Nildo Carlos Oliveira
A previsão inicial era a entrega da obra no dia 28 de fevereiro último. Mas problemas de toda ordem, como invasão de canteiros, obstrução de acessos atribuída a organizações ambientalistas, dificuldade na obtenção de licenciamento e demora nas negociações com tribos indígenas da região – apesar do atendimento a uma série de condicionantes – acabaram emperrando o desenvolvimento natural das obras. Apesar disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não aceitou tais razões como justificativas para o atraso do cronograma.
Belo Monte, no rio Xingu (PA), vai operar a fio d´água. Tem potência instalada de 11.233 MW, mas corre o risco de gerar apenas 4.500 MW em épocas de estiagem na Amazônia, nível de geração considerado muito baixo, se levado em conta o volume de investimentos ali aplicado.
Na época em que a Norte Energia venceu o leilão da concessão da hidrelétrica (abril de 2010), o valor de referência do empreendimento era de R$ 25,8 bilhões. Mas, como as receitas provenientes dos contratos de venda de energia são corrigidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e houve reajuste no período, o valor atualizado do empreendimento é da ordem de R$ 31,5 bilhões.
A obra, em seu conjunto – estruturas e outras instalações distribuídas em quatro sítios e emprego das diversas modalidades da engenharia priorizando a sustentação do meio ambiente mediante uma rede hidráulica de proteção dos igarapés e suas áreas de influência –, se revela uma das mais complexas obras desse tipo no País (ver na OE 542 a matéria O aprendizado com as soluções inovadoras de Belo Monte no Xingu).
Situação das obras civis. Até meados de junho último a situação das obras nos quatro sítios de Belo Monte, antes da mobilização geral para concluí-las, era a seguinte:
• Canal de derivação. Mais de 20% da extensão do canal de derivação, que vai levar água do Xingu para a casa de força do sítio Belo Monte, estava completamente concluída. E haviam sido executados 68,20% do volume total previsto de escavação em solo e 38,16% do volume total de escavação em rocha.
• Diques de proteção. Os 28 diques que estavam em construção, para a formação do reservatório intermediário, continuam evoluindo. Alguns possuem mais de 1.950 m de extensão e perto de 68 m de altura.
• Desvio da segunda fase. A concessionária começou em junho último as obras do desvio da segunda fase do rio Xingu. Em 2011, no início da construção do empreendimento, o curso do rio fora desviado do canal central para um canal lateral entre a Ilha da Barra e a margem direita, para isolar uma área que permitiria a construção da casa de força complementar e os vertedouros, no sítio Pimental, ora em fase de conclusão.
No conjunto, 56% das obras civis são consideradas concluídas.
Montagens eletromecânicas. Já em relação às montagens eletromecânicas, a Norte Energia informa que 12 mil t de equipamentos se encontram instalados. O avanço nesses trabalhos se registra na casa de força principal (Belo Monte) e na casa de força complementar (sítio Pimental). As primeiras quatro unidades geradoras estão com os seus pré-distribuidores instalados e os serviços prosseguem para a instalação das comportas no Pimental.
Dois rotores de 320 t, que são as peças principais das turbinas, foram desembarcados no canteiro no começo deste ano. E, no dia 31 de maio último, a primeira unidade geradora de Belo Monte recebia o estator do gerador, equipamento de 530 t.
A Ponte Transamazônica
Até meados de junho, a concessionária considerava concluído o lançamento das 75 vigas de sustentação da ponte da rodovia Transamazônica (BR-230), em construção defronte da hidrelétrica no sítio Belo Monte. O trabalho foi concluído na segunda semana de maio último e dá sequência à montagem dos tabuleiros da pista, dos quais três se encontram concretados.
A ponte tem 15 vãos de 41 m, 614 m de extensão e 41 m de altura. A estrutura transpõe o canal de fuga por onde as águas, que sairão das turbinas, retornarão ao leito natural do rio Xingu. A conclusão dessa estrutura está prevista para setembro próximo.
Estão concluídas as 32 sapatas e os 32 pilares. As vigas de sustentação começaram a ser lançadas em março e cada uma tem 39 m de extensão por 2,10 m de altura, com peso total de 723 t.
Conclusão
“De forma que estamos dando passos e ações importantes na obra e em toda a sua área de influência”, destaca o presidente da concessionária, Duílio Diniz Figueiredo. “Tanto assim, que o mais novo dos cinco bairros planejados segundo o programa de condicionantes, o Laranjeiras, está com quase todas as 536 casas construídas e com a infraestrutura urbana em fase de conclusão.”
A empresa entregou o Hospital Geral de Altamira, que terá capacidade para 100 leitos. Na fase atual, a empresa finaliza a instalação de equipamentos do novo espaço hospitalar, que será administrado pelo poder municipal.
Nessa caminhada, segundo Duílio Diniz, a geração de energia da UHE de Belo Monte se dará em novembro próximo. Contudo, a primeira máquina do segundo maior sítio, o de Belo Monte, só deverá entrar em operação comercial a partir de março de 2016.
Fonte: Redação OE