazéns no País consegue atender apenas metade da produção nacional de grãos, enquanto nos EUA, por exemplo, há espaço de sobra, com uma capacidade equivalente a 150% da produção local. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) de Mato Grosso, seriam necessários cerca de R$ 10 bilhões em financiamento para equacionar o déficit de armazenagem no Estado.
Para amenizar o problema, o governo federal anunciou que o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) teve aumento no montante de recursos de 81% para construção de armazéns com capacidade de até seis mil toneladas e de 61% para armazéns de maior capacidade. Os juros para esses investimentos variam de 7% a 8,5%. Mas os produtores reclamam da dificuldade com as garantias e do valor dos juros, considerado muito elevado por eles.