O traçado do monotrilho

Compartilhe esse conteúdo

Toda obra de engenharia invariavelmente significa uma interferência profunda no meio urbano e na vida de cada cidadão. E essa interferência será maior ou menor na medida em que esteja ou não acompanhada de um planejamento prévio, se possível, de longo prazo.

A falta de planejamento de longo prazo explica os problemas que começam a aparecer com o anúncio do traçado do monotrilho da linha 17 – Ouro – do metrô, destinado a interligar o aeroporto de Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara. Por mais que a Companhia do Metrô afirme que os efeitos das desapropriações serão mitigados, o fato é que eles não teriam o impacto que se prevê, caso o planejamento tivesse sido elaborado com muita antecedência e, o traçado, viesse sendo divulgado, de modo a prevenir ocupações que hoje são complexidades a serem resolvidas.

Há planejamentos feitos em cima da hora e há planejamentos feitos há longo tempo e, há longo tempo, colocados no fundo da gaveta. São dois problemas ruins.

Todo improviso é danoso e todo engavetamento burocrático deixa, para amanhã, para ser resolvido em condições mais difíceis, um problema que seria fácil de resolver, se para isso tivesse sido analisado e enfrentado no tempo certo.

Sobra razão ao arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis, que ao referir-se ao traçado do monotrilho, disse à imprensa: “Essa linha deveria ter sido planejada antes e previstas as áreas para esse fim”. Resultado da imprevidência: o poder público arcará com despesas maiores, por conta das desapropriações, e os cidadãos ficarão com os prejuízos e sem saber se os seus direitos serão reconhecidos na integralidade.

Sinuosidade

Andam dizendo que a candidata oficial à Presidência da República mudará o discurso, a fim de ganhar os votos dos eleitores contrários à proposta da descriminalização do aborto. E, que tal se a candidata mantiver os pontos de vista de sua convicção? Ter convicções próprias sempre é melhor do que mistificar. Tenho certeza de que o eleitor aceitaria mais a verdade da candidata do que a eventual mentira que ela seja condicionada a dizer a fim de ganhar adesões.

Fonte: Estadão


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário