Os difíceis caminhos pela Bienal do Livro

Uma aventura, ir neste final de semana à Bienal Internacional do Livro, no Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi. Tudo congestionado no acesso ao estacionamento, onde o usuário é esfolado pelo preço abusivo: R$ 25,00. Depois, haja paciência para a incursão pelas ruas atapetadas. Ele tem de bracejar a cada passo, caso não queira ficar imobilizado ou ser arrastado pela onda humana que gravita à porta de cada estande. De início, uma alegria: o interesse pelo livro teria ganho essa força toda, essa motivação toda? Era somente impressão. Os apelos são vários. Desde o anúncio do livro digital, ao teatro montado para atrair o público infantil. O cenário foi desenhado para as celebridades. O escritor que não conseguiu divulgação, seja por esforço próprio, seja por alguma mágica da mídia, é mantido no mais fechado anonimato. Pode até ter produzido obra de relevo, mas, sem mídia, estará condenado ao esquecimento. A oportunidade fica para as celebridades. Até um padre passeou por lá atraindo multidão. Numa esquina, quando tentava escapar à uma barreira humana, dei com uma candidata ao Senado tentando chamar a atenção de eleitores. Por sorte, divisei a indicação da saída. Livro mesmo, só escolhendo solitariamente nas prateleiras dos sebos ou nas livrarias que ainda permitem a consulta feita com silêncio e reflexão.

Alberto Pereira de Castro

Recebi do prezado amigo, o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, a notícia da morte do ex-presidente do IPT, Alberto Pereira de Castro, ocorrida dia 13 último.

"Soube hoje (14) da morte do Dr. Alberto Pereira de Castro, um dos mais destacados personagens da história do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.

Antonio Gramsci se encantaria em seu esforço didático com a cristalina performance de intelectual orgânico do capitalismo industrial brasileiro cumprida pelo Dr. Alberto. – Aquele que sabe que é e gosta de ser.

Um homem extremamente interessante, esteve anos-luz à frente dos que o bajularam por todas essas décadas. Seu maior sofrimento e desespero não eram em razão de seus adversários, mas por conta do incrível nível de mediocridade daqueles que o adulavam e o acompanhavam para recolher as migalhas que sobravam ao chão.

Apesar de meus grandes desencontros com o Dr. Alberto (ainda que com ótima convivência pessoal) tenho plena certeza de que todo esse atual projeto dito de `modernização do IPT´ lhe feria doloridamente em suas íntimas e afetuosas relações com a casa.

Nunca, como superintendente daquele estabelecimento, incluindo todo o período da ditadura militar, e apesar das boas agitações que promovíamos naquela época, ele se valeu dos instrumentos de repressão que tinha à mão e lhe eram sugeridos por sua corte, e nunca perseguiu ou deixou que perseguissem qualquer funcionário por motivos políticos.

Que descanse em paz o velho adversário." –

Álvaro Rodrigues dos Santos

Fonte: Estadão

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