O sonho da casa própria começa a virar realidade

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A associação desse conjunto de fatores favoráveis colabora para o crescimento há muito tempo esperado dos negócios imobiliários e configura um verdadeiro boom no setor. O crédito imobiliário tem-se tornado atraente, tanto para as indústrias imobiliária, quanto para os agentes financeiros, levando ao aumento do número de pessoas com acesso à casa própria. Para este ano a Caixa Econômica Federal deve cumprir o maior orçamento de habitação de sua história. A previsão de aplicação no crédito imobiliário no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para 2007 é da ordem de R$ 17,4 bilhões, dos quais R$ 12 bilhões em operações com pessoas físicas. Até metade de maio a Caixa havia disponibilizado mais de R$ 5 bilhões, montante 20% superior ao do mesmo período de 2006. Com o aquecimento do mercado imobiliário, foram lançados novos projetos de empreendimentos que, por sua vez, demandam mais financiamento. Assim, empresas incorporadoras e construtoras tiveram que buscar capital e novos investidores e muitas delas resolveram listar suas ações na Bolsa de Valores.

Competição acirrada

De 2004 até maio deste ano 17 empresas do segmento abriram capital na Bovespa. Pequenas e médias empresas, recorrem à estratégia, de formar parcerias específicas, por acharem que as associações são fundamentais neste momento. Outras, optam pela união com as chamadas “grandes” ou migram para outras regiões do País, a exemplo daquelas que abriram o capital. Também existe as que apostam em mercados específicos, nichos diferenciados, onde a concorrência é um pouco mais tranqüila. Vale tudo para não ficar para trás neste momento em que o mercado está acelerado. A incorporadora Patrimônio, que atuava somente em São Paulo, partiu para projetos em Manaus, Fortaleza e Natal, apostando no conceito condomínio-clube da categoria econômica. A intenção da empresa é dobrar o valor geral de vendas (VGV) de 2006, da ordem de R$ 100 milhões. A venda de 50% da construtora carioca CHL, para a PDG Realty – braço imobiliário do Banco Pactual – deu o empurrão necessário para a empresa entrar em novas regiões da capital fluminense, antes focada apenas na zona sul; além de partir para diferentes localidades, como Niteroi e planejar ingresso no mercado paulista. A PDG, além de 50% da CHL, detém 49% da paulista Goldfarb, e 17,3% da Lindencorp, incorporadora da capital paulista que está em expansão para o interior do Estado. Recentemente adquiriu também 100% do controle da Cepisa. Nesta onda de fusões são inúmeros os exemplos. No ano passado, a carioca RJZ foi incorporada à paulista Cyrela. A Abyara Planejamento Imobiliário apostou em parcerias e ampliou sua atuação em diversos segmentos sociais, além de aumentar seu alcance geográfico. Antes, somente 9% dos projetos eram fora de São Paulo e desde o ano passado esse número passou para 36%, com lançamentos em Salvador, Curitiba, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Existem também as empresas que têm porte para abrir capital, mas preferem seguir em outra direção, como a Racional Engenharia. Ela não pretende vender parte de suas ações e nem investir para manter uma empresa aberta, prefere conseguir capital por meio de alianças com fundos imobiliários, como fez em abril com o Banco Pátria, para a construção de um centro de distribuição. Retomada do crédito<b> Os bancos focaram-se na demanda e nos benefícios do setor e com isso quem lucrou foram os clientes, que encontram imóveis nos mais diversos tamanhos e variadas condições de pagamento. Atualmente, existem muitas opções para esse negócio, envolvendo várias instituições financeiras. Abaixo estão alguns exemplos de condições disponíveis de financiamento para imóveis de até R$ 350 mil e financiamento máximo de R$ 245 mil: O Santander Banespa foi o primeiro banco a lançar um plano de financiamento imobiliário com parcelas fixas no Brasil, antes mesmo de o governo autorizar o uso do recurso da poupança – no fim de 2006 – para essa modalidade, que contribuiu para melhorar o planejamento financeiro dos clientes. Hoje, um terço da carteira de crédito imobiliário do banco no Brasil é de financiamento com prestação fixa, por vinte anos, com juros de 14% ao ano. Também oferece ao cliente a possibilidade de escolher um mês para não pagar a prestação, ou seja, o cliente pode pagar onze prestações ao ano. Entre as vantagens disponibilizadas pelo Itaú está a agilidade e prazo de contratação mais rápido: a análise de crédito é realizada em até 24 horas e após a escolha do imóvel o cliente assina o contrato em 15 dias, porém não oferece opção prefixada, como os demais. Trabalha com juros pós-fixados mais TR , de acordo com o valor do imóvel. Já o Unibanco, oferece financiamento diretamente em imobiliárias. O Bradesco reduziu em abril, de 14% para 12,5% ao ano a taxa de juros dos financiamentos imobiliários com prazo de 20 anos e prestações fixas e com isso ampliou a procura pelo modelo. Logo depois, introduziu uma novidade: prazo de 25 anos para imóveis novos e usados enquadrados no Sistema Financeiro de Habitação, avaliados até R$ 350 mil, e alocados na carteira hipotecária, com valor acima de R$ 350 mil. Desde maio o HSBC possui uma gerência só para atender as imobiliárias e oferece um plano com prestação fixa e serviço de despachante que reduz o prazo da operação de 45 para 30 dias corridos. As linhas de financiamento para a casa própria da Caixa Econômica Federal atendem a todas as faixas de renda familiar, possuem pagamentos de até 20 anos e prestações decrescentes. Com recentes medidas tomadas pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em relação às taxas de juros, os juros caíram de 10,16% para 8,66% para financiamentos da faixa especial, destinados às famílias com renda entre R$3,9 mil a R$ 4,9 mil. Assim os empréstimos para casa própria ficaram ainda mais atrativos. A Caixa contratou entre janeiro e maio deste ano R$ 2,130 bilhões em operações de crédito imobiliário com recursos da caderneta de poupança. O dinheiro foi suficiente para viabilizar a construção ou aquisição de mais de 40 mil unidades, sendo responsável por 63% do total das unidades financiadas no País no período. Já o programa de crédito imobiliário que apresenta o maior volume de aplicação é a Carta de Crédito, com recursos oriundos do FGTS. No período de janeiro a 21 de maio de 2007, ele beneficiou um total de 136 mil famílias em âmbito nacional. A vez da classe média<b> Enquanto em outros países o grande filão (80%) é o mercado secundário, ou seja, de imóveis prontos ou usados, aqui no Brasil o tipo de produto negociado na grande maioria
são os novos ou na planta (mercado primário). Na cidade de São Paulo o ritmo de vendas de imóveis novos em fevereiro deste ano, por exemplo, foi o maior desde 1995. Para a direção do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Locação de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), o ciclo virtuoso do setor está sendo comandado pela iniciativa privada e deve durar entre cinco e dez anos. A classe média – com renda entre cinco e quinze salários mínimos – deve ser a maior beneficiada pelos novos recursos de financiamento e onda de investimentos. A expectativa é de que as unidades destinadas a este segmento superem os 40% do total vendido este ano, em comparação aos 30% de 2006. A redução, mesmo que pequena, da taxa de juros (Selic) ajuda no otimismo do mercado, já que melhorou as condições de financiamento para os construtores e ampliou a oferta de imóveis para esta faixa da população. Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), antes o foco era a população de classe alta, mas hoje os negócios mudaram e em 2007 o mercado imobiliário crescerá principalmente para atender à classe média, que tem acesso a recursos do FGTS e de poupança e responde por cerca de 8% do total do déficit habitacional do País. Esta fatia do mercado pode contar ainda com reforço de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No início do ano, o governo anunciou investimentos de R$ 106,3 bilhões para habitação até 2010. Desses, R$ 50,4 bilhões seriam voltados à classe média, com recursos de caderneta de poupança.

Fonte: Estadão


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