Oportunidades para as pequenas.

As recentes descobertas do pré-sal, que acenam com promessas de significativas reservas, ressaltaram ainda mais a importância do petróleo dentro da matriz energética brasileira. Nesse sentido, o Rio de Janeiro ocupa posição ímpar, por deter 80% da produção nacional. À primeira vista, um mercado dominado por gigantes, mas que reserva uma infinidade de oportunidades para micro e pequenas empresas, como fornecedoras de produtos ou prestadoras de serviços.

Exemplo disso foram os resultados da rodada nacional da Rio Oil & Gas: R$ 176 milhões em expectativas de negócios para os próximos 12 meses. O resultado foi 76% superior aos R$ 100 milhões negociados na feira de 2006. Vinte e três empresas âncoras, como a Petrobras, e 197 companhias ofertantes fizeram 800 reuniões, pré-agendadas em dois dos quatro dias da feira.

Esse valor é apenas a ponta de uma demanda bem mais ampla, que pode chegar a R$ 5 bilhões em máquinas e equipamentos, segundo a Abimaq. Esse otimismo é o reflexo da primeira Rio Oil& Gás realizada após a descoberta das reservas do pré-sal, que atrairá uma boa parte dos investimentos da Petrobras na região da plataforma continental que vai do Espírito Santo a Santa Catarina. O otimismo é ancorado nas descobertas de alto-mar, que desafiam as atuais turbulências no mercado financeiro.

Em paralelo, a Petrobras explorava a conjuntura inédita na história recente, de um Brasil fortalecido por US$ 205 bilhões em reservas e credor externo líquido, para reafirmar seus planos de expansão. O Plano Estratégico da Petrobras para 2020, previsto para outubro, virá com as primeiras projeções para a produção de óleo e gás do pré-sal na Bacia de Santos.
Terá, ainda uma revisão dos US$ 112,9 bilhões em investimentos previstos até 2015. Além da exploração do petróleo recém-descoberto, os investimentos da empresa já previam a montagem de plataformas, construção de navios, dutos e cinco refinarias, mas precisarão ser significativamente ampliados.

ALERTA

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, no encerramento da feira, chegou a alertar que a capacidade instalada da indústria mundial de fornecedores estava aquém das necessidades da empresa. Em contrapartida, o fato abria espaço para que, com seu imenso poder de compra, a Petrobras e suas parceiras favorecessem a consolidação de um parque industrial no País com vocação global, com intensa participação de pequenas empresas.

À frente de licitações que envolvem 29 navios, mais que a produção das três últimas décadas no País, a Transpetro coordena processo semelhante na indústria naval, em que grandes estaleiros convivem com fábricas de navipeças pequenas, mas altamente especializadas.

Os números da Abimaq confirmam a participação das MPE: 70% dos associados são companhias pequenas e médias.

A participação na Rodada de Negócios promovida pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e pelo Sebrae exigia que a empresa constasse previamente do Cadastro de Fornecedores (Cadfor) da Onip ou dos programas do Sebrae. O cadastramento prévio era para garantir uma qualificação mínima, o que ajudou o aumento dos contratos.

Pela primeira vez, haverá um acompanhamento das negociações entre empresas-âncora e potenciais fornecedores, com análises a cada seis meses. O processo será conduzido pelo Sebrae para ver o que será concretizado em termos de negócios. Um dos projetos da Onip é a formação de um cadastro com sete petrolíferas estrangeiras – Anadarko, Shell, Maersk, Statoil Hydro, Chevron, Devon e El Paso – para a contratação de companhias brasileiras. A intenção é que os integrantes do CadFor integrem o cadastro dessas companhias estrangeiras para contratação de encomendas também fora do Brasil.

Esses exemplos demonstram que não há limites nem fronteiras pré-estabelecidas para os empreendedores que souberem qualificar-se e buscar o apoio certo. Tendo isso claro, será possível superar a visão estreita de que a riqueza do petróleo está nos royalties, impostos e lucros, tão somente.

Indústria global, de competição nos quatro quadrantes do globo, sob condições climáticas e operacionais nem sempre favoráveis, em meio a crescente risco político, o petróleo está associado a turbulências, nas altas ou nas baixas cotações, com ou sem furacões e tsunamis. Exatamente por isso, é um setor particularmente adequado para dar competitividade mundial a nossas indústrias. Na Grécia antiga, origem de nossa civilização, Epicuro ensinava que as tormentas revelam os grandes comandantes. Nada mais atual, nesses tempos de riquezas financeiras que se desmancham no ar, a um clique de um mouse.

Fonte: Estadão

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