Em 1987, em São Paulo (SP), a loja Sears decidiu ampliar suas instalações do Paraíso, onde funciona atualmente o Shopping Paulista. Na ocasião, existia um impedimento sério para isso: em consequência das leis de zoneamento, o prédio, que já possuía dois andares, só teria permissão para construir mais dois andares acima do solo. O plano, entretanto, exigia a construção de mais cinco andares. A única possibilidade aprovada foi uma reforma na estrutura, com a construção de três pavimentos subterrâneos, além dos dois acima da construção.
Assim, após a aprovação da ampliação, a maior dificuldade a ser vencida foi definir um sistema de apoio para a estrutura existente sem que a obra comprometesse o funcionamento normal do prédio.
Pensou-se em se escavar tubulões a céu aberto, fora dos limites da sapata então existente, e a execução de uma viga de transição protendida abraçando os pilares, permitindo a transferência de cargas e a demolição das sapatas. Porém, esta solução seria impraticável, pois prejudicaria a manobra de veículos no estacionamento, pelo número excessivo de pilares próximos, reduzindo o pé-direito livre por causa da enorme viga de transição.
Pensou-se também em cravação de estacas de reação por baixo das sapatas, solução considerada muito difícil de aplicar e arriscada.
A solução encontrada para se possibilitar a ampliação da estrutura foi desenvolvida pelo engenheiro José Ernesto Rudloff Manns, que planejou um escoramento de cada pilar com estrutura metálica provisória, especialmente projetada para esta finalidade, apoiada em tubulões também provisórios fora da área ocupada pela sapata. A carga de cada coluna foi transferida para a estrutura metálica através de macacos hidráulicos, o que permitiu a demolição das sapatas e a construção de tubulão definitivo e seu alargamento na base, na mesma prumada da coluna suspensa. Este tubulão foi projetado com diâmetro maior do que o pilar existente, de forma a envolvê-lo numa extensão suficiente para transformar as estruturas velhas em novas estruturas monolíticas.
A carga de transferência da estrutura então existente para a estrutura metálica provisória era da ordem de 400 tf, significando a força de 100 tf em cada escora metálica inclinada da estrutura provisória, apoiada em “tubulões provisórios”, que seriam retirados após a concretagem dos “tubulões pilares”.
O ousado projeto de ampliação da loja Sears permitiu o seu funcionamento nos 14 meses de obra, enquanto no subsolo os alicerces da estrutura desciam a 20 m de profundidade. Com isso, foi possível se ampliar a área da loja de 30 mil m² para 78 mil m². Foi um empreendimento bastante arrojado para a época e também o seria nos dias de hoje.
Fonte: Revista O Empreiteiro