O futuro nos próximos 50 anos

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Luis Henrique Campos*

Em 1955 o Padre Lebret em seu estudo sobre ações para a industrialização de Pernambuco já destacava a importância estratégica da localidade para a construção do porto e complexo industrial. Passados tantos anos, Suape ganhou uma importância para a economia estadual tal que sua dinâmica é determinante para o desempenho econômico.
O início do século XXI foi marcado por forte política de atração de grandes empreendimentos, tais como a M&G, a Bunge, os estaleiros, a refinaria e a petroquímica. Em estudos realizados pela equipe da Coordenação Geral de Estudos Econômicos e Populacionais (CGEP) da Fundaj, estimou-se que somente o estímulo da construção destas indústrias faria a economia Pernambucana crescer em torno de 2 pontos percentuais acima do crescimento nacional.
Contudo, estes estudos não capturam o principal efeito destes empreendimentos para a economia regional, isto porque não tratam da profunda transformação na oferta que se seguirá à operação das empresas.. Conseguiu-se atrair empresas que são capazes de arrastar um grande conjunto de fornecedores (os chamados efeitos à montante) e, com isto, a RMR terá uma estrutura econômica muito mais completa e complexa até o final da década corrente.
Uma economia com a complexidade que se desenha é capaz de romper com o ciclo vicioso de que somente se atraem investimentos com pesados incentivos. Em outros termos espera-se que a partir da próxima década a dinâmica econômica do estado possa ser mais vigorosa e menos dependente de ações do governo.
Os desafios então já são outros. Aprofundar a qualificação profissional e elevar a inovação tecnológica ampliando a integração universidades empresas são ações que já estão em curso, mas que precisam ser ampliadas. Ao mesmo tempo é preciso descentralizar os investimentos privados para evitar estrangulamentos ainda maiores na infra-estrutura e movimentos migratórios indesejáveis. Isto também vem sendo tratado, apesar de muito timidamente.
Finalmente, o desafio que menos se tem tratado é a necessidade de que estabeleçam ligações de suprimento das empresas entrantes com as já existentes no estado. No passado foram atraídas empresas que se tornaram enclaves na economia estadual, o que reduz drasticamente os efeitos positivos esperados de uma nova empresa.
Com alterações tão grandes na estrutura produtiva é difícil fazer prognósticos confiáveis de crescimento do PIB. Os dados mostram que se pode esperar os seguintes indicadores: i) o estado aumenta a participação no PIB nordestino e brasileiro, principalmente entre 2015 a 2025; ii) a formalização do emprego aumenta a padrões similares ao do sudeste; e iii) o setor de serviços torna-se mais baseado em atividades de alto valor agregado.

*Luis Henrique Campos é coordenador-geral de estudos econômicos e populacionais da Fundação Joaquim Nabuco.

Fonte: Estadão


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