Os megaprojetos valem o risco?

Os megaprojetos estão ganhando popularidade no mundo, muitas vezes justificados pela economia de escala. Entretanto, pesquisadores da Universidade de Oxford avaliam que pode ser falsa esta afirmativa, levando em consideração o alto risco de capital investido nesses projetos.

“Se você pode evitar ser grande, faça isso, por que esse é o mais eficiente caminho para evitar riscos”, diz Bent Flyvbjerg, professor do maior programa de gerenciamento da Universidade de Oxford e coautor do livro “Grande é frágil: Uma tentativa da Teoria de Escala” (tradução livre do inglês). A melhor opção é “ter grandes projetos que são uma combinação de pequenos projetos”, adiciona.

Um parque eólico pode ser ampliado de forma “relativamente simples” comparado com uma planta nuclear ou hidrelétrica, ele exemplifica. Entretanto, “uma grande hidrelétrica é binária: é ou não é. Você não pode ter ela 90% concluída”. Assim, em termos de custo, o pesquisador mostra uma significativa diferença entre projetos modulares de energia e uma única grande iniciativa.

Se um projeto aspira a escalabilidade e a resposta é um megaprojeto, provavelmente ele pode ter falhas de análise, avalia Atif Ansar, diretor de programa da escola de negócios da universidade.

Os pesquisadores definem “escalabilidade” como a capacidade de aumentar ou diminuir uma iniciativa, de acordo com a demanda.

Os estudiosos de Oxford avaliam que investimentos em grandes projetos tendem a ser deficitários, por causa de sua longa gestação e implementação até o período de operação.

Como prova a equipe cita 245 grandes barragens construídas em 65 países entre 1934 e 2007, um conjunto avaliado em US$ 353 bilhões, em valor de 2010. Os custos chegaram a mais de 100% de sobrepreço para uma em cada cinco barragens, e 200% de sobrepreço para uma em cada 10 barragens. Os custos extras impediram que quase a metade dos projetos recuperasse seu investimento inicial.

Após a construção, o risco de perdas acumuladas superiores aos ganhos dá “fragilidade ao investimento”. E isso aumenta com o tempo devido aos processos, tais como fadiga do material. Além disso, custos de manutenção ou remoção de instalações obsoletas representam uma grande responsabilidade adicional. “As previsões hoje são suscetíveis de ser tão erradas quanto elas eram entre 1934-2007”, dizem os analistas.

Fonte: Redação OE

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