Os maiores túneis pré-moldados do mundo

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Os túneis imersos são raros. Poucos são construídos a cada ano no mundo. Eles consistem de extensas galerias, executados em seções muitas vezes com mais de 100 m de largura, e são transportados sobre a água até a posição em que serão imersos até o fundo para, posteriormente, transformarem-se em passagem subterrânea. Tais estruturas são construídas, em sua maior parte, de concreto armado, com as peças montadas em terra firme e depois unidas dentro da água.

“Enquanto pontes são mais baratas de se fazer, túneis imersos são normalmente construídos em locais onde pontes não seriam possíveis de ser erguidas, por causa das condições do solo ou restrições de espaço às margens, ou ainda necessidade de grande área de navegação na superfície”, explica Jonathan Baber, diretor de projeto da Mott MacDonald e coautor do livro Túneis Imersos.

Em certas condições, túneis imersos podem ser mais baratos do que outros métodos. “Se estiver cruzando um rio entre 0,5 km e 1 km de extensão, um túnel imerso provavelmente terá custo competitivo comparado com o túnel perfurado por causa do custo do TBM (tunnel boring machine)”, conta Baber.

O primeiro túnel imerso foi construído em Boston em 1894. O túnel Michigan Central Railway liga Detroit, nos Estados Unidos, a Windsor, em Ontário, no Canadá, embaixo do rio Detroit, e foi o primeiro túnel imerso para passagem de veículos – ele foi inaugurado em 1910.

Já o primeiro túnel imerso da Europa foi aberto em Roterdã, na Holanda, em 1942. Os holandeses são um dos maiores construtores de túneis imersos do mundo. De acordo com Baber, que também preside o grupo de túneis imersos da Associação Internacional de Túneis, a Holanda possui as condições ideais para a implementação desse tipo de estrutura.

O túnel imerso Busan-Geoje, na Coreia do Sul, é um dos projetos mais ousados nesse segmento. A firma holandesa Strukton Immersion Projects é responsável pela flutuação, transporte e imersão das seções desse túnel.

“O maior desafio foram as ondas. Elas influenciaram durante o trabalho de imersão”, afirma Peter van Westendorp, gerente de projeto da Strukton. “Nós usamos duas plataformas flutuantes e quatro rebocadores para transportar as seções do túnel de 3,2 km do local de construção em terra firme até o site. Nós tínhamos que viajar com as peças durante a noite. Isso levava 10 horas. Na segunda noite fazíamos a imersão, que levava 16 horas cada uma”.

Um outro procedimento nesta obra foi o uso pela Strukton de um submarino. “A imersão era muito profunda. Nós tínhamos todos os tipos de equipamento dentro do túnel, que eram remotamente controlados, como câmeras para acompanhar os trabalhos e medidores de nível. No entanto, se os sistemas falhassem, nós teríamos que trabalhar dentro dos túneis submersos. Nossos técnicos ficaram em um submarino, mas os sistemas funcionaram bem. Assim, nós não tivemos que usá-lo”, relata Westendorp.

Mais recentemente, a Strukton trabalhou em um túnel submerso em Amsterdã, na Holanda. O projeto envolvia a construção de uma nova estação de metrô embaixo da estação central da cidade e uma nova linha de metrô, todas embaixo d’água.

Um novo túnel imerso está sendo construído na China. O complexo viário Hong Kong-Zhuhai-Macao tem 50 km de extensão e consiste de três pontes estaiadas, duas ilhas artificiais e 6,7 km de túnel imerso (quando ficar pronto, este será o túnel imerso mais longo construído no mundo). A obra deverá ser completada em 2016.

Um túnel entre a Alemanha e a Dinamarca atualmente está em fase de projeto e, quando concluído em 2021, deverá ser o mais extenso do mundo. A Fehmarn Belt Fixed Link propôs um túnel imerso de 18 km entre a ilha de Fehmarn, na Alemanha, e a ilha de Lolland, na Dinamarca, que terá em seu percurso estrada para veículos e uma linha de trem. A estrutura diminuirá sobremaneira o tempo de viagem entre Hamburgo e Copenhague. A obra está orçada em US$ 7 bilhões.

A Fehmarn, dona do projeto, pré-qualificou nove consórcios para participar da licitação dos quatro maiores contratos do projeto: galeria norte, galeria sul, acessos e rampas, e dragagem. O leilão deve acontecer em 2014 e as obras serão iniciadas em 2015.

No Brasil

A primeira iniciativa no Brasil de túnel imerso ligará os bairros de Outeirinhos, em Santos, a Vicente de Carvalho, no Guarujá, em São Paulo. A empresa holandesa Royal Haskoning DHV presta consultoria ao projeto executivo da obra.

Orçada em R$ 1,3 bilhão, a obra está prevista de ficar pronta em 2016. A Dersa é responsável pelo projeto.

A opção pelo túnel imerso foi comparada à construção de uma ponte ligando as duas cidades sobre o canal que dá acesso ao porto de Santos, com altura mínima de 85 m. No entanto, uma base aérea próxima, no Guarujá, limita edificações em até 75 m. A melhor opção então passou a ser o túnel imerso.

A estrutura terá 900 m de extensão e respeitará uma profundidade mínima de 21 m, compatível com o projeto de aprofundamento do canal do porto. Ele terá três faixas em cada sentido, com espaço também para o futuro prolongamento de ramal de VLT (veículo leve sobre trilhos) em construção na Baixada Santista.

Fonte: Revista O Empreiteiro


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