Novas LTs tem foco no escoamento das fontes renováveis

Novas LTs tem foco no escoamento das fontes renováveis

Compartilhe esse conteúdo

Os projetos mais recentes de linhas de transmissão (LT) de energia visam ampliar a capacidade de escoamento de energia renovável – solar e eólica, especialmente. Empresas como a Cymi Brasil, pertencente ao conglomerado francês da área de infraestrutura Vinci, está apostando nesse segmento para seus investimentos mais recentes no Brasil. Os novos aportes da companhia somam cerca de R$ 13,2 bilhões.

A Cymi começou suas atividades em 1962 e, em 2021, foi incorporada pelo grupo francês. No ano seguinte, passou a atuar na concessão e construção de linhas de transmissão e subestações. De acordo com a companhia, até o momento, foram construídos mais de 11.500 km de LT e instalados mais de 9.000 MVA em subestações em vários pontos do País. Atualmente, a empresa está presente em 18 Estados, das seis regiões.

“Realizamos também operação e manutenção em linhas de transmissão e subestações, contando com um centro de operação e transmissão moderno e totalmente integrado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), garantindo segurança e automação em nossos sistemas”, revela Michele Guma, gerente de Comunicação e ESG da Cymi Brasil.

Entre os projetos de LT da Cymi estão: Mantiqueira (MG), cujo investimento é de R$ 4 bilhões; Chimarrão (RS) – investimento de R$ 2,7 bilhões; e Pampa (RS), com orçamento de R$ 1 bilhão. Esses três empreendimentos já estão 100% operando, segundo a empresa. Além deles, tem o Dunas (CE e RN), com investimento de R$ 1 bilhão, que está 90% concluído e 50% em operação comercial; Verde (MG), com R$ 3,5 bilhões de aportes e que está em início da operação, aguardando liberação das licenças ambientais; e Buriti (MG), cujo investimento é de R$ 1 bilhão, também aguardando liberação das licenças ambientais para início da operação. “Todas as operações concluídas estão 100% em operação comercial”, frisa Gabriel Zarpellon, diretor de Construção da Cymi Brasil.

“Um projeto desses engloba o licenciamento ambiental e fundiário, projetos de engenharia, implantação, construção e comissionamento. Sendo assim, os maiores desafios hoje em dia são obter as licenças ambientais dentro do prazo e acessar subestações ou seccionar linhas existentes, pois nesse caso é necessário adotar o padrão dos proprietários das instalações”, destaca Guma, comentando sobre os maiores desafios em termos construtivos desse tipo de atividade.

Guma lembra ainda que a Cymi Brasil, além de ser investidora, atua como construtora e realiza seus próprios projetos, podendo ser também operadora, mantenedora e gerenciadora de projetos. “A Cymi é uma empresa que constrói ativos próprios e para terceiros. Para isso, mantém equipe de engenheiros e especialistas com expertise para melhor desenvolvimento dos projetos. Quando os serviços são terceirizados é avaliado caso a caso”, acrescenta a gerente.

“Por razões de Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não podemos informar quem são as empresas fornecedoras que atuam nesses projetos”, pondera Zarpellon, mas o diretor faz questão de destacar que a CYMI prioriza fornecedores locais, sem deixar de abrir espaço para o mercado internacional.

De acordo com Guma, a maioria desses novos empreendimentos é para atender a demanda do setor de energia renovável, interligando Norte, Nordeste e Sudeste ao SIN. “O principal objetivo dessas linhas é melhorar o escoamento de fonte de energias renováveis para grandes metrópoles”, enfatiza. 

Energia renovável é o foco das novas LTs

A conclusão das obras em andamento e o avanço de empreendimentos planejados voltados a distribuir energia renovável, especialmente na região Nordeste, permitirão que um maior volume de geração entre no SIN e possa atender principalmente o centro sul, onde há maior consumo de eletricidade.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a integração das novas linhas de transmissão e subestações possibilitará a elevação da exportação de energia do Nordeste para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte. “Essa é uma oportunidade para aumentarmos o escoamento das usinas fotovoltaicas e eólicas, ainda mais na próxima safra dos ventos que começa em junho e se estende até novembro. O Brasil já conta com uma matriz diversa e estamos no caminho certo”, afirmou, em nota, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi.

A previsão da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é que novas linhas de transmissão já passem a integrar o SIN ainda neste ano. Nos relatórios mais recentes, estava previsto de serem interligadas as subestações Pacatuba, Jaguaruana II, Russas II, no Ceará, e Mossoró IV e Açu III, no Rio Grande do Norte. As linhas de transmissão possuem um total de 480 km de extensão, distribuídos em 230 kV e 500 kV. Já as novas subestações contam com uma capacidade de transformação total de 3.100 MVA. A conclusão dos empreendimentos que fizeram parte do leilão de transmissão de 2018 permitirá que mais energia renovável seja transmitida, aumentando o aproveitamento do potencial de energia limpa e sustentável gerado no Nordeste.

Até novembro do ano passado, segundo o Boletim Mensal de Energia divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), a oferta de energia eólica aumentou em 16% no acumulado do ano. Somente a região Nordeste é responsável por mais de 90% da produção de energia proveniente dos ventos do País, conforme levantamento da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). 

Em dezembro de 2023, a Aneel realizou o maior leilão de transmissão de energia da história. Foram leiloados R$ 21,7 bilhões em linhas de transmissão, representando 4.471 km de extensão, que percorrerão os Estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins. No final de março, a Aneel realizou outro leilão para definir as empresas responsáveis pela construção e manutenção de 6,4 mil km de linhas de transmissão em 14 Estados – Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. A previsão é que sejam investidos R$ 18,2 bilhões em 69 empreendimentos, com a geração de 34,9 mil empregos diretos. 

Nesse leilão foram concedidos à iniciativa privada 15 lotes de linhas de transmissão. Segundo a Aneel, desse total, seis lotes têm investimento previsto superior a R$ 1 bilhão. A Centrais Elétricas do Norte (Eletronorte) arrematou os lotes 1, 3, 5 e 9, para a construção de LT no Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia. A FIP Development Fund Warehouse arrematou os lotes 4, 6 e 14. O Lote 4 é composto por linhas de transmissão nos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, para a expansão da rede básica da área leste da região Nordeste. Já os lotes 6 e 14 são compostos por linhas de transmissão localizadas nos estados da Bahia e Minas Gerais. O objetivo é a expansão do sistema de transmissão da área sul do Nordeste e norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

Os lotes 2, 7 e 13 foram arrematados pela EDP Energias do Brasil. A previsão é de novas linhas de transmissão no Piauí, Tocantins, Bahia e Maranhão, para o escoamento das usinas já contratadas no Nordeste, além de ampliar as margens para conexão de novos empreendimentos de geração e atender ao crescimento da demanda local.

Em maio, a diretoria da Aneel aprovou o edital prévio do segundo leilão de transmissão de 2024. A disputa aconteceu em setembro e previa contratar R$ 3,76 bilhões em investimentos para a construção de 850 km de novas linhas e capacidade de transformação de 1.600 MVA. Esse será o quarto leilão a ser realizado pelo atual governo – duas licitações em 2023 e uma neste ano.

 


Compartilhe esse conteúdo