O potencial do VLT como modal “verde”

O potencial do VLT como modal “verde”

 Que tal ter um transporte mais rápido e menos poluente? Para enfrentar a crise econômica e diminuir os inúmeros problemas sociais que o país enfrenta, o Brasil precisa encarar vários desafios. Um dos principais deles que travam a produção e impedem o crescimento econômico no país é a falta de investimento em infraestrutura e transporte público de qualidade. Para modificar esse quadro, alternativas inovadoras que complementem a mobilidade com eficiência e curto prazo se fazem cada vez mais necessárias. Foi pensando nisso que surgiu o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), movido a partir do sistema APS (alimentação pelo solo), em que a energia vem de um terceiro trilho, instalado entre os trilhos de rolamento do veículo. A alimentação ocorre apenas no trecho sob o trem. As composições também têm baterias que recebem energia da rede e podem ser recarregados pela energia absorvida no processo de frenagem do trem. 

 Além disso, ele é silencioso. Esse tipo de sistema reflete diretamente no mundo atual. Afinal, a poluição chega a ser quase nula. Ele também tem destaque no quesito segurança, pois o sistema de alimentação elétrica vem de um mecanismo que impede que o trilho condutor de energia permaneça energizado fora da área de captação de energia do trem, eliminando o risco de choque elétrico mesmo em caso de trilhos molhados. Por todos esses fatores, o VLT é uma das soluções mais interessantes para mobilidade.

VLT NA BAIXADA SANTISTA

 A operação do VLT da Baixada Santista em S. Paulo teve seu início em abril de 2015. São 11,5 km, que ligam o Terminal Barreiros, em São Vicente, à Estação Porto, em Santos. No total são 15 estações, ciclovia e paraciclos. No Terminal Barreiros, os usuários têmà disposição um bicicletário com capacidade para 80 bicicletas. O primeiro VLT elétrico do Brasil é gerenciado pela EMTU e operado pelo Consórcio BR Mobilidade.

 As obras para uma segunda linha na cidade estão em andamento, com previsão de início da operação em 2023. A construção está em fase de remanejamento de interferências, esgoto, drenagem e bancos de dutos. Ela ligará a Linha 1, Barreiros/Porto, ao Terminal Valongo, passando pela região central de Santos, com capacidade para transportar 35 mil passageiros por dia. Serão oito quilômetros de extensão e 14 estações com acessibilidade nas proximidades de locais de interesse público como Mercado Municipal, Poupatempo e Terminal Valongo.

 A Construtora Queiroz Galvão é a responsável pelas obras, bem como montagem das instalações elétricas e hidráulicas. Já os projetos foram elaborados pelo Consórcio SIM RMBS, composto pelas empresas Systra, Opus e Polux. Segundo o diretor de Projetos do Grupo Systra Engenharia e Consultoria Ltda, Alfredo de Souza Queiroz Filho, o VLT, além de ser um importante meio de transporte para a região, irá revitalizar todo seu percurso, unindo bairros ao centro, turismo e trabalho. “Sem dúvida é uma maneira de mostrar como a cidade está evoluída e se preocupa com o bem- -estar da população, uma excelente alternativa para transporte de média capacidade e que está presente nas grandes cidades no mundo inteiro, sendo de fácil e rápida implantação”, disse Alfredo.

INSERÇÃO URBANA E ESTÉTICA DO VLT

 O centro de Santos concentra atividades relevantes do município como serviços públicos, atrações turísticas e profissionais.

 O tradicional é a presença marcante, ele atravessa a área central e principais pontos turísticos da cidade. Ao contrário do trecho Barreiros-Porto, implantado com aproveitamento da faixa ferroviária desativada, o projeto do trecho Conselheiro Nébias foi baseado no compartilhamento do VLT com o sistema viário local.

 Na definição do traçado consolidado foram considerados, ainda, programas, ações e intervenções que a Prefeitura Municipal de Santos está desenvolvendo na área central do município por meio de incentivos fiscais e urbanísticos, com foco na revitalização e no desenvolvimento socioeconômico da região central e na ampliação de seu potencial turístico. Uma dessas ações é o Projeto Alegra Centro, de recuperação e incentivo a novas habitações, e o Projeto de Revitalização do Valongo, com a implantação da linha de bonde e a instalação do Museu do Transporte na antiga estação ferroviária. Está prevista uma profunda transformação nos próximos anos em decorrência destes projetos norteados pelas políticas públicas colocadas em prática pela Prefeitura de Santos, alinhados ao traçado consolidado do VLT.

 A implantação do VLT em vias da área central de Santos prevê ainda a reorganização dos itinerários do bonde e trólebus, com pequenas alterações que vai reduzir os impactos da operação simultânea com a rede aérea do VLT. A preocupação com a Inserção Urbana do VLT no trecho Conselheiro Nébias-Valongo pretende minimizar os impactos no entorno e superar as condições restritivas do projeto, inerentes a áreas de interesse histórico e de preservação. As estações apresentam uma única configuração arquitetônica, em termos de Inserção Urbana, foram implantadas segundo as condições locais ao longo do traçado proposto. Nos passeios e em locais estrategicamente escolhidos do ponto de vista do atendimento, a proposta é reduzir a interferência com edificações de interesse histórico.

 As características construtivas das estações decorrem da definição do modelo funcional e de operação adotado para o sistema VLT, onde vai privilegiar os elementos construtivos para facilitar a circulação dos passageiros, tanto no acesso às linhas quanto em seu interior. A bilhetagem é desembarcada, ou seja, as estações previstas são enclausuradas com acessos pontuais controlados por catracas. Estão previstas portas de borda de plataforma que vai permitir o total controle dos acessos. A proposta é tornar evidente a contemporaneidade da arquitetura das estações, já que elas estão implantadas em áreas centrais onde se concentra o maior número de edifícios de valor histórico e cultural da cidade. Ao mesmo tempo, a concepção dos projetos preocupa em não esconder e não se sobrepor à riqueza do conjunto arquitetônico do centro histórico santista. Assim, as estações são constituídas por um pórtico metálico sem impacto na estrutura urbana local. Os fechamentos laterais são compostos por aletas verticais de vidro, proporcionando a máxima ventilação e transparência.

Rio terá VLTzação e começa do metrô Botafogo à Gávea em 2023

A capital carioca poderá ter 251 km de trilhos e terá o maior sistema de VLT das Américas. Isso porque, a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro anunciou a VLTzação do sistema BRT dentro da estrutura viária da cidade, e, nesse plano, já está previsto a partir do ano que vem, o início da implantação do sistema ligando o metrô de Botafogo à Gávea… No projeto de VLTzação, a Prefeitura vai, ao longo de 15 anos, substituir os veículos dos corredores Transcarioca e Transoeste do BRT pelo sistema VLT.

 Hoje, são 28 km no Centro e no Porto Maravilha. Esse projeto só é viável por causa do investimento realizado na implantação da infraestrutura do sistema BRT. Como todo o sistema viário já está construído, a Prefeitura deixa de gastar no sistema VLT o que já foi investido: R$ 4,5 bilhões na Transcarioca e R$ 2,5 bilhões na Transoeste.

 A partir de agora, a Prefeitura vai investir na adaptação para o novo modal, com trilhos, trens e sistemas. O programa terá investimento estimado em R$ 14,8 bilhões para os três novos eixos: “É um planejamento de longo prazo em que vamos buscar financiamento externo e nada do que foi feito na infraestrutura dos BRTs se perde. Ao contrário, o que foi feito facilita a nossa vida para que esse plano seja factível. Isso ajuda a reduzir os custos. Sem essa infraestrutura já realizada esse plano não seria possível. E não vamos parar nenhum dos planos já anunciados para o BRT. Não vamos deixar de comprar ônibus, fazer as reformas. Tudo o que está previsto para o BRT será cumprido”, afirmou o prefeito Eduardo Paes.

 A ligação Botafogo/Gávea pelo VLT será feita via Parceria Público-Privada, com início da implantação prevista para o primeiro semestre de 2023. Serão 12 km de trilhos e 13 paradas, além de um Centro Integrado de Operação e Manutenção. Também estão previstas melhorias urbanísticas no entorno do traçado, incluindo solução para a drenagem da Rua Jardim Botânico.

A Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) – antiga Cdurp – está à frente do projeto em parceria com a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR). Para o presidente da CCPar, Gustavo Guerrante, investir em VLT é mais que um projeto de transporte de qualidade. “O VLT é um case de sucesso aqui e no mundo. É a transição para um Rio mais sustentável e com um modal aprovado pela população no Centro e no Porto. A última pesquisa apontou 88% de aprovação do VLT”, disse Gustavo.

 O VLT Carioca foi inaugurado em junho de 2016 e funciona 24 horas com 32 trens, atualmente, sendo o tempo máximo de espera entre um trem e outro de 3 a 15 minutos (de acordo com a linha) e capacidade para transportar 300 mil pessoas.

O consórcio VLT Carioca é formado pela CIIS S.A., controlada da CCR (50,31%), Investimentos e Participações em Infraestrutura S.A. – Invepar (21,58%) e Odebrecht TransPort S.A. (13,47%), RIOPAR Participações S.A. (14,40%), Benito Roggio Transporte S.A. (0,22%) e RATP do Brasil Operações, Participações e Prestações de Serviços para Transporte Ltda. (0,02%).

REESTRUTURAÇÃO DO BRT CONTINUA

 Apesar da VLTzação, a Prefeitura anunciou que seguirá com a realização de ações para melhorar os corredores de BRT da cidade. Enquanto planeja a transição dos modais, a Secretaria Municipal de Transportes listou algumas ações realizadas, como: a reabertura de 46 estações; acordo judicial com as empresas de ônibus; retorno gradual de linhas regulares prioritárias; compra de articulados; licitação do sistema de bilhetagem; e sistema sob administração municipal (Mobi-Rio).

 Também seguem no cronograma a entrega das obras do BRT Transbrasil e do Terminal Intermodal Gentileza; a troca de pavimentação do corredor de BRT Transoeste; e a extensa expansão da malha cicloviária da cidade.

Mais de 88 milhões de pessoas já andaram no sistema nesse período

 Desde junho de 2016, o VLT Carioca passou a integrar o dia a dia de quem circula pelo Rio de Janeiro. A nova rede percorre mais de 28 km, com 32 estações e um pátio. O sistema pode transportar até 300 mil passageiros por dia. A Concessionária VLT Carioca é a responsável pela implantação, operação e manutenção do sistema. Inspirado nos bondes que deixaram as ruas nos anos 1960, o sistema faz a conexão entre os diversos pontos de chegada à região central de forma mais ágil e sustentável. 

 Para integrar o Centro e Região Portuária da cidade, o grupo iniciou sua operação às vésperas dos Jogos Olímpicos com a intenção de ser o transporte principal de quem precisa se locomover no entorno. Seis anos e mais de 88 milhões de passageiros transportados, a missão tem sido cumprida. O VLT conta com três linhas em operação, 88% de aprovação, segundo o Instituto Datafolha e leva quase 80% de seu público para deslocamentos de trabalho diariamente.

Além de ser o modal da conexão, é também da sustentabilidade, e que começou a operar no Dia Mundial do Meio Ambiente. O VLT tem a energia elétrica de sua operação vinda de fontes renováveis (usinas eólicas, solares e de biomassa), evitando 8 toneladas anuais de emissões de gases do efeito estufa.

 São seis anos com muitas histórias pra contar e muitos caminhos pra percorrer.

 

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