Nildo Carlos Oliveira
Se a vida comum fica difícil sem planejamento, imagine um País que não se planeja, sequer no médio prazo. Se esse governo, desde sua primeira hora, considerasse os imperativos de um planejamento bem elaborado para tocar as obras de sua responsabilidade, em cima da realidade orçamentária e conforme cronogramas estabelecidos e monitorados, as coisas poderiam estar diferentes para os cálculos políticos da presidente Rousseff.
Contudo, houve falhas. E estas partiram do local em que estavam fincadas as suas matrizes: o Ministério do Planejamento. É o que relata matéria publicada recentemente no jornal O Globo. E não deixam de ter razões os signatários da matéria – Gabriela Valente e Eliane Oliveira. Tem havido, naquele ministério, um apagão no planejamento.
Criado para planejar e induzir o crescimento do país no médio e, em especial, no longo prazo, o Ministério do Planejamento naufraga na tentativa de resolver os problemas presentes. Ali, os planejadores deixaram de planejar e tratam de gerenciar, na medida do possível, as obras do Programa de Aceleração do Crescimento. Resultado: ficam tentando controlar o dia a dia das obras, talvez porque imaginem que “o futuro a Deus pertence”.
E não é assim. O comportamento de um órgão de governo, concebido para pensar e planejar, pode até adotar e conduzir medidas conjunturais a cada golpe que receba a partir das chamadas “mudanças estruturais”. Mas não pode perder o rumo do planejamento de longo prazo. Senão, acaba ficando na rotina, indo de uma obra para outra, esgotando-se na incapacidade de olhar o futuro.
Como estamos, estamos mal. O planejamento brasileiro vive um apagão. E de tal modo acostumou-se a não pensar e a não olhar o futuro, que vem cuidando apenas do orçamento. E, olhe lá. O governo do País é um Poder carente de planejamento. E, sem planejamento, corre até o risco de ficar poder.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira